Simpósio internacional debate a descoberta de medicamentos
para doenças negligenciadas
Apesar do alto investimento em pesquisas para o desenvolvimento de medicamentos, pouca atenção tem sido dada às doenças negligenciadas, como leishmanioses, malária e doença de Chagas, que matam milhares de pessoas todos os anos pela falta de tratamentos eficazes ou adequados. Na tentativa de contribuir para reverter este quadro, a doença de Chagas e as leishmanioses, que representam importantes problemas da saúde pública, serão tema do Simpósio Descoberta e Desenvolvimento de Drogas para Doença de Chagas e Leishmanioses (Drug discovery and development for Chagas disease and Leishmaniasis), que será realizado no dia 6 de outubro (sexta-feira) em parceria pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz e a Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (Drugs for Neglected Diseases Initiative - DNDi, na sigla em inglês), uma organização não-governamental sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é criar e estimular esforços para a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos para doenças negligenciadas.
Fonte: DNDi/Médicos Sem Fronteiras |
|
|
Cerca de 35 mil pessoas morrem por dia em decorrência de doenças negligenciadas, a maioria em países em desenvolvimento, afetando principalmente as populações pobres, que não representam um mercado lucrativo para a grande maioria das empresas farmacêuticas. Estima-se que 17 milhões de pessoas estejam infectadas pelo parasito causador da doença de Chagas - o Trypanosoma cruzi - e que cerca de 120 milhões de pessoas estejam sob risco de infecção em regiões endêmicas da América Latina. No Brasil, cerca de 3 milhões de indivíduos estão infectados pelo parasito. A doença de Chagas apresenta duas fases (aguda e crônica) e pode levar a distúrbios no coração, esôfago e intestino, sendo que a forma cardíaca é a principal responsável pelos casos fatais da doença. A leishmaniose, causada por parasitos do gênero Leishmania, é uma doença que afeta cerca de 12 milhões de indivíduos, com 500 mil novos casos por ano e 350 milhões de pessoas sob risco de infecção. A Leishmaniose apresenta um elevado índice de mortalidade, sendo uma importante parasitose endêmica em 88 países de vários continentes, destacando-se países tropicais e sub-tropicais.
Apesar da inegável relevância epidemiológica destas e de outras doenças negligenciadas, segundo levantamento realizado entre 1975 e 2004 junto ao FDA órgão norte-americano responsável pela aprovação de medicamentos, dos 1.556 medicamentos aprovados para comercialização, apenas 1% era voltado para o tratamento de doenças negligenciadas. Neste contexto, para discutir novas perspectivas para a descoberta de medicamentos, o Simpósio Descoberta e Desenvolvimento de Drogas para Doença de Chagas e Leishmanioses reunirá pesquisadores nacionais e estrangeiros no auditório do Pavilhão Leônidas Deane, no campus da Fiocruz em Manguinhos (Av. Brasil, 4365 - Rio de Janeiro). Não é necessário realizar inscrição e a participação é gratuita. Vale acrescentar que as palestras serão em inglês e que não haverá tradução simultânea.
Confira a programação completa :
8h45 10h30: Apresentação do filme Chagas uma doença escondida
Ricardo Preve
Fiocruz
11h 11h10: Abertura
Paulo Buss
Presidente da Fiocruz
Reinaldo Guimarães
Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico/Fiocruz
11h10 11h20: Pesquisa e desenvolvimento de drogas para a doença de Chagas: história e desafios
Tania Araújo-Jorge
Diretora do IOC
11h20 11h30: PIDC - Programa Integrado de Doença de Chagas da Fiocruz: Pesquisa e desenvolvimento tecnológico
Rodrigo Correa-Oliveira
Centro de Pesquisas René Rachou / Fiocruz
11h30 12h10: Mesa-redonda: Tratamento para leishmanioses: desafios
Mediador: Bartira Rossi Bergmann
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ
Palestrantes
(15 minutos de apresentação e 5 minutos para debate)
Gustavo Romero
Faculdade de Medicina da Universidade de Brasilía
Tratamento tópico para leishmaniose cutânea causada por Leishmania braziliensis
Manoel Barral-Neto
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz/Fiocruz
Bases para abordagens imunoterapêuticas
12h10 12h30: Rede brasileira para o desenvolvimento de drogas para leishmanioses
Ana Rabello
Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz
13h45 14h15: Uso de posaconazol para o tratamento da doença de Chagas: situação atual
Julio Urbina
Instituto Venezuelano de Pesquisa Científica
14h15-14h30: O cão como modelo experimental para quimioterapia da doença de Chagas
Maria Terezinha Bahia
Universidade Federal de Ouro Preto
14h30 15h00: Efeito cooperativo do sistema imunológico para eficácia de drogas no tratamento de doença de Chagas experimental
Alvaro Romanha
Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz
15h00 15h30: Genoma do Trypanosoma cruzi e Leishmania spp e desenho de alvos quimioterápicos
Wim Degrave
Lab de Biologia Molecular e Diagnóstico de Doenças Infecciosas IOC
15h30 16h30: Mesa-redonda: Tratamento da doença de Chagas: estado da arte e desafios de abordagens tripanocidas e imunoterapêuticas
Mediador: Ângela Hampshire de Carvalho Santos Lopes
Instituto de Microbiologia Paulo de Góes UFRJ
Palestrantes
(15 minutos de apresentação e 5 minutos para debate)
José Rodrigues Coura
Departamento de Medicina Tropical IOC
Doença de Chagas: o que é necessário?
Ricardo Ribeiro dos Santos
Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz/Fiocruz
Terapia celular na cardiopatia Chagásica
Julio Scharfstein
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ
Ativação de receptores de bradicinina em células dendríticas: potencialização do efeito adjuvante em novas formulações de vacinas contra patógenos intracelulares
Bel Levy
04/10/2006 |