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A multidisciplinaridade como foco

A atuação de grupos de diferentes áreas do conhecimento dedicados ao combate à esquistossomose foi um dos destaques no primeiro dia do 15º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose
Por Vinicius Ferreira02/08/2018 - Atualizado em 29/03/2021

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A mesa-redonda dedicada a iniciativas globais e multinacionais para eliminação da esquistossomose, realizada no primeiro dia do 15º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, ressaltou a necessidade de parcerias entre instituições de pesquisa e ensino e entidades governamentais, além de gestores públicos em todas as frentes de combate à doença.

Coordenada pelo cientista Amadou Garba, que integra o Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a atividade contou com a presença dos especialistas Jutta Reinhard-Rupp, da Global Schistosomiasis Alliance (GSA); Russell Stothard, da Liverpool School of Tropical Medicine (Reino Unido); e Daniel Colley, da University of Georgia (Estados Unidos).

Especialistas relataram experiências de ações colaborativas que buscam promover o avanço das pesquisas e a eliminação da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

 

Ação em conjunto

A primeira apresentação coube a Jutta Reinhard-Rupp, da Global Schistosomiasis Alliance (GSA – Aliança Global de Esquistossomose, em tradução livre). Ela relatou que, assim que começou a se dedicar ao combate à doença, as parcerias no tema, apesar de numerosas, eram muito fragmentadas. Já os programas de doação de medicamentos para tratamento da doença, além de por vezes escassos, eram descoordenados.

Com atuação sobretudo na África, a Aliança procura promover articulações: foi fundada com a missão de promover o compartilhamento do conhecimento técnico, o alinhamento entre parceiros dedicados ao enfrentamento da doença e a ampliação da adesão à perspectiva de eliminação da doença. Para isso, procura captar novos doadores e fidelizar os antigos, assim como incentivar novas gerações de cientistas. “Nossas ações estão interligadas às definições de políticas públicas da Organização Mundial da Saúde. Precisamos ser mais ativos e mobilizar a pesquisa para termos unidade. Sei que avançamos individualmente, mas precisamos agir em conjunto”, declarou.

Segundo Jutta Reinhard-Rupp, captar doadores e incentivar novas gerações de cientistas são estratégias desenvolvidas pela Global Schistosomiasis Alliance. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

 

O trabalho não pode parar

“Não há apenas uma solução para a esquistossomose. Tudo tem que ser considerado detalhadamente, como a evolução do parasita, a epidemiologia da doença, as etapas do trabalho de campo, os hábitos da população e, ainda, a melhor forma de distribuição do medicamento para tratamento dos indivíduos afetados’’, enfatizou o especialista Russell Stothard, da Liverpool School of Tropical Medicine (Reino Unido) e diretor do consórcio Countdown, que reúne profissionais inovadores e multidisciplinares dedicados ao estudo de doenças tropicais negligenciadas.

Com forte atuação na África, em especial em Camarões, Gana, Libéria e Nigéria, o grupo se dedica a estudar os fatores que influenciam na oferta do praziquantel, medicamento atualmente utilizado para tratamento da esquistossomose. O gênero do indivíduo infectado e os locais de distribuição (de casa em casa ou em comunidades escolares, por exemplo) foram alguns dos pontos identificados como potenciais obstáculos na missão de levar tratamento a quem precisa.

"Um tratamento baseado somente na escola não é suficiente. Dependendo da realidade da região, muitas crianças e jovens não têm acesso a essas instituições. Com isso, continuam se infectando e transmitindo a doença para familiares, vizinhos e amigos que frequentam os mesmos locais de água doce com focos de caramujos”, salientou Stothard.

Fatores que impactam o acesso ao tratamento na África foram identificados pelo consórcio de cientistas Countdown, dirigido por Russell Stothard. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Pelo mundo afora

Com especialistas provenientes de 26 instituições em 19 países, a iniciativa SCORE (Consórcio de Esquistossomose para Pesquisa e Avaliação Operacional, em tradução livre) tem como missão realizar pesquisa operacional para definir aquilo que os especialistas precisam para atuarem de forma mais precisa e eficaz. Após longo estudo que avaliou a administração do medicamento em populações da África, o grupo encontrou resultados relevantes, como o tempo necessário para tratamento com praziquantel.

“Identificamos, por exemplo, que iniciar o tratamento em massa em regiões com prevalência de infecção menor ou igual a 25% da população, ao longo de quatro anos, torna o tratamento mais efetivo, porém não foi capaz de eliminar a doença”, comentou Daniel Colley, diretor do consórcio, fundado em 2008.

Os estudos conduzidos pelo consórcio também observaram que o monitoramento do impacto da administração em massa do medicamento em determinada região realizado em dois episódios ao longo do ano pode levar a decisões de uso mais efetivas, na medida em que permite a adoção de intervenções adicionais. “Existe um objetivo mundial de eliminação e, por mais que haja obstáculos, sei que podemos alcançá-lo”, destacou, ressaltando a relevância de mapeamentos precisos, que identifiquem as áreas que exigem maior atenção para que se possa chegar à eliminação. “Quando é estabelecido um projeto em termos de saúde pública estabelecemos um compromisso para passar de uma meta a outra de forma consciente”, ponderou Daniel.

 

*Reportagem: Agatha Ariel e Vinicius Ferreira

A atuação de grupos de diferentes áreas do conhecimento dedicados ao combate à esquistossomose foi um dos destaques no primeiro dia do 15º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose
Por: 
viniciusferreira

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A mesa-redonda dedicada a iniciativas globais e multinacionais para eliminação da esquistossomose, realizada no primeiro dia do 15º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, ressaltou a necessidade de parcerias entre instituições de pesquisa e ensino e entidades governamentais, além de gestores públicos em todas as frentes de combate à doença.

Coordenada pelo cientista Amadou Garba, que integra o Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a atividade contou com a presença dos especialistas Jutta Reinhard-Rupp, da Global Schistosomiasis Alliance (GSA); Russell Stothard, da Liverpool School of Tropical Medicine (Reino Unido); e Daniel Colley, da University of Georgia (Estados Unidos).

Especialistas relataram experiências de ações colaborativas que buscam promover o avanço das pesquisas e a eliminação da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

 

Ação em conjunto

A primeira apresentação coube a Jutta Reinhard-Rupp, da Global Schistosomiasis Alliance (GSA – Aliança Global de Esquistossomose, em tradução livre). Ela relatou que, assim que começou a se dedicar ao combate à doença, as parcerias no tema, apesar de numerosas, eram muito fragmentadas. Já os programas de doação de medicamentos para tratamento da doença, além de por vezes escassos, eram descoordenados.

Com atuação sobretudo na África, a Aliança procura promover articulações: foi fundada com a missão de promover o compartilhamento do conhecimento técnico, o alinhamento entre parceiros dedicados ao enfrentamento da doença e a ampliação da adesão à perspectiva de eliminação da doença. Para isso, procura captar novos doadores e fidelizar os antigos, assim como incentivar novas gerações de cientistas. “Nossas ações estão interligadas às definições de políticas públicas da Organização Mundial da Saúde. Precisamos ser mais ativos e mobilizar a pesquisa para termos unidade. Sei que avançamos individualmente, mas precisamos agir em conjunto”, declarou.

Segundo Jutta Reinhard-Rupp, captar doadores e incentivar novas gerações de cientistas são estratégias desenvolvidas pela Global Schistosomiasis Alliance. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

 

O trabalho não pode parar

“Não há apenas uma solução para a esquistossomose. Tudo tem que ser considerado detalhadamente, como a evolução do parasita, a epidemiologia da doença, as etapas do trabalho de campo, os hábitos da população e, ainda, a melhor forma de distribuição do medicamento para tratamento dos indivíduos afetados’’, enfatizou o especialista Russell Stothard, da Liverpool School of Tropical Medicine (Reino Unido) e diretor do consórcio Countdown, que reúne profissionais inovadores e multidisciplinares dedicados ao estudo de doenças tropicais negligenciadas.

Com forte atuação na África, em especial em Camarões, Gana, Libéria e Nigéria, o grupo se dedica a estudar os fatores que influenciam na oferta do praziquantel, medicamento atualmente utilizado para tratamento da esquistossomose. O gênero do indivíduo infectado e os locais de distribuição (de casa em casa ou em comunidades escolares, por exemplo) foram alguns dos pontos identificados como potenciais obstáculos na missão de levar tratamento a quem precisa.

"Um tratamento baseado somente na escola não é suficiente. Dependendo da realidade da região, muitas crianças e jovens não têm acesso a essas instituições. Com isso, continuam se infectando e transmitindo a doença para familiares, vizinhos e amigos que frequentam os mesmos locais de água doce com focos de caramujos”, salientou Stothard.

Fatores que impactam o acesso ao tratamento na África foram identificados pelo consórcio de cientistas Countdown, dirigido por Russell Stothard. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Pelo mundo afora

Com especialistas provenientes de 26 instituições em 19 países, a iniciativa SCORE (Consórcio de Esquistossomose para Pesquisa e Avaliação Operacional, em tradução livre) tem como missão realizar pesquisa operacional para definir aquilo que os especialistas precisam para atuarem de forma mais precisa e eficaz. Após longo estudo que avaliou a administração do medicamento em populações da África, o grupo encontrou resultados relevantes, como o tempo necessário para tratamento com praziquantel.

“Identificamos, por exemplo, que iniciar o tratamento em massa em regiões com prevalência de infecção menor ou igual a 25% da população, ao longo de quatro anos, torna o tratamento mais efetivo, porém não foi capaz de eliminar a doença”, comentou Daniel Colley, diretor do consórcio, fundado em 2008.

Os estudos conduzidos pelo consórcio também observaram que o monitoramento do impacto da administração em massa do medicamento em determinada região realizado em dois episódios ao longo do ano pode levar a decisões de uso mais efetivas, na medida em que permite a adoção de intervenções adicionais. “Existe um objetivo mundial de eliminação e, por mais que haja obstáculos, sei que podemos alcançá-lo”, destacou, ressaltando a relevância de mapeamentos precisos, que identifiquem as áreas que exigem maior atenção para que se possa chegar à eliminação. “Quando é estabelecido um projeto em termos de saúde pública estabelecemos um compromisso para passar de uma meta a outra de forma consciente”, ponderou Daniel.

 

*Reportagem: Agatha Ariel e Vinicius Ferreira

Edição: 
Raquel Aguiar

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)