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15 / 06/ 2005

A evolução da proteômica segundo um dos pioneiros da técnica

 

O estudo da ação das proteínas no organismo é hoje um marco no campo da Biologia. Se antes os resultados das pesquisas se baseavam em hipóteses, com a Proteômica a Ciência trabalha com descobertas. Quem afirma é o professor Emérito da UFRJ, Gilberto Domont, um dos pioneiros na tecnologia proteômica no Brasil.

Domont é atualmente o coordenador da Rede Proteômica do Rio de Janeiro. Em palestra no Centro de Estudos do IOC, analisou a evolução da Química de Poteínas nos últimos 50 anos: das técnicas clássicas à proteômica, abordando as transformações tecnológicas do século XX. Revelou-se um contador de histórias.

Dos genes isolados ao sistema todo. Com mais de 110 trabalhos originais publicados e um dos primeiros a fazer seqüenciamento de proteínas no Brasil, Domont se diverte lembrando dificuldades que já enfrentou: - O mais difícil foi mesmo convencer o BNDES de que precisávamos de uma máquina de costura para fazer a eletroforese em duas dimensões.

O trabalho do biologista tradicional é examinar genes isolados. Em pouquíssimo tempo o avanço tecnológico - do qual sua vida profissional fez parte - provocou uma ruptura com o passado, conta. A Ciência atual estuda o sistema como um todo e tem possibilidade de analisar centenas de proteínas de uma só vez.

O salto foi tão grande e Domont o viveu tão intensamente, que se permite falar como um sábio que antevê o que pode não ser mais que uma hipótese: "Futuramente, o estudo do homem vai ficar reduzido a moléculas e sistemas físico-químicos".

Das 24 horas aos 11 minutos. Doutor em Química pela UERJ e em Bioquímica pela UFRJ, Domont comparou a eletroforese que se fazia no início da utilização da técnica - "por meio de tiras de papel, lâminas e tubos de ensaio" - com a que hoje é feita, separando-se centenas ou até milhares de proteínas numa única operação.

Utilizando a eletroforese em papel, aos 29 anos de idade, em 1964, o pesquisador conseguiu ter o seu trabalho " Fractionation of trypsin by paper electrophoresis" publicado na revista Nature : "Ninguém queria mandar, mas eu pensei: é o meu trabalho, é o melhor do mundo, porque não iria mandar?"

A análise de ácidos aminados em colunas demorava cerca de 24 horas, "até poucas décadas atrás", altamente computadorizada, pode hoje ser feita nos aparelhos mais modernos em até 11 minutos. Uma de suas maiores ousadias foi quando ele e sua equipe construíram um cromatograma no próprio laboratório: "os trabalhos desenvolvidos ali resultaram na tese de livre-docência em Bioquímica".

 

 

 

IOC - CIÊNCIA PARA SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA