Professores da USP param contra a reforma
Adauri Antunes Barbosa

De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Américo Kerr, a paralisação decidida na quinta-feira e ratificada ontem em assembléia é para tentar impedir que a reforma da Previdência seja aprovada em segundo turno na Câmara e depois no Senado.

Os professores não se conformam com o fato de a reforma estar ocorrendo durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, eleito com o apoio da comunidade acadêmica. Além da USP, outras Universidades paulistas, como a Unicamp e a Unesp, também estão em greve por tempo indeterminado.

- Esta é uma greve diferente daquela que tem pauta salarial. É uma greve que tem caráter naturalmente político. Está em jogo a desmoralização do servidor, a retirada de direitos sociais e a privatização da previdência social - disse Américo Kerr.

Ontem à tarde, durante a assembléia, o presidente da Adusp disse que a greve é uma forma de tentar barrar a proposta de privatização que 'está por trás disso', colocando em segundo plano a mobilização pela derrubada da lei estadual 943, proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A nova lei, já aprovada pela Assembléia Legislativa e que entra em vigor em setembro, aumentou em 5% os descontos previdenciários dos funcionários públicos de SP, que agora pagarão 13% do salário bruto.

Na defesa da greve durante a assembléia de ontem, o professor Américo Kerr argumentou que o prestígio da USP deveria ser usado como pressão em favor da revisão da reforma da Previdência na segunda votação na Câmara dos Deputados e no Senado.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade do Estado de SP (Unesp) também participam da greve.

Críticas e manifestos contra a greve no Rio

No RJ, pela primeira vez na história recente da Universidade Federal do RJ (UFRJ), parte do corpo docente está contra a greve contra a reforma da Previdência numa dimensão de discussão pública que inclui professores respeitados por toda a comunidade acadêmica.

Eles não são contra a greve como instrumento de reivindicação do trabalhador, mas acreditam que nem a forma como foi decretada é representativa e, portanto, democrática, nem a paralisação é justificável.

Também docentes da Universidade Federal Fluminense (UFF) se articulam para criticar a forma e o conteúdo da greve, numa lista com 125 assinaturas e num manifesto contundente que ataca o movimento sindical dos docentes por ser 'uma máquina burocrática, marcada por uma retórica superideologizada'.
(O Globo, 12/8)

 

 

 

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