Estudo abre novas perspectivas no controle da esquistossomose
Com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento de um bioinseticida, uma pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) estudou as atividades tóxicas produzidas pela bactéria Brevibacillus laterosporus e a sua eficácia no controle de pragas agrícolas e de insetos e moluscos vetores de doenças. Aproximadamente 35 linhagens do microorganismo foram analisadas e os resultados mostraram que algumas delas são ativas contra Biomphalaria glabrata, caramujo hospedeiro do agente etiológico causador da esquistossomose e responsável pela transmissão da doença nas áreas de maior endemicidade nas Américas.
Muitas dessas mesmas linhagens mostraram-se tóxicas para mosquitos e lagartas de importância agrícola. “Isso foi um marco. Informações existentes na literatura sugerem que uma linhagem da Brevibacillus laterosporus russa demonstra atividade contra as larvas de mosquito e caramujo. Como possuímos várias linhagens dessa espécie aqui no laboratório, ficamos curiosos em ensaiá-las”, explica Edmar Justo de Oliveira, que desenvolveu o estudo em sua tese de mestrado no Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC.
Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC |
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Edmar prepara o reator onde a bactéria
Brevibacillus laterosporus é processada para análise |
Iniciada há cerca de quatro anos e meio, a pesquisa conta com a cooperação do Laboratório de Sistemática e Bioquímica do IOC e do Centro de Pesquisas René Rachou, unidade da Fiocruz em Belo Horizonte. “Estas parcerias são fundamentais para o estudo. No Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC fazemos todo o preparo da bactéria, primariamente multiplicada por fermentação, o que chamamos de preparo, e a formulação de biomassa. O moluscário do René Rachou faz os testes nos caramujos e o Laboratório de Sistemática e Bioquímica do IOC realiza a caracterização molecular das cepas estudadas”, ressalta Leon Rabinovitch , chefe do Laboratório de Fisiologia Bacteriana e orientador da tese juntamente com a pesquisadora Viviane Zahner, do Laboratório de Sistemática e Bioquímica do Instituto.
Rabinovitch destaca, ainda, outros aspectos importantes da pesquisa. “Além de trazer novas perspectivas para o controle de insetos vetores e pragas agrícolas, o produto que resultará do estudo não é deletério como um inseticida químico, ou seja, a agressão ao meio ambiente é praticamente nula”, comemora.
O próximo passo da pesquisa será estabelecer qual a dosagem de toxinas da bactéria que atua de forma fatal sobre os caramujos. “Estamos aprofundando os estudos para estabelecer a curva padrão que mostre qual é a dose mortal que será utilizada contra o Biomphalaria glabrata. Queremos estabelecer também um pó-padrão de alta potência letal, do total em estudo, que permita o confronto entre diferentes linhagens da Brevibacillus laterosporus”, Edmar finaliza.
Renata Fontoura
21/07/06
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