Experiência de Paudalho
No inÃcio do século XX as expedições cientÃficas do Instituto Oswaldo Cruz ao interior do paÃs procuravam identificar doenças. A tradição expedicionária se expande cem anos mais tarde, levando ciência, saúde, educação e cultura com foco na ação sobre as doenças, mirando o combate à pobreza. Paudalho, no interior de Pernambuco, recebeu a iniciativa piloto.
No inÃcio do século XX, pesquisadores deixaram seus laboratórios para desbravar os cantões do Brasil, mapeando e descobrindo doenças: este era o perfil dos cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que participaram das famosas Expedições CientÃficas para descrever o quadro da saúde no interior do paÃs. Hoje, o desafio é diferente.
A perspectiva é de agir sobre o cenário atual da saúde, que é diferente em cada região, e que associa seus determinantes biológicos aos determinantes sociais da saúde, como renda, educação, habitação, saneamento e outros. A proposta do projeto ‘Ciência, educação e cultura para a saúde e a superação da pobreza’, desenvolvido pelo IOC agregando diversas unidades da Fiocruz, assume justamente este objetivo.
A primeira parada, em caráter piloto, ocorreu de 23 a 27 de janeiro, no municÃpio de Paudalho, no interior de Pernambuco.
Os pouco mais de 50 mil moradores da cidade participaram de atividades na praça, sessões de cinema, oficinas e exposição a céu aberto. Para 40 professores, agentes de saúde e estudantes da localidade, o curso de férias ‘Saúde é o que interessa, doença é o que não presta’ abordou temas de saúde.
O foco principal são as doenças associadas à pobreza, como esquistossomose, tuberculose, geohelmintoses, hansenÃase e filariose. Combinar promoção da saúde com prevenção de doenças implica em conhecimento, troca de saberes e aplicação de conhecimentos. Implica em mudanças culturais locais, onde as escolas, as unidades básicas de saúde e os grupos culturais têm um papel muito relevante.
Atingir esse público, difundir e trocar conhecimentos, sensibilizar e mobilizar as pessoas é o principal objetivo das expedições contemporâneas da Fiocruz, que começarão pelo Nordeste e se espalharão por todo o paÃs, consolidando nossas redes de parcerias.
Parcerias
A iniciativa está integrada ao Programa Brasil Sem Miséria, do Governo Federal, e conta com numerosos parceiros: Ministério do Desenvolvimento Social, Governo do Estado de Pernambuco, Fiocruz Pernambuco, Fiocruz BrasÃlia, Fiocruz Minas, Fiocruz Bahia, Instituto de Informação CientÃfica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e Diretoria de Planejamento (Diplan/Fiocruz).
Articular tantos parceiros foi um desdobramento natural do papel provocativo que o Instituto assume no campo das doenças negligenciadas da pobreza. A ação em Paudalho foi uma verdadeira prova de fogo para o formato de ação planejado.
Nova versão
A ideia de retomar as expedições do Instituto Oswaldo Cruz aos sertões do Brasil (1911-1913), quando Carlos Chagas, Arthur Neiva, Belizário Penna e outros cientistas da época descreveram a situação de saúde em profundos rincões, partiu da identificação da pobreza como um problema que persiste.
O Brasil já retirou 40 milhões de pessoas da faixa da pobreza e alterou parte dos principais determinantes sociais das doenças transmissÃveis. Isto, associado à promoção da saúde e a intervenções preventivas e curativas, já reduziu de mais de 50% para menos de 5% o impacto das doenças infecciosas na mortalidade da população. No entanto, restam 16,2 milhões de brasileiros na extrema pobreza.
O enfrentamento das doenças infecciosas da pobreza se concentra exatamente nas localidades em que estão as pessoas mais pobres, foco agora das ações do Plano Brasil sem Miséria.