A história do IOC contada nas linhas da arquitetura
Se já era impressionante em 1918, data da sua construção, o Castelo Mourisco hoje chama a atenção não só pela beleza da sua arquitetura, mas por destoar da paisagem absolutamente urbana e pesada que o cerca, delimitada apenas pelos muros da Fundação.
Belas construções acompanharam a história do Instituto e retratam mudanças ocorridas no IOC. Renato Costa, do Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz, mostrou no Centro de Estudos uma evolução da arquitetura a partir da trajetória do Ensino em Saúde Pública do IOC. A participação emocionada da platéia tornou a palestra uma viagem no tempo.
Um reflexo do ensino. Desde 1909, os cursos de aplicação do IOC localizavam-se no Pavilhão Mourisco. A partir dos anos 40, a implementação de novos cursos na área do Ensino e a expansão do atendimento das questões ligadas à Saúde Pública tornaram necessário a mudança para um novo Pavilhão.
Construído durante a gestão de Henrique Aragão, o Pavilhão Arthur Neiva, embora contando com um belíssimo mural de azulejos de Roberto Burle Marx, enfocando os microorganismos, em tons azuis e brancos, foi inaugurado, segundo Costa, em 1953, na gestão de Olympio da Fonseca. O então presidente do IOC chegou a ser duramente criticado e, inclusive, acusado de estar transformando o Instituto num centro de ensino.
As medidas, no entanto, foram indispensáveis para os que queriam ingressar no quadro de pesquisadores do IOC. O curso de Aplicação era gratuito, mas - ressaltou o arquiteto - embora assim, os alunos deveriam trazer o seu uniforme e o seu próprio microscópio para freqüentar as aulas.
A tradição é quebrada. O IOC também sofreu mudanças com a crise política vivida pelo Brasil nos anos 60. A tradição de ter o ensino associado à pesquisa, até hoje valorizada no Instituto, foi então quebrada. Em 1966, todos os seus cursos foram transferidos para a Escola Nacional de Saúde Pública.
Quase vinte anos depois, somente em 1980, a formação de seus pesquisadores, como uma atribuição sua, retornou ao Instituto. Os alunos dos cursos de Virologia e Parasitologia da ENSP foram transferidos de volta, dando início ao novo programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biologia Parasitária.
O Pavilhão Arthur Neiva, hoje mais conhecido como Pavilhão de Cursos, é ainda um desses retratos da formosura estética da arquitetura do IOC. Seu painel, voltado para a Avenida Brasil e datado de 1947, é o segundo painel realizado pelo famoso paisagista. Originalmente, ele consistia em duas partes, mas a que se localizava no térreo do edifício foi inexplicavelmente retirada.