O eletricista que se transformou em astronauta
Sandra Sato

Hoje ele é astronauta na Nasa, a agência especial americana. Mas aos 14 anos Marcos Cesar Pontes teve de trabalhar como eletricista para custear os estudos.

A porta de entrada para vôos literalmente mais altos se abriu aos 17 anos, quando iniciou curso de piloto na Aeronáutica. Ontem, o único astronauta brasileiro a participar do projeto da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) contou sua experiência para uma platéia de professores e alunos da escola pública.

Pontes foi um dos participantes do workshop Os Educadores da Ciência, que marcou o início do programa da Agência Espacial Brasileira batizado de 'AEB Escola', destinado a popularizar a ciência e a tecnologia espacial nas salas de 5.ª a 8.ª série e do ensino médio. 'Quem sabe daqui não sai outro astronauta?', provocou.

Pontes observou que, quando se pensa em tecnologia espacial, logo vêm à mente satélites, foguetes e ônibus espaciais. Mas o velcro usado nos tênis, por exemplo, foi originalmente uma invenção destinada a astronautas.

Pontes orgulha-se de ser o primeiro brasileiro com chances de ir ao espaço, no âmbito do projeto da ISS. Ele comentou que o fato de o Brasil estar ao lado de outros 15 países no programa tem mudado a imagem do país no exterior.

O tenente-coronel disse que o Brasil era lembrado por ter florestas que estavam sendo derrubadas, pelo massacre de 111 presos no Carandiru ou pelo carnaval no Rio, uma 'cidade perigosa'. 'Agora, já se fala do Brasil como produtor de alta tecnologia.'

Pontes espera voar para a ISS em 2006, mas para que isso ocorra falta concluir a renegociação com os EUA sobre a participação do Brasil no projeto.

O país não conseguiu entregar nenhuma das cinco peças que se comprometeu a fornecer em troca de usar a estação para pesquisas. Agora negocia a redução do investimento, de US$ 120 milhões para US$ 80 milhões ao longo de quatro anos. O Brasil contratará empresas nacionais e fornecerá peças mais simples. (18/9)



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