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Na linha de frente contra o HIV

No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, IOC comemora os 25 anos do primeiro isolamento do vírus na América Latina e destaca alguns dos projetos em desenvolvimento
Por Jornalismo IOC30/11/2012 - Atualizado em 13/12/2024

No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, Instituto comemora os 25 anos do primeiro isolamento do vírus na América Latina e destaca alguns dos projetos em desenvolvimento

Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no fim da década de 80, o Dia Mundial de Luta contra a Aids é comemorado todo 1º de dezembro. Mas no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o combate ao HIV direciona o trabalho de dezenas de pesquisadores todos os dias. Tudo começou em 1987, quando o imunologista Bernardo Galvão e sua equipe realizaram o primeiro isolamento do HIV-1 na América Latina, inaugurando um conjunto de estudos pioneiros na área tanto dentro como fora de Manguinhos. Desde então, diversos laboratórios do Instituto estão envolvidos na produção de conhecimento multidisciplinar, que abrange desde a resistência aos antirretrovirais ao desenvolvimento de vacinas e de kits de diagnóstico, pesquisas clínicas sobre insumos, estudos experimentais sobre tipos e subtipos do vírus e coinfecção.

 

Monika Barth/IOC

 

Vanguarda: primeira imagem brasileira do HIV foi obtida em 1987 pela pesquisadora Monika Barth, do Instituto Oswaldo Cruz

 

 

Pelas pesquisas realizadas com excelência nas bancadas do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC, a Organização Mundial da Saúde (OMS) o credenciou, em 2011, como o primeiro Centro de Referência Nacional no Monitoramento da Resistência do HIV na América Latina. O título rendeu ao Brasil uma vaga na rede Global HIV Drug Resistance Network (HIVResnet).

Em setembro deste ano, a Universidade de Miami e o IOC apresentaram ao mundo os promissores achados que podem levar ao desenvolvimento da primeira vacina contra a doença. Liderado pelo pesquisador David Watkins, o estudo conta com a colaboração da pesquisadora e chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus, Myrna Bonaldo, e foi publicado na revista Nature. Em vez de apostar na criação de anticorpos contra o vírus, os cientistas investem em um novo paradigma: a indução de produção de células T CD8 pelo organismo como forma de controlar a replicação do vírus. Conhecida como ‘engenheira de vacinas’, Myrna utiliza um método desenvolvido e patenteado pela Fiocruz em 2005, que utiliza o imunizante contra febre amarela como ‘plataforma’ para elaboração de outras vacinas.

 

Gutemberg Brito

 

Myrna e a equipe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC: novo caminho para desenvolvimento da vacina foi publicado na revista Nature

 

 

Panorama e perspectivas

A OMS estima que 34 milhões de pessoas vivam com Aids no planeta. Segundo o relatório de 2011 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (UNAIDS/ONU), o número de mortes relacionadas à doença 1,7 milhão caiu pelo quinto ano consecutivo e foi 24% menor do que o índice de 2005. Para a organização, o progressivo acesso à terapia antirretroviral é o principal responsável pela conquista: nos últimos dois anos, o número de pacientes com acesso aos medicamentos aumentou 63%. No entanto, estima-se que 6,8 milhões ainda estejam sem tratamento. E o número de novos casos permanece alto: foram 2,5 milhões transmissões em 2011 1,9 milhão apenas na África.

O relatório sugere, ainda, que a epidemia está estável na América Latina, onde 1,4 milhão de pessoas vivem com Aids, sendo 530.000 brasileiros segundo o Ministério da Saúde. Desse total, 135 mil não saberiam que estão infectados.

Conheça outros projetos pioneiros do IOC que aderem à luta diária da Ciência contra a Aids.

Síndrome

No Laboratório de Aids e Imunologia Molecular, Mariza destaca a pesquisa sobre Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (Iris), que se manifesta em pacientes coinfectados com HIV e tuberculose ou outras comorbidades. A Iris é uma resposta inflamatória aguda do sistema imunológico, observada em pacientes que já estão respondendo positivamente à terapia antirretroviral. Paradoxalmente, a Iris agrava os sintomas das infecções, levando a uma piora do quadro geral. No Brasil, é observada uma ocorrência em torno de 10% dos casos de coinfecção HIV-tuberculose. No Camboja, já são 30%. Buscamos identificar os fenômenos imunológicos e os biomarcadores associados a este processo, além do impacto na evolução do quadro do paciente, explica Mariza. A pesquisa é apoiada pelo acordo Pasteur/Fiocruz e pela Agência Francesa de Pesquisas sobre Aids (ANRS) e é realizada em parceria com o Instituto Pasteur o primeiro, no mundo, a isolar e caracterizar o HIV-1.

Origens

No mesmo laboratório, o pesquisador Gonzalo Bello desenvolve estudos sobre evolução e dispersão geográfica do vírus. Em pesquisas recentes, ele verificou que o subtipo C, mais prevalente na região Sul do Brasil e no resto do mundo, corresponde à mesma variante que circula apenas em países do leste da África. Ou seja, uma localidade com a qual o Brasil nunca teve relações políticas ou sociais, por conta da ausência de ex-colônias portuguesas na região. Antes especulava-se que o vírus teria vindo da Angola ou de Moçambique. Agora, temos um enigma em mãos: saber como uma variante exclusiva daquela região chegou até o Brasil, disse. Já se sabe que o vírus foi introduzido no país entre 1970 e 1980 pelo Paraná e, logo depois, se disseminou para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul, onde é responsável por 30% a 70% dos casos. Hoje, de acordo com Bello, o subtipo C está se espalhando para São Paulo, Rio de Janeiro e região Centro-Oeste.

Imunidade

O pesquisador Dumith Chequer Bou Habib, que integrou a equipe responsável pelo isolamento do vírus em 1987, lidera, hoje, no Laboratório de Pesquisa em Timo, estudos básicos e experimentais, voltados para a influência de células e moléculas da imunidade inata e adquirida sobre a replicação do HIV. De acordo com Bou Habib, algumas substâncias produzidas naturalmente pelo nosso sistema imunológico podem aumentar a replicação do vírus, enquanto outras produzem o efeito oposto, inibindo-a. No momento, estamos analisando o efeito que receptores do tipo Toll, além de neurotrofinas, neuropeptídeos e interleucinas, têm sobre o processo de replicação do HIV-1 em macrófagos e em linfócitos T, que são as células permissivas à infecção pelo vírus, explicou.

Coinfecção

No Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, a coinfecção é o foco das investigações. A pesquisadora Alda Maria da Cruz destaca a recém concluída tese de doutorado da aluna Joana Reis Santos Oliveira, Imunopatogenia da coinfecção leishmania-HIV, orientada no programa de pós-graduação de Medicina Tropical. Foi constatado que tanto os portadores de leishmaniose visceral quanto os soropositivos sofrem uma diminuição da barreira imunológica do intestino, o que permite a passagem de toxinas produzidas pelas bactérias da flora para a circulação sanguínea. Esses produtos microbianos estimulam uma inflamação sistêmica e agravam a evolução da doença em casos de coinfecção, as consequências são ainda mais severas, explica Alda. Na pesquisa, foram analisadas as implicações do processo na resposta imunológica do paciente às terapias retrovirais. Tanto o Laboratório de Aids e Imunologia Molecular como o Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em Minas Gerais, atuam como parceiros nesta pesquisa.

Jogos educativos

Desenvolvidos pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, o \'Zig-Zaids\' e o \'Jogo da Onda\' fornecem informações de forma lúdica e divertida, estimulando o debate sobre a transmissão e a prevenção do HIV/AIDS, bem como questões sociais e psicológicas relacionadas ao tema. Ressaltam, ainda, a importância da responsabilidade individual e coletiva, a relação da doença com as drogas e reforçam o respeito e a solidariedade que devem ser praticados com soropositivos. O \'Zig Zaids\' é interativo e está disponível para download. Já o \'Jogo da Onda\' tem o formato de cartas e tabuleiro. Saiba mais sobre ambos.

 

Isadora Marinho
30/11/2012

No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, IOC comemora os 25 anos do primeiro isolamento do vírus na América Latina e destaca alguns dos projetos em desenvolvimento
Por: 
jornalismo

No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, Instituto comemora os 25 anos do primeiro isolamento do vírus na América Latina e destaca alguns dos projetos em desenvolvimento

Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no fim da década de 80, o Dia Mundial de Luta contra a Aids é comemorado todo 1º de dezembro. Mas no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o combate ao HIV direciona o trabalho de dezenas de pesquisadores todos os dias. Tudo começou em 1987, quando o imunologista Bernardo Galvão e sua equipe realizaram o primeiro isolamento do HIV-1 na América Latina, inaugurando um conjunto de estudos pioneiros na área tanto dentro como fora de Manguinhos. Desde então, diversos laboratórios do Instituto estão envolvidos na produção de conhecimento multidisciplinar, que abrange desde a resistência aos antirretrovirais ao desenvolvimento de vacinas e de kits de diagnóstico, pesquisas clínicas sobre insumos, estudos experimentais sobre tipos e subtipos do vírus e coinfecção.

 

Monika Barth/IOC

 

Vanguarda: primeira imagem brasileira do HIV foi obtida em 1987 pela pesquisadora Monika Barth, do Instituto Oswaldo Cruz

 

 

Pelas pesquisas realizadas com excelência nas bancadas do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC, a Organização Mundial da Saúde (OMS) o credenciou, em 2011, como o primeiro Centro de Referência Nacional no Monitoramento da Resistência do HIV na América Latina. O título rendeu ao Brasil uma vaga na rede Global HIV Drug Resistance Network (HIVResnet).

Em setembro deste ano, a Universidade de Miami e o IOC apresentaram ao mundo os promissores achados que podem levar ao desenvolvimento da primeira vacina contra a doença. Liderado pelo pesquisador David Watkins, o estudo conta com a colaboração da pesquisadora e chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus, Myrna Bonaldo, e foi publicado na revista Nature. Em vez de apostar na criação de anticorpos contra o vírus, os cientistas investem em um novo paradigma: a indução de produção de células T CD8 pelo organismo como forma de controlar a replicação do vírus. Conhecida como ‘engenheira de vacinas’, Myrna utiliza um método desenvolvido e patenteado pela Fiocruz em 2005, que utiliza o imunizante contra febre amarela como ‘plataforma’ para elaboração de outras vacinas.

 

Gutemberg Brito

 

Myrna e a equipe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC: novo caminho para desenvolvimento da vacina foi publicado na revista Nature

 

 

Panorama e perspectivas

A OMS estima que 34 milhões de pessoas vivam com Aids no planeta. Segundo o relatório de 2011 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (UNAIDS/ONU), o número de mortes relacionadas à doença 1,7 milhão caiu pelo quinto ano consecutivo e foi 24% menor do que o índice de 2005. Para a organização, o progressivo acesso à terapia antirretroviral é o principal responsável pela conquista: nos últimos dois anos, o número de pacientes com acesso aos medicamentos aumentou 63%. No entanto, estima-se que 6,8 milhões ainda estejam sem tratamento. E o número de novos casos permanece alto: foram 2,5 milhões transmissões em 2011 1,9 milhão apenas na África.

O relatório sugere, ainda, que a epidemia está estável na América Latina, onde 1,4 milhão de pessoas vivem com Aids, sendo 530.000 brasileiros segundo o Ministério da Saúde. Desse total, 135 mil não saberiam que estão infectados.

Conheça outros projetos pioneiros do IOC que aderem à luta diária da Ciência contra a Aids.

Síndrome

No Laboratório de Aids e Imunologia Molecular, Mariza destaca a pesquisa sobre Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (Iris), que se manifesta em pacientes coinfectados com HIV e tuberculose ou outras comorbidades. A Iris é uma resposta inflamatória aguda do sistema imunológico, observada em pacientes que já estão respondendo positivamente à terapia antirretroviral. Paradoxalmente, a Iris agrava os sintomas das infecções, levando a uma piora do quadro geral. No Brasil, é observada uma ocorrência em torno de 10% dos casos de coinfecção HIV-tuberculose. No Camboja, já são 30%. Buscamos identificar os fenômenos imunológicos e os biomarcadores associados a este processo, além do impacto na evolução do quadro do paciente, explica Mariza. A pesquisa é apoiada pelo acordo Pasteur/Fiocruz e pela Agência Francesa de Pesquisas sobre Aids (ANRS) e é realizada em parceria com o Instituto Pasteur o primeiro, no mundo, a isolar e caracterizar o HIV-1.

Origens

No mesmo laboratório, o pesquisador Gonzalo Bello desenvolve estudos sobre evolução e dispersão geográfica do vírus. Em pesquisas recentes, ele verificou que o subtipo C, mais prevalente na região Sul do Brasil e no resto do mundo, corresponde à mesma variante que circula apenas em países do leste da África. Ou seja, uma localidade com a qual o Brasil nunca teve relações políticas ou sociais, por conta da ausência de ex-colônias portuguesas na região. Antes especulava-se que o vírus teria vindo da Angola ou de Moçambique. Agora, temos um enigma em mãos: saber como uma variante exclusiva daquela região chegou até o Brasil, disse. Já se sabe que o vírus foi introduzido no país entre 1970 e 1980 pelo Paraná e, logo depois, se disseminou para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul, onde é responsável por 30% a 70% dos casos. Hoje, de acordo com Bello, o subtipo C está se espalhando para São Paulo, Rio de Janeiro e região Centro-Oeste.

Imunidade

O pesquisador Dumith Chequer Bou Habib, que integrou a equipe responsável pelo isolamento do vírus em 1987, lidera, hoje, no Laboratório de Pesquisa em Timo, estudos básicos e experimentais, voltados para a influência de células e moléculas da imunidade inata e adquirida sobre a replicação do HIV. De acordo com Bou Habib, algumas substâncias produzidas naturalmente pelo nosso sistema imunológico podem aumentar a replicação do vírus, enquanto outras produzem o efeito oposto, inibindo-a. No momento, estamos analisando o efeito que receptores do tipo Toll, além de neurotrofinas, neuropeptídeos e interleucinas, têm sobre o processo de replicação do HIV-1 em macrófagos e em linfócitos T, que são as células permissivas à infecção pelo vírus, explicou.

Coinfecção

No Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, a coinfecção é o foco das investigações. A pesquisadora Alda Maria da Cruz destaca a recém concluída tese de doutorado da aluna Joana Reis Santos Oliveira, Imunopatogenia da coinfecção leishmania-HIV, orientada no programa de pós-graduação de Medicina Tropical. Foi constatado que tanto os portadores de leishmaniose visceral quanto os soropositivos sofrem uma diminuição da barreira imunológica do intestino, o que permite a passagem de toxinas produzidas pelas bactérias da flora para a circulação sanguínea. Esses produtos microbianos estimulam uma inflamação sistêmica e agravam a evolução da doença em casos de coinfecção, as consequências são ainda mais severas, explica Alda. Na pesquisa, foram analisadas as implicações do processo na resposta imunológica do paciente às terapias retrovirais. Tanto o Laboratório de Aids e Imunologia Molecular como o Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em Minas Gerais, atuam como parceiros nesta pesquisa.

Jogos educativos

Desenvolvidos pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, o \'Zig-Zaids\' e o \'Jogo da Onda\' fornecem informações de forma lúdica e divertida, estimulando o debate sobre a transmissão e a prevenção do HIV/AIDS, bem como questões sociais e psicológicas relacionadas ao tema. Ressaltam, ainda, a importância da responsabilidade individual e coletiva, a relação da doença com as drogas e reforçam o respeito e a solidariedade que devem ser praticados com soropositivos. O \'Zig Zaids\' é interativo e está disponível para download. Já o \'Jogo da Onda\' tem o formato de cartas e tabuleiro. Saiba mais sobre ambos.

 

Isadora Marinho
30/11/2012

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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