Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - Ano XII - n0 37 19/10/2006

 

I Encontro do Projeto Excelência na Fiocruz discute gestão em ciência e tecnologia

O I Encontro do Projeto Excelência na Fiocruz, realizado pela Vice-Presidência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (VPPDT) no dia 10 de outubro no auditório do Pavilhão Arthur Neiva, teve como objetivo disseminar o Projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica, da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI). “Estamos muito empenhados em fazer parte desta iniciativa da ABIPTI”, afirmou Reinaldo Guimarães, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Reinaldo fez um breve comentário sobre as diversas instituições que compõe a Fiocruz e sobre alguns dos serviços de referência.

A mesa-redonda mediada por Maria Celeste Emerick, da Coordenação de Gestão Tecnológica (VPPDT/Fiocruz), contou com a participação de palestrantes e representantes da ABIPTI, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O debate procurou incentivar ações de modernização dos sistemas de gestão vigentes nas unidades da Fiocruz, bem como estimular a integração e cooperação inter-institucional nesta área.

Mudanças tecnológicas e modelos de excelência


O representante da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI), Alceu Castello Branco, palestrou sobre o Projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica, abordando objetivos, fundamentos e modelo de excelência na gestão de instituições tecnológicas. Ele apontou alguns dos desafios à competitividade e sustentabilidade das instituições de ciência e tecnologia, como a capacidade de acompanhar a dinâmica das mudanças tecnológicas e o ambiente competitivo nos cenários nacional e internacional.

Ana Limp/CCS
O I Encontro do Projeto Excelência na Fiocruz discutiu a modernização de sistemas de gestão

Ao comentar sobre novos padrões concorrenciais, Alceu afirmou que os formatos de gestão da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) estão baseados na formação de redes e em ações cooperativas, gestão do conhecimento, tecnologias da informação e avaliação de resultados. Ele argumentou que a diversificação das fontes de financiamento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) também é importante. Em relação à gestão do conhecimento, Alceu afirmou que as instituições precisam organizar e aproveitar o conhecimento muitas vezes já existente dentro de uma instituição com diversas unidades, porém pouco integrada.

Citando diretrizes da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Alceu destacou alguns aspectos importantes para o desenvolvimento da gestão em P&D, como visão do futuro, responsabilidade social e ética, tomada de decisões baseada em fatos, liderança e persistência de propósitos, valorização das pessoas e visão sistêmica. Alceu afirmou ser importante a adoção de uma base de dados de indicadores. Ele comentou sobre o Observatório de Tecnologias de Gestão (OTG), iniciativa da ABIPTI, que pretende organizar estudos de caso que possam servir de referência a outras instituições. Propôs também novos formatos de avaliação de resultados, como o processo de avaliação cruzada, em que instituições parecidas se avaliam mutuamente e trocam experiências de gestão.

Sistemas de informação são indispensáveis

Willy Hoppe Sousa, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), foi convidado a relatar a experiência do Instituto onde trabalha. Sua palestra traçou um amplo panorama dos problema e desafios do IPEN, além da aplicação de critérios de excelência em gestão. Hoppe explicou que, atuamente, os principais objetivos do IPEN são aumentar e diversificar a captação de recursos financeiros no curto prazo e atuar em conformidade com planos governamentais. Com um corpo de mais de 1.000 funcionários e 600 bolsistas, o IPEN procura atualmente atender as pessoas da instituição, bem como os clientes.

“Para alcançar um Projeto de Excelência”, explicou, “o IPEN está adotando critérios de excelência que buscam oportunidades de melhoria em gestão, baseados em alguns eixos”. Pesquisas de clima junto aos funcionários, satisfação do cliente, planejamento estratégico e um sistema de informações eficaz são alguns dos aspectos destacados por Hoppe. Ele apontou também algumas das deficiências da instituição, como contabilização de resultados, acompanhamento gerencial e visualização das estratégias.

Ana Limp/CCS

Um dos objetivos do encontro foi estimular
a cooperação inter-institucional

“Implementar sistemas de acompanhamento não é um processo linear. Há muitos problemas”, Hoppe pondera, explicando diversos projetos envolvendo análise de resultados, como o Sistema de Informação Gerencial e o Sistema de Acompanhamento da Análise Crítica de Desempenho Global. “Um sistema de gestão precisa necessariamente de um sistema eficiente de informação. Esse sistema de informação deve trabalhar para as pessoas, e não o contrário”, acrescentou. Como resultado,o IPEN acabou por conceber o Sistema de Informação Gerencial de Planejamento (SIGEPI), estrutura de integração de dados atualmente utilizado pela instituição. Ele comentou sobre o processo de produção em que o pesquisador está envolvido. “O pesquisador centraliza todo o projeto e não consegue se inserir institucionalmente”, comenta. “Ele capta, prepara e realiza o projeto. Além de viver apagando incêndios, ainda tem de se preocupar com a auditoria”.


IOC apresenta perspectivas do Instituto

A vice-diretora de Administração e Recursos Humanos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Claude Pirmez, apresentou a palestra Adesão do IOC ao Projeto de Excelência na Pesquisa Tecnológica: Desafios e oportunidades de modernização . Claude explicou aos participantes sobre a estrutura organizacional do IOC e discutiu a inserção do Instituto no contexto da Fundação Oswaldo Cruz. Serviços de referência, patentes, publicações indexadas e outros itens foram abordados.

Claude explicou que, em 2005, o IOC passou por um processo de reestruturação que teve como objetivo fortalecer os laboratórios, valorizar e ouvir as pessoas, modernizar a instituição e gerir a infra-estrutura. Durante os encontros de planejamento, ocorridos em 2003 e 2005, foram discutidas melhorias quanto à gestão científica e administrativa. Segundo a vice-diretora, o IOC busca essas melhorias por meio da gestão mais eficiente de projetos, da qualidade de gestão administrativa (em parceria com a ABIPTI) e da modelagem de coordenações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI). O IOC e a ABIPTI iniciaram a parceria em 2004, sendo acelerada a partir de 2005.


Política industrial em foco

O Superintendente da Área de Institutos de Pesquisa Tecnológica da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Carlos Alberto Marques Couto, comentou os mecanismos de fomento em Ciência e Tecnologia, distinguindo as competências entre agência de fomento, o banco de fomento e os fundos setoriais. Ele destacou também as ações da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), que envolvem inovação e desenvolvimento tecnológico, modernização industrial e inserção externa.

Couto afirmou que a FINEP incentiva cada vez mais a modernização da estrutura organizacional e de gestão, em editais direcionados às instituições públicas. “Neste apoio, propomos a revisão do escopo de atuação dos Institutos à luz da nova realidade econômica e das diretrizes da PITCE”, destacou. Couto observou também os projetos cooperativos com empresas para o desenvolvimento de novos produtos e processos. “Aliado à modernização da gestão e melhoria das atividades, é precisa melhorar o relacionamento com o mercado e tornar mais eficiente a capacitação de recursos”, concluiu.

Gustavo Barreto
19/10/2006

 

IOC - Ciência para a Saúde da População Brasileira