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"Um grande desafio em relação à esquistossomose é priorizar o enfrentamento da doença num país em que existem inúmeras situações de emergência em saúde pública. A visibilidade é o primeiro passo para que possam ser cumpridas as ações de eliminação", destacou Jeann Marie Marcelino, responsável técnica pelo Programa de Esquistossomose do Ministério da Saúde.
A especialista abordou o panorama da doença e os desafios para a eliminação do agravo como problema de saúde pública no Brasil em conferência realizada no primeiro dia da 15ª edição do Simpósio Internacional de Esquistossomose, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. O encontro, que reúne quase 500 pessoas, discute avanços e perspectivas sobre a doença até o dia 03/08.
Segundo Jeann Marie, meta é a eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública e o controle de doenças parasitárias intestinais. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzSegundo estimativas do Ministério da Saúde, a esquistossomose pode atingir até 1,5 milhão de pessoas no país. Em 2016, foram registradas pelo menos 500 mortes em decorrência da infecção e cerca de 20 mil novos casos. O plano de ação para o enfrentamento da esquistossomose, que também contempla outras geo-helmintíases (ou verminoses), recobre o período de 2019 a 2022.
De acordo com Jeann Marie, a meta é a eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública e o controle de doenças parasitárias intestinais. Para isso, a estratégia visa o fortalecimento da vigilância epidemiológica, a ampliação do acesso à atenção básica para o diagnóstico precoce e o manejo adequado dos casos clínicos. O plano contempla, ainda, o mapeamento de áreas de risco, a vigilância dos caramujos (hospedeiros intermediários da doença) e a implementação de medidas de sustentabilidade para a eliminação com ênfase na educação em saúde e melhorias de saneamento nas principais áreas afetadas.
Na conferência, responsável técnica pelo Programa de Esquistossomose do Ministério da Saúde detalhou o plano de ação para o período de 2019 a 2022. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzPara a elaboração do documento, foi realizado um mapeamento das áreas de risco com base em um conjunto de informações, que levou em consideração dados do Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose e Geo-helmintoses (2011-2015), do Sistema de Informação do Programa de Controle da Esquistossomose (SISPCE) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
O levantamento chegou ao número preliminar de 271 municípios alvo para as ações do plano. “As localidades reúnem características epidemiológicas como a proporção relevante de portadores da doença. Verificamos que, de forma geral, a maioria desses municípios apresenta baixos índices de desenvolvimento humano, concentram áreas que precisam de melhorias sanitárias e possuem população menor do que 50 mil habitantes”, explicou Jeann Marie. Hoje, os casos da doença estão concentrados em áreas endêmicas dos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe, na Região Nordeste, e Minas Gerais e Espírito Santo, no Sudeste.
Simpósio reúne cerca de 500 participantes, entre especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores públicos e estudantes de graduação e pós-graduação. Fotos: Peter Ilicciev/Fiocruz / Arte: Jefferson MendesOs próximos passos para a execução do plano incluem reuniões estratégicas com coordenações estabelecidas em estados considerados endêmicos na busca de definir ações com base nas particularidades de cada localidade. “O enfrentamento de doenças tropicais negligenciadas, como a esquistossomose, permanece um desafio”, afirmou Jeann Marie, destacando que é fundamental atuar em diferentes frentes, incluindo a validação de novos testes de diagnóstico, a formulação de materiais de educação em saúde e o reforço da capacitação de profissionais que atuam na atenção básica.
A 15ª edição do ‘Simpósio Internacional sobre Esquistossomose’ é promovida pelo Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fundação Oswaldo Cruz (Fio-Schisto) – ligado à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Realizado no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, no Rio de Janeiro (Av. Atlântica, 3.264), o encontro reúne renomados especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores de políticas públicas e estudantes de graduação e pós-graduação. Conferências, mesas-redondas e minicursos compõem a programação, abordando a doença a partir de perspectivas diversificadas, como aspectos da genômica, imunopatologia, bioquímica, biologia molecular e epidemiologia.
Entre os mais de 80 trabalhos inscritos para apresentação nas sessões de pôsteres do evento, estão pesquisas sobre epidemiologia, controle da doença, educação, imunopatologia, biologia molecular, bioquímica, hospedeiro intermediário, diagnóstico, tratamento e manifestações clínicas. Fotos: Peter Ilicciev/Fiocruz / Arte: Jefferson MendesO evento conta com o apoio financeiro da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), Presidência da Fiocruz, Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e Instituto de Saúde Global da Merck. O evento conta ainda com o apoio do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz-Minas), Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz-Pernambuco), Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz-Bahia), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
No dia anterior à abertura do Simpósio, o Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto) realizou seu 16º encontro reunindo pesquisadores das diferentes Unidades da Fundação para discutir os desafios da doença. A rede Fio-Schisto promove a interação entre seus participantes e busca atuar junto à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Atualmente, os pesquisadores do Fio-Schisto estão envolvidos no desenvolvimento de um método para identificar pacientes de esquistossomose com baixa carga parasitária. Roberto Sena, coordenador do Fio-Schisto, explica que a prevalência da doença no país caiu. Isso significa dizer que o número de casos diminuiu significativamente, o que é um excelente sinal por um lado, mas também representa novos desafios. “O tratamento favoreceu a queda da doença. Agora, novos métodos de diagnóstico precisam ser estimulados para que seja possível identificar os casos em que o número de parasitas no indivíduo é menor”, apontou.
Além disso, a Fiocruz, por meio de Far-Manguinhos, participa de um consórcio internacional para o desenvolvimento de uma nova formulação de uso pediátrico do medicamento praziquantel, já produzido por Far-Manguinhos para uso adulto.
O Programa de Pesquisa Translacional é uma iniciativa da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz. Atualmente, são 12 programas em atividade no desenvolvimento de ferramentas e respostas para o controle de agravos relevantes no cenário epidemiológico do Brasil.
Causado pelo verme Schistosoma mansoni, o agravo tem caramujos do gênero Biomphalaria como hospedeiros intermediários e seres humanos como hospedeiros definitivos. A transmissão ocorre quando o indivíduo entra em contato com água – como córregos, riachos e lagoas – infectada com larvas do parasito (cercárias) capazes de penetrar a pele. Funciona como um ciclo: o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes. Em contato com a água, os ovos eclodem, liberam larvas (miracídios) capazes de infectar o caramujo. Após quatro semanas, elas adquirem a forma de cercárias, podendo então infectar novos indivíduos. Relacionada sobretudo a condições precárias de saneamento, a esquistossomose é uma das doenças negligenciadas reconhecidas pela OMS.
*Com informações de Kath Lousada (Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas / Fiocruz)
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"Um grande desafio em relação à esquistossomose é priorizar o enfrentamento da doença num país em que existem inúmeras situações de emergência em saúde pública. A visibilidade é o primeiro passo para que possam ser cumpridas as ações de eliminação", destacou Jeann Marie Marcelino, responsável técnica pelo Programa de Esquistossomose do Ministério da Saúde.
A especialista abordou o panorama da doença e os desafios para a eliminação do agravo como problema de saúde pública no Brasil em conferência realizada no primeiro dia da 15ª edição do Simpósio Internacional de Esquistossomose, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. O encontro, que reúne quase 500 pessoas, discute avanços e perspectivas sobre a doença até o dia 03/08.
Segundo Jeann Marie, meta é a eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública e o controle de doenças parasitárias intestinais. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzSegundo estimativas do Ministério da Saúde, a esquistossomose pode atingir até 1,5 milhão de pessoas no país. Em 2016, foram registradas pelo menos 500 mortes em decorrência da infecção e cerca de 20 mil novos casos. O plano de ação para o enfrentamento da esquistossomose, que também contempla outras geo-helmintíases (ou verminoses), recobre o período de 2019 a 2022.
De acordo com Jeann Marie, a meta é a eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública e o controle de doenças parasitárias intestinais. Para isso, a estratégia visa o fortalecimento da vigilância epidemiológica, a ampliação do acesso à atenção básica para o diagnóstico precoce e o manejo adequado dos casos clínicos. O plano contempla, ainda, o mapeamento de áreas de risco, a vigilância dos caramujos (hospedeiros intermediários da doença) e a implementação de medidas de sustentabilidade para a eliminação com ênfase na educação em saúde e melhorias de saneamento nas principais áreas afetadas.
Na conferência, responsável técnica pelo Programa de Esquistossomose do Ministério da Saúde detalhou o plano de ação para o período de 2019 a 2022. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzPara a elaboração do documento, foi realizado um mapeamento das áreas de risco com base em um conjunto de informações, que levou em consideração dados do Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose e Geo-helmintoses (2011-2015), do Sistema de Informação do Programa de Controle da Esquistossomose (SISPCE) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
O levantamento chegou ao número preliminar de 271 municípios alvo para as ações do plano. “As localidades reúnem características epidemiológicas como a proporção relevante de portadores da doença. Verificamos que, de forma geral, a maioria desses municípios apresenta baixos índices de desenvolvimento humano, concentram áreas que precisam de melhorias sanitárias e possuem população menor do que 50 mil habitantes”, explicou Jeann Marie. Hoje, os casos da doença estão concentrados em áreas endêmicas dos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe, na Região Nordeste, e Minas Gerais e Espírito Santo, no Sudeste.
Simpósio reúne cerca de 500 participantes, entre especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores públicos e estudantes de graduação e pós-graduação. Fotos: Peter Ilicciev/Fiocruz / Arte: Jefferson MendesOs próximos passos para a execução do plano incluem reuniões estratégicas com coordenações estabelecidas em estados considerados endêmicos na busca de definir ações com base nas particularidades de cada localidade. “O enfrentamento de doenças tropicais negligenciadas, como a esquistossomose, permanece um desafio”, afirmou Jeann Marie, destacando que é fundamental atuar em diferentes frentes, incluindo a validação de novos testes de diagnóstico, a formulação de materiais de educação em saúde e o reforço da capacitação de profissionais que atuam na atenção básica.
A 15ª edição do ‘Simpósio Internacional sobre Esquistossomose’ é promovida pelo Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fundação Oswaldo Cruz (Fio-Schisto) – ligado à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Realizado no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, no Rio de Janeiro (Av. Atlântica, 3.264), o encontro reúne renomados especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores de políticas públicas e estudantes de graduação e pós-graduação. Conferências, mesas-redondas e minicursos compõem a programação, abordando a doença a partir de perspectivas diversificadas, como aspectos da genômica, imunopatologia, bioquímica, biologia molecular e epidemiologia.
Entre os mais de 80 trabalhos inscritos para apresentação nas sessões de pôsteres do evento, estão pesquisas sobre epidemiologia, controle da doença, educação, imunopatologia, biologia molecular, bioquímica, hospedeiro intermediário, diagnóstico, tratamento e manifestações clínicas. Fotos: Peter Ilicciev/Fiocruz / Arte: Jefferson MendesO evento conta com o apoio financeiro da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), Presidência da Fiocruz, Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e Instituto de Saúde Global da Merck. O evento conta ainda com o apoio do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz-Minas), Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz-Pernambuco), Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz-Bahia), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
No dia anterior à abertura do Simpósio, o Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto) realizou seu 16º encontro reunindo pesquisadores das diferentes Unidades da Fundação para discutir os desafios da doença. A rede Fio-Schisto promove a interação entre seus participantes e busca atuar junto à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Atualmente, os pesquisadores do Fio-Schisto estão envolvidos no desenvolvimento de um método para identificar pacientes de esquistossomose com baixa carga parasitária. Roberto Sena, coordenador do Fio-Schisto, explica que a prevalência da doença no país caiu. Isso significa dizer que o número de casos diminuiu significativamente, o que é um excelente sinal por um lado, mas também representa novos desafios. “O tratamento favoreceu a queda da doença. Agora, novos métodos de diagnóstico precisam ser estimulados para que seja possível identificar os casos em que o número de parasitas no indivíduo é menor”, apontou.
Além disso, a Fiocruz, por meio de Far-Manguinhos, participa de um consórcio internacional para o desenvolvimento de uma nova formulação de uso pediátrico do medicamento praziquantel, já produzido por Far-Manguinhos para uso adulto.
O Programa de Pesquisa Translacional é uma iniciativa da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz. Atualmente, são 12 programas em atividade no desenvolvimento de ferramentas e respostas para o controle de agravos relevantes no cenário epidemiológico do Brasil.
Causado pelo verme Schistosoma mansoni, o agravo tem caramujos do gênero Biomphalaria como hospedeiros intermediários e seres humanos como hospedeiros definitivos. A transmissão ocorre quando o indivíduo entra em contato com água – como córregos, riachos e lagoas – infectada com larvas do parasito (cercárias) capazes de penetrar a pele. Funciona como um ciclo: o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes. Em contato com a água, os ovos eclodem, liberam larvas (miracídios) capazes de infectar o caramujo. Após quatro semanas, elas adquirem a forma de cercárias, podendo então infectar novos indivíduos. Relacionada sobretudo a condições precárias de saneamento, a esquistossomose é uma das doenças negligenciadas reconhecidas pela OMS.
*Com informações de Kath Lousada (Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas / Fiocruz)
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)