28 / 07/ 2004
IOC abre novo caminho na busca de uma vacina contra malária
O complexo desenvolvimento de uma pesquisa exige do pesquisador absoluta precisão na busca de seus objetivos. A pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do IOC, informou que suas pesquisas agora visam estabelecer critérios para a localização de novas regiões potenciais, no genoma da cepa 17D do vírus da febre amarela, para inserção de fragmentos de genoma do parasito da malária.
A equipe provou que o método desenvolvido até aqui é satisfatório. Por ele, o pesquisador define duas regiões e realiza a inserção de epítopos do parasito da malária. Cada epítopo possui cerca de apenas 15 aminoácidos, estruturas que ligadas em seqüência constituem uma proteína.
Alvos do estudo. Myrna explica que as regiões viáveis identificadas pelo Laboratório localizam-se na proteína "E", principal proteína da membrana que envolve o vírus da febre amarela. Segundo a pesquisadora, esta é uma proteína que desempenha funções importantes, tendo sido demonstrado em estudos anteriores que ela é o principal indutor de uma resposta protetora contra o vírus.
Já os epítopos da malária foram extraídos de uma proteína bastante estudada como alvo potencial para o desenvolvimento de uma vacina, a proteína CS do Plasmodium falciparum . O vírus modificado foi testado com sucesso, segundo Myrna, em camundongos e atualmente estão sendo testados em macacos rhesus.
A pesquisadora esclarece, entretanto, que estes são resultados "muito preliminares" e ainda não é possível desenvolver uma vacina com fragmentos tão pequenos do parasito, que abrangem apenas uma das fases de seu desenvolvimento.
Novidades demoram. A vacina ainda deve demorar, ressalta a pesquisadora. Segundo ela, mesmo para o futuro, já pensamos em utilizar um coquetel de vírus vacinais expressando diferentes antígenos de estágios evolutivos distintos do parasito de modo a bloquear as várias etapas do desenvolvimento do plasmódio no homem.
Mas para os que se desanimam com a complexidade e demora das pesquisas científicas, a pesquisadora traz boas notícias: já foram obtidos bons resultados com a inserção de proteínas inteiras no vírus da febre amarela, que se encontram em vias de patenteamento.
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