Oficina prepara diretrizes para pesquisa em saúde sobre trauma e violência

É a segunda experiência com oficinas preparatórias realizada para editais do Fundo Setorial de Saúde (CT-Saúde) em cooperação com o Depto. de C&T em Saúde (Decit), do ministério da Saúde, e CNPq.

O modelo de cooperação entre as áreas do governo segue a pauta de reunir esforços nos diversos setores que investem em C&T. O primeiro edital do tipo, para pesquisas em Dengue, foi produzido com esta metodologia e teve bons resultados.

'O ponto focal da cooperação entre CNPq e ministério da Saúde é a melhor definição de temas para financiarmos com recursos do CT-Saúde, e para somarmos a eles os esforços do Ministério', explicou Reinaldo Guimarães, diretor do Decit, para quem a nova sintonia entre C&T e Saúde é um bom sinal para a pesquisa no setor.

'Com isso também poderemos elaborar uma Agenda Nacional de Pesquisa em Saúde, evitando esforços duplicados', acrescentou.

Manuel Barral Netto, diretor de Programas Temáticos e Setoriais do CNPq, disse que o comitê gestor do CT-Saúde define que o tema é prioritário, mas a forma como se aplica os recursos é definida pela comunidade científica da área.

'Isso nos leva a uma atuação mais efetiva do Fundo, porque a comunidade participa desde as definições de prioridades', concluiu.

Pesquisas estratégicas e interdisciplinares

A principal demanda dos pesquisadores é por informação. Para Maria Cecília Mirayo, coordenadora do Centro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde (Claves) da Fiocruz, é preciso criar e qualificar uma rede de informações com boa cobertura, para então se poder contar com uma boa base para pesquisas sobre violência e trauma.

Há 15 anos o Claves desenvolve estudos na área, e essa experiência foi aproveitada na oficina.

Para a professora, a iniciativa de consulta à comunidade científica é muito bem vinda, por um lado para uma reflexão coletiva, que preenche lacunas em áreas onde ainda se desconhecem pesquisas, e por outro porque os pesquisadores passam a estar mais perto dos gestores tanto de recursos de pesquisa quando das políticas públicas, e podem cobrar a aplicação do conhecimento gerado e das tecnologias desenvolvidas.

'Aqui juntamos a reflexão e estabelecemos um consenso de prioridades para organizar a pesquisa. Porque até agora existe muita pesquisa isolada, feita por grupos específicos, mas nos temas que os interessam, daqui podemos elaborar o que ainda falta', disse Mirayo.

As principais áreas de atuação são a delimitação das situações de risco, o atendimento aos envolvidos e a prevenção, tanto em trauma como em violência. Os temas vão desde acidentes de trânsito à violência doméstica, passando por problemas de moradia, condições de trabalho e violência sexual.

As pesquisas a serem financiadas pelo edital que está em formação devem voltar-se para problemas relevantes já detectados, e pontos pouco tratados atualmente.

Apesar de também financiar ciência básica e formação de pessoal, os pesquisadores são incentivados a produzirem inovações e tecnologias de aplicação para problemas da realidade brasileira. (Marcello Larcher, Assessoria de Comunicação do CNPq)

 

 

 

 

 

 

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