“Entrei no IOC pela primeira vez no início de 1960 com o objetivo de conseguir algumas cobras com Paulo Buhrnheim, meu colega de faculdade que estagiava na Helmintologia, para o programa de ciências que eu apresentava na TV Tupi. Nessa ocasião eu cursava o primeiro ano do curso de História Natural da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ), tinha meu primeiro emprego como “Auxiliar de Laboratório” do Colégio Anglo-Americano, onde tinha concluído meus estudos, para auxiliar o professor de química nas aulas práticas e teóricas.
Frequentei durante algum tempo o laboratório de Helmintologia, dos pesquisadores Lauro Travassos e João Ferreira Teixeira de Freitas, utilizando as cobras para alguns programas, até que fui dispensada da televisão por terem encontrado no carro do diretor da TV, que tínhamos utilizado para retornar ao Instituto, uma pequena cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena), que tinha escapado da gaiola. Fui então convidada por Travassos a estagiar no laboratório. Pedi demissão do meu emprego no Colégio Anglo-Americano e iniciei oficialmente meu estágio em 20 de agosto de 1960.
Quando completo 50 anos de Instituto e 70 de idade, sinto muito orgulho por ainda fazer parte desta casa. Aqui passei a maior parte da minha vida, tendo vivenciado momentos difíceis e outros muito importantes, como quando o Instituto se transformou em Fundação e eu tive a honra de ser convidada pelo primeiro presidente, Oswaldo Cruz Filho, a ser sua “Assessora Técnica”.
Tenho o orgulho de ter cumprido minha missão, tendo publicado mais de 150 trabalhos, um livro, capítulos de livros e catálogos com novas espécies, gêneros e famílias de helmintos parasitas, principalmente de peixes. Tenho muita satisfação por ter orientado estagiários, bolsistas, mestrandos e doutorandos, formado pesquisadores que hoje pontificam nessa Instituição e que dão continuidade à minha obra assim como eu dei à obra de meus mestres Lauro Travassos e Teixeira de Freitas.
Infelizmente não estarei presente às comemorações dos 110 anos do Instituto por estar na Europa comemorando meus “70”, com meus filhos que lá vivem, mas meu coração e meu pensamento estarão aqui, assim como estiveram diariamente nesses 50 anos.”
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