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Ecologia e saúde

Interações ecológicas e doenças transmissíveis foram tema de simpósio
Por Jornalismo IOC15/10/2010 - Atualizado em 10/12/2019

Conservação ambiental, ecologia, saúde pública. Durante três dias, o VII Simpósio em Ecologia: Interações Ecológicas e Doenças Transmissíveis reuniu pesquisadores, estudantes e profissionais da saúde e da ecologia para discutir essas e outras questões associadas à saúde humana e do meio ambiente. O evento surgiu de uma parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - órgão ligado ao Ministério do Meio-Ambiente, o Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz).

Nildimar Honório, pesquisadora do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC e uma das coordenadoras do evento, destaca a importância do simpósio. Estudantes e a comunidade científica tiveram a oportunidade de dialogar e discutir sobre temas importantíssimos, que fazem interface entre a ecologia e a epidemiologia, como determinantes ecológicos de doenças transmissíveis, dinâmica da transmissão da malária e da doença de Chagas na região amazônica, dentre outros, destacou. O evento, segundo ela, foi estimulante para que as novas gerações enfrentem o desafio de compreender os processos de saúde e meio ambiente, proporcionando o reconhecimento destas complexas interrelações e abrindo caminhos para novos saberes.

Para o professor do Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA), colaborador do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC, Ronaldo Figueiró, o evento é de uma certa forma pioneiro, uma vez que a abordagem ecológica pela comunidade científica é um tanto rara. A ideia é gerar outras parcerias e eventos, avaliou.

Pequenos Dráculas brasileiros

Na palestra Ecologia das Agressões por Morcegos Hematófagos e a Transmissão de Raiva na Região Amazônica, o pesquisador convidado e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Wilson Uieda, apresentou a ação dos mamíferos voadores que se alimentam de sangue de animais domésticos como galinhas, cães, gatos, cavalos, porcos e bois, e que podem transmitir o vírus da raiva. Os ataques do morcego da espécie Desmondus rotundus é noturno e acontecem em grande quantidade quando os animais estão dormindo, relatou. A concentração de animais domésticos nas comunidades amazônicas é um prato cheio para esta espécie: é sinônimo de fartura, pois a captura das vítimas torna-se fácil. Estes morcegos, em geral, alimentam-se diariamente com 20 ml de sangue.

O biólogo viveu durante um ano e meio na região da floresta amazônica, entre 2004 e 2005, período de sua pesquisa de campo. Como foi constatado pelo pesquisador, o ataque dos morcegos hematófagos acontece também em moradores do interior da região amazônica e de comunidades ribeirinhas. Estes mamíferos voadores atacam com mais frequência os pés e a cabeça dos humanos que não percebem as mordidas, pois tudo acontece quando estão dormindo, disse Uieda.

As condições de moradia são precárias e algumas casas não possuem portas nem janelas que possam ser fechadas à noite, permitindo a entrada dos animais que também passam pelas gretas que se localizam entre as paredes e o telhado, informou. Ainda, de acordo com o arquivo fotográfico do professor, existem casas que nem mesmo possuem paredes, deixando a população exposta e alvo fácil do mamífero voador. Segundo ele, que trabalhou na Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, o último surto de raiva naquela região ocorreu em 2005.

Se o professor Wilson Uieda tivesse a oportunidade de alertar o maior e mais famoso personagem vampiresco da literatura, com certeza recomendaria Conde Drácula a viver longe da região amazônica, pois a competição por sangue é grande, brincou, completando de forma bem humorada: senão ele poderia ser sangrado pelos morcegos hematófagos.

João Paulo Soldati

15/10/2010

Interações ecológicas e doenças transmissíveis foram tema de simpósio
Por: 
jornalismo

Conservação ambiental, ecologia, saúde pública. Durante três dias, o VII Simpósio em Ecologia: Interações Ecológicas e Doenças Transmissíveis reuniu pesquisadores, estudantes e profissionais da saúde e da ecologia para discutir essas e outras questões associadas à saúde humana e do meio ambiente. O evento surgiu de uma parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - órgão ligado ao Ministério do Meio-Ambiente, o Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz).

Nildimar Honório, pesquisadora do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC e uma das coordenadoras do evento, destaca a importância do simpósio. Estudantes e a comunidade científica tiveram a oportunidade de dialogar e discutir sobre temas importantíssimos, que fazem interface entre a ecologia e a epidemiologia, como determinantes ecológicos de doenças transmissíveis, dinâmica da transmissão da malária e da doença de Chagas na região amazônica, dentre outros, destacou. O evento, segundo ela, foi estimulante para que as novas gerações enfrentem o desafio de compreender os processos de saúde e meio ambiente, proporcionando o reconhecimento destas complexas interrelações e abrindo caminhos para novos saberes.

Para o professor do Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA), colaborador do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC, Ronaldo Figueiró, o evento é de uma certa forma pioneiro, uma vez que a abordagem ecológica pela comunidade científica é um tanto rara. A ideia é gerar outras parcerias e eventos, avaliou.

Pequenos Dráculas brasileiros

Na palestra Ecologia das Agressões por Morcegos Hematófagos e a Transmissão de Raiva na Região Amazônica, o pesquisador convidado e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Wilson Uieda, apresentou a ação dos mamíferos voadores que se alimentam de sangue de animais domésticos como galinhas, cães, gatos, cavalos, porcos e bois, e que podem transmitir o vírus da raiva. Os ataques do morcego da espécie Desmondus rotundus é noturno e acontecem em grande quantidade quando os animais estão dormindo, relatou. A concentração de animais domésticos nas comunidades amazônicas é um prato cheio para esta espécie: é sinônimo de fartura, pois a captura das vítimas torna-se fácil. Estes morcegos, em geral, alimentam-se diariamente com 20 ml de sangue.

O biólogo viveu durante um ano e meio na região da floresta amazônica, entre 2004 e 2005, período de sua pesquisa de campo. Como foi constatado pelo pesquisador, o ataque dos morcegos hematófagos acontece também em moradores do interior da região amazônica e de comunidades ribeirinhas. Estes mamíferos voadores atacam com mais frequência os pés e a cabeça dos humanos que não percebem as mordidas, pois tudo acontece quando estão dormindo, disse Uieda.

As condições de moradia são precárias e algumas casas não possuem portas nem janelas que possam ser fechadas à noite, permitindo a entrada dos animais que também passam pelas gretas que se localizam entre as paredes e o telhado, informou. Ainda, de acordo com o arquivo fotográfico do professor, existem casas que nem mesmo possuem paredes, deixando a população exposta e alvo fácil do mamífero voador. Segundo ele, que trabalhou na Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, o último surto de raiva naquela região ocorreu em 2005.

Se o professor Wilson Uieda tivesse a oportunidade de alertar o maior e mais famoso personagem vampiresco da literatura, com certeza recomendaria Conde Drácula a viver longe da região amazônica, pois a competição por sangue é grande, brincou, completando de forma bem humorada: senão ele poderia ser sangrado pelos morcegos hematófagos.

João Paulo Soldati

15/10/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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