Estudo faz avançar pesquisa sobre como evitar
infecções secundárias após infecção generalizada
A sepse severa é uma infecção generalizada, causada pelo agravamento de doenças provocadas principalmente por fungos e bactérias. A sepse deixa o sistema imunológico, ou de defesa do organismo, fragilizado tornando-o suscetível a novas infecções ou a uma infecção secundária.
Para tentar prevenir o quadro de imunossupressão após a sepse, em que o sistema imune fica altamente comprometido, a bióloga Cláudia Benjamim desenvolveu pesquisas com uma equipe da Universidade de Michigan acerca dos mecanismos moleculares envolvidos neste processo. Novas drogas serão testadas no Departamento de Farmacologia da UFRJ, onde a pesquisa continua.
Mudança de resposta. Segundo Cláudia Benjamim, os resultados obtidos após experiências realizadas com camundongos indicam que a sepse provoca alterações no comportamento das células dendríticas. Células que são fundamentais na identificação do antígeno (corpo estranho ao organismo, aqui identificado como o causador da doença) e na organização da resposta imune.
Benjamim explica que após a sepse, as células dendríticas deixam de dar uma resposta mais agressiva aos antígenos, chamada de Th1, para dar uma resposta Th2, maléfica ao organismo, agravando ainda mais a infecção. E estas alterações permanecem mesmo que o paciente se recupere da sepse, o que pode levá-lo a ter complicações futuras.
A resposta prejudicial seria causada, segundo a pesquisadora, devido a liberação de determinados mediadores químicos, as quimiocinas TARC, C10 e MCP1. Esses mediadores agravam as condições de recuperação do paciente quando se ligam aos receptores CCR2 e CCR4 localizados nas células dendríticas, observou.
Alvos terapêuticos. Uma das possibilidades de tratamento e parte do desdobramento das pesquisas que o Departamento está desenvolvendo, segundo Benjamim, seria o uso de drogas capazes de bloquear esta ligação entre o receptor e a quimiocina.
O modelo para fins de experimentação utilizado pela pesquisadora foi a sepse causada por peritonite grave e seguida de uma infecção secundária por fungo nos pulmões. Esse modelo tenta reproduzir o que acontece nas clínicas hospitalares, onde é comum ocorrer pneumonia em pacientes com sepse.
A sepse severa acomete 700 mil pacientes por ano nos EUA. Apresenta uma taxa de mortalidade de 28,6% e um gasto estimado de US$ 17 bilhões anuais. A revista científica JAMA, de 1997, revelou que 80% dos pacientes que se recuperam da sepse, e voltam para casa, morrem em cerca de 8 anos. Benjamim acredita que estas mortes estão relacionadas com as alterações nas células dendríticas.