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No IOC desde 1963, Generval Luciano Batista entrou como motorista, cargo que ocupou durante dez anos. Neste período, retomou os estudos e se formou técnico em Patologia Clínica. Como estagiário, participou da implantação do Centro de Microscopia Eletrônica do Instituto. Luciano, como era chamado, se formou em técnicas de microscopia eletrônica pela equipe alemã no período de 1977-1980. Lotado na Plataforma de Microscopia Eletrônica Rudolph Barth, localizada no Pavilhão Carlos Chagas, Generval faleceu no dia 03 de dezembro de 2013. O servidor dedicou mais de 35 anos ao Instituto Oswaldo Cruz.

“Iniciei aqui em 1963, como motorista. Havia servido ao Exército e lá aprendi a dirigir. Quando dei baixa, tirei a carteira de motorista e fui trabalhar em uma outra firma. Ganhei uma indenização, comprei um carrinho e me tornei taxista. Na época, um tio me avisou que havia uma vaga para motorista na ENSP. Me candidatei e passei a trabalhar com Dr. Edmar TerraBlois. Depois de um certo tempo, fui transferido para a garagem do IOC.

Neste período eu voltei a estudar. Eu só tinha o primário. Fiz ginásio e segundo grau técnico em Patologia Clínica e precisava de estágio. Foi nesta época que conheci a Dra Helene Barbosa, que me indicou para os alemães que montariam o Centro de Microscopia Eletrônica no IOC e precisavam, além dos pesquisadores, de quatro técnicos para levar adiante a implantação. Ela me explicou que se tratava de algo novo e pediu para trazer os documentos para estagiar nesta área. Então, já uma semana depois, fui transferido do setor de transportes para a microscopia eletrônica.

Ajudei a retirar os caixotes com os equipamentos e a montar as máquinas de microscopia eletrônica de transmissão e varredura. Dedicamos os três primeiros meses a este trabalho. Em seguida, iniciamos o treinamento para aprender a técnica de microscopia eletrônica. Depois de um ano, ao final do treinamento, prestamos uma prova prática. A partir daí, já sabia de todos os procedimentos e passei a dar aulas práticas aos estagiários. Inclusive, meu primeiro estagiário, Maurilio José Soares, se tornou pesquisador e atualmente trabalha no Instituto Carlos Chagas, no Paraná.

Como era algo novo aqui, ensinei a técnica para muitos outros pesquisadores do IOC. E uma das situações engraçadas é que quando os chefes de laboratório chegavam para conhecer a microscopia eletrônica, estranhavam minha presença, já que me conheciam do transporte. E ainda brincavam dizendo que de motorista eu passei a ser professor. Com o passar do tempo, fui aprendendo ainda mais. A manutenção de uma das máquinas, por exemplo, que era feita periodicamente por um técnico de São Paulo, passou a ser feita por mim, já que era raro apresentar defeito e o técnico me ensinou como fazer a manutenção.

Retomei meus estudos, porque passei a enxergar a possibilidade de trabalhar dentro dos laboratórios. Depois de cinco anos no IOC, voltei a estudar. Fiz o ginásio e depois fiz o segundo grau técnico. Quando comecei a estagiar, já estava com cerca de dez anos de casa e foi o tempo que fiquei estudando. Me aposentei, aos 51 anos, na microscopia eletrônica, e já tenho mais de 30 anos na área. Hoje, trabalho como terceirizado.

Para mim, o IOC foi e ainda é meu ganha pão. Meu e da minha família. É um trabalho que eu gosto de fazer e me adaptei bem. Faço porque gosto de fazer. Já estou com 66 anos, tenho um bom conhecimento na área e, hoje em dia, tenho muito prazer em ensinar. "



 

 

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