Departamento de Malacologia
Dr. Lobato Paraense, ex-diretor do Instituto e ex-vice-presidente de pesquisas da Fiocruz

Os primeiros estudos sobre moluscos de importância médica e veterinária realizados no Brasil foram conduzidos por Adolpho Lutz, no Instituto Oswaldo Cruz. Suas pesquisas sobre a esquistossomose e seus transmissores foram feitos independentemente dos de Leiper no Egito, cujas publicações, iniciadas em 1915, tinham sua circulação dificultada pela 1ª Guerra Mundial. Também deve-se a ele o primeiro levantamento, embora parcial, dos moluscos planorbídeos e da esquistossomose no Brasil, do Rio Grande do Norte até à Bahia.

Até o fim da década de 40, a taxionomia dos planorbídeos neotropicais (como também das outras regiões zoogeográficas) era muito controvertida, tendo sido descritas até então 250 espécies nominais, quase todas com base exclusivamente nos caracteres da concha.

Aquário de criação de moluscos

A partir de 1954 o Instituto, em cooperação com o Serviço Especial de Saúde Pública, o Instituto Nacional de Endemias Rurais e a Universidade de Brasília, e de 1977 até agora pelo seu Departamento de Malacologia, instituiu um programa de estudos malacológicos com ênfase na sistemática dos planorbídeos neotropicais e suas relações com o Schistosoma mansoni, e extensivo a outros aspectos da biologia desses moluscos, nos campos da ecologia e da biologia da reprodução. Utilizando, além dos caracteres da concha e dos órgãos internos, provas de cruzamento com marcadores genéticos, tem sido possível definir as espécies válidas, simplificando a nomenclatura e a taxionomia.

O Departamento de Malacologia possui material preservado e colônias de laboratório de moluscos de águas continentais das famílias Planorbidae, Lymnaeidae, Physidae, Chilinidae e Ampullariidae, além de espécies terrestres relacionadas à transmissão do Angiostrongylus costaricensis e de outros nematódeos. Atualmente a coleção malacológica possui pouco mais de 4.300 lotes de conchas e respectivas partes moles, cobrindo o continente americano dos Estados Unidos à Terra do Fogo e alguns países dos outros continentes. Os moluscos aí representados são estudados tanto sob o ponto de vista médico e veterinário, por sua significação epidemiológica enquanto transmissores de parasitos, como do ponto de vista puramente biológico, visando ao progresso do conhecimento desse importante grupo zoológico.

Entre os resultados das investigações do Departamento merecem registro a definição taxionômica das espécies de planorbídeos brasileiros, totalizando 21, das quais três são transmissoras naturais do Schistosoma mansoni e duas são transmissoras em condições de laboratório; descrição de oito espécies novas (seis planorbídeos do Brasil, Panamá, Equador e Argentina e um limneídeo do Brasil); definição taxionômica de 13 espécies de planorbídeos, cinco de limneídeos, duas de fisídeos e três de ampulariídeos da região neotropical (Argentina, Chile, Equador, México, Saint Vicent e Cuba), vários dos quais também ocorrem no Brasil; demonstração da condição sinonímica de 65 espécies nominais de planorbídeos neotropicais; demonstração da existência no Brasil de duas raças biológicas do Schistosoma mansoni, cada uma infectando uma diferente espécie de planorbídeo; demonstração de variação geográfica da suscetibilidade dos moluscos transmissores à infecção pelo Schistosoma mansoni.

A infecção de caramujos por Schistosoma é verificada no Departamento com vistas ao mapeamento da transmissão

Os pesquisadores ainda identificaram os órgãos do sistema reprodutor dos planorbídeos em que têm lugar a autofecundação e a fecundação cruzada; utilizaram o albinismo como marcador genético em experiências de cruzamento entre planorbídeos e no esclarecimento de problemas de sistemática; e investigaram a ultra-estrutura dos espermatozóides da Biomphalaria glabrata e do Schistosoma mansoni e a relação entre a ultra-estrutura e a função da espermateca dos planorbídeos.

O Departamento participa no ensino, treinamento, e formação de pessoal no Brasil e em outros países, contribui para as investigações de outros departamentos do Instituto Oswaldo Cruz e de outros institutos e universidades do país e do exterior com a identificação de espécimes, fornecimento de moluscos normais, moluscos e camundongos infectados com diversas cepas de Schistosoma mansoni, material bibliográfico e iconográfico.

LABORATÓRIOS DESTE DEPARTAMENTO :

MALACOLOGIA


Chefe do Departamento: Lygia Correa
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Tel: 0(xx)21 280-5840   Fax: 0(xx)21 280-5840

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