Olympio da Fonseca Filho foi o responsável pela estruturação da antiga unidade de Micologia

No final da primeira década deste século, Henrique Figueiredo de Vasconcellos e Paulo Parreiras Horta introduziram em Manguinhos os primeiros estudos sobre fungos, agentes causais de micoses humanas. Na década seguinte, Carlos Chagas então diretor do Instituto, ciente da necessidade de sistematizar as pesquisas em micologia designou Olympio da Fonseca para a tarefa.

Em 1922, Olympio montava a unidade de micologia e os primórdios da Coleção de Cultura de Fungos com apoio de Antônio Eugênio Arêa-Leão e outros colaboradores. A equipe promoveu estudos sobre taxionomia, biologia, fisiologia e morfologia de fungos, principalmente os agentes causais de micoses humanas e veterinárias.

Com a proibição de acúmulo de cargos, Olympio foi substituído, em 1937, por Arêa-Leão. É dessa época, a denominação da "Secção de Micologia". A partir da década de 40, a Secção passou a contar com colaboradores de grande quilate como Adolpho da Rocha Furtado, Amadeu Cury, Masao Goto e Milton Thiago de Mello que, além de se alterarem na chefia, trouxeram novas linhas de pesquisa como métodos imunológicos de diagnóstico das micoses e citologia, bioquímica e fisiologia dos seus agentes causais.

Espécies de fungos são testadas quanto às suas propriedades para o controle de insetos vetores de doenças tropicais

Em 1942 divulgava-se a notícia de um agente terapêutico poderoso contra infecções bacterianas - a penicilina - fabricada nos Estados Unidos, cuja técnica de produção era mantida em segredo e cuja exportação era proibida por motivos estratégicos decorrentes da 2ª Guerra Mundial. Foi então decidida pelo diretor Henrique Aragão a instalação de uma fábrica-piloto para produzir o antibiótico, a cargo de Arêa-Leão e do químico Humberto Cardoso, que no primeiro semestre de 1943 entregava o produto à população, além de fornecê-lo à Espanha e a outros países.

Em 1980 a antiga unidade, que sofreu um esvaziamento na década de 70, passa a ser designada de Departamento de Micologia.

Ao longo dos anos, o Departamento vem crescendo, sendo atualmente formado por uma equipe de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento em micologia, e tem como atividades básicas contribuir para um melhor conhecimento da biodiversidade fúngica e utilização do seu potencial, desenvolver e aprimorar métodos de cultivo e preservação de fungos, estudar a biomorfologia de Paracoccidioides brasiliensis, fungo causador da paracoccidioidomicose, doença que representa importante problema de saúde pública brasileira, estudar cepas enteropatogênicas e/ou entomopatogênicas passíveis de uso em controle biológico de mosquitos vetores de doenças tropicais, e estudar a micobiota e a colonização de fungos em triatomíneos vetores da doença de Chagas.

As principais linhas de pesquisa do Departamento são: sistemática de fungos filamentosos; conservação ex-situ de fungos; paracoccidioidomicose experimental; controle biológico de vetores de doenças tropicais; atividades biológicas de metabólicos secundários fúngicos.

Aspergillus giganteus Wehmer. Aumento de 100x. Foto: Áurea Maria Lage de Moraes

O Departamento de Micologia conta atualmente com um laboratório - Coleção de Cultura de Fungos -, capaz de desenvolver métodos de caracterização biomorfológica e preservação de fungos, disponibilizando-os para pesquisa, referência e aplicação industrial. O seu acervo representa uma grande riqueza biológica, e há mais de sete décadas vem conquistando prestígio nacional e internacional, prestando serviços nas áreas científica e biotecnológica. Recentemente, a Coleção de Culturas afiliou-se à WFCC-MIRCEN World Data Centre for Microorganisms, sob o número de registro WDCM 720.

LABORATÓRIOS DESTE DEPARTAMENTO :

COLEÇÃO DE FUNGOS