EUA e Reino Unido não estavam prontos para ocupação, diz estudo

LONDRES - Nem os EUA nem o Reino Unido estavam preparados para a ''magnitude do problema'' da ocupação do Iraque é o que afirma um relatório divulgado em Londres pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
''A adoção de táticas diferentes por aqueles que são leais ao regime iraquiano, em colaboração com militantes da Jihad infiltrados no país, é um desafio para as forças de ocupação, que continuam procurando as técnicas adequadas para enfrentar essa rebelião'', declarou John Chipman, presidente do IISS.
Chipman afirmou que, após seis meses da invasão do Iraque, ''a situação melhorou pouco'' nesse país e tanto os rebeldes como os criminosos têm acesso a uma série de armas leves.
Em seu relatório 'Military Balance 2003-2004', este famoso centro de estudos e análises das relações internacionais afirma que a ocupação do Iraque careceu do ''dinamismo, da flexibilidade e inovação'' que caracterizaram a campanha militar anterior.
''Esses três fatores foram menos evidentes na ocupação do pós-guerra'', admitiu John Chipman, em entrevista coletiva junto a outros especialistas do centro.
O documento reconhece que a guerra contra o Iraque ''provavelmente inflamou as paixões radicais entre os muçulmanos e, portanto, aumentou a moral e o poder de recrutamento da Al Qaeda e, mesmo de forma pequena, sua capacidade operacional''.
Chipman disse que os EUA continuam sendo ''o principal inimigo'' da rede Al Qaeda e que os terroristas podem tentar perpetrar ''um ataque espetacular'' contra o pessoal americano no Iraque como um ''substituto factível, até que sejam capazes de tentar outro ataque em massa em território americano''.
O 'Military Balance' afirma que a crise do Iraque consumirá grande parte das energias do governo do presidente americano, George W. Bush, e que colocará limites a sua política externa.
Também aponta que o gasto em defesa aumentará este ano em cerca de 7% - a mesma porcentagem de 2002 - por causa do aumento decidido pelos EUA e do movimento nas taxas de câmbio, caracterizado pela valorização do euro.
Segundo Chipman, ''conseguir que o Iraque vá bem consumirá a maior parte das energias restantes da administração (Bush) durante o próximo ano, com ênfase centrada em conter outras crises potenciais e em criar um consenso internacional mais firme quanto às respostas adequadas aos muitos desafios em segurança''.
O IISS, entretanto, não quis falar sobre as supostas armas de destruição em massa do deposto presidente iraquiano Saddam Hussein e também não foi claro sobre se a invasão do Iraque foi justificada.
''Ainda é muito cedo'', disse Gary Samore, um dos analistas do centro de estudos.
John Chipman, por outro lado, afirmou que ''os objetivos da invasão foram muitos'': as várias resoluções da ONU não cumpridas pelo Iraque, a possibilidade de Saddam desenvolver armas de destruição em massa e o desejo dos Estados Unidos de mudar o equilíbrio de poder na região.
Em setembro de 2002, o IISS publicou um relatório no qual afirmava que o Iraque poderia fabricar armas nucleares ''em questão de meses'' se conseguisse comprar ou roubar reservas de material radioativo no exterior.
A este respeito, Chipman disse que levará ''outros seis meses para se saber a verdade'' das armas de destruição em massa, mas nunca se saberá o que existia no Iraque em setembro de 2002 ou em fevereiro deste ano.
Segundo o presidente do IISS, mais interessante que encontrar essas supostas armas de destruição em massa é determinar ''a quantidade de munição que pode estar disponível aos terroristas que possam entrar em locais não vigiados ou mal protegidos''.

 

 

 

 

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