Darc Costa defende boom populacional

No livro 'Estratégia Nacional', recém lançado, o vice-presidente e coordenador de diretorias do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Darc Costa, afirma que a América do Sul poderá, até 2020, 'converter-se em uma superpotência industrial' comparável aos EUA, Europa Ocidental e Japão. Ele defende também o forte crescimento populacional da região como um dos caminhos para alcançar o desenvolvimento.

Para que a América do Sul, integrada fisicamente e unida na ALCSA (Área de Livre Comércio Sul-Americana), uma espécie de Alca abaixo do Equador, se torne uma potência, a economia da região terá que crescer durante 20 anos a uma taxa de 10%, o que jamais alcançado por nenhum país sul-americano por um período prolongado, como o próprio Costa reconhece.

De 1985 a 2000, segundo o livro, o crescimento médio regional foi de 1,2% ao ano. Ao mesmo tempo, será necessário que a taxa de investimentos passe de 20,1% do PIB (Produto Interno Bruto), no período 1985-2000, para 34% do PIB de 2000 a 2020.

O emprego terá que crescer a 3,6% ao ano (de 1985 a 2000 a taxa foi negativa em 0,7%) e a produtividade, 6,2%.

O crescimento populacional terá que inverter a tendência de declínio (1,8% ao ano no período 1985-2000) para alcançar uma taxa média de 2,3% ao ano. Para Costa, a América do Sul é subpovoada e todos os exemplos de países que se industrializaram com sucesso mostram que eles o fizeram paralelamente a altos ritmos de crescimento demográfico.

'A menos que a população total [da América do Sul] duplique em 30 anos e quadruplique em 60 anos, o desenvolvimento econômico apoiado em tecnologia moderna será uma simples quimera', afirma.

Costa considera 'discurso neomalthusiano' a defesa da redução do crescimento populacional, numa referência ao inglês Robert Malthus, que em 1798 escreveu que o crescimento populacional levaria à fome no mundo, pois a população crescia em progressão geométrica e os alimentos, em progressão aritmética.

O livro, que será lançado na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ), é baseado na tese de doutorado escrita por Costa em 1999 para a Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do RJ).

O trabalho relaciona as obras de infra-estrutura, especialmente as de integração sul-americana, propostas pelo BNDES ao governo Lula e, em grande parte, aceitas. 'O que era uma tese intelectual em 1999 transformou-se, pela arte política, em programa de governo', afirma, em comentário na orelha do livro, o economista José Carlos de Assis, da equipe da UFRJ que presta serviço ao banco.

A interligação das bacias dos rios Orenoco (Venezuela), Amazonas e da Prata e a construção da ferrovia Transnordestina, ampliada para Transcontinental Norte (unindo o porto de Suape, em Pernambuco, ao de Chiclayo, no Peru), são alguns dos projetos.
(16/10)

 

 

 

 

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