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Um dos mais renomados pesquisadores da esquistossomose no Brasil, Naftale Katz foi homenageado com o título de presidente honorário da 15ª edição do Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Pesquisador do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), Katz atua há mais de 50 anos no estudo da doença.
A dedicação e o compromisso do pesquisador foram reconhecidos na cerimônia de abertura realizada ao final do primeiro dia do Simpósio, em 01/08. Já o especialista Amadou Garba, membro do Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), proferiu a principal conferência do dia, focada nas recomendações da entidade para a eliminação da doença.
Ficou a cargo de Roberto Sena, coordenador do Programa Translacional de Pesquisa em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto), homenagear Katz, que também possui o título de pesquisador emérito da Fiocruz. Nas palavras de Sena, o reconhecimento é também um agradecimento por sua dedicação ao tema. “Na história científica dele, só para se ter uma ideia, publicou mais de 290 artigos originais em revistas nacionais e internacionais, em sua quase totalidade sobre esquistossomose e geohelmintos, além de ter sido coinventor do método de diagnóstico parasitário Kato-Katz”, destacou.
Após ser homenageado, Katz fez um panorama da esquistossomose no Brasil e destacou dados que fornecem dimensão dos avanços e desafios para o controle da doença. “Foi realizado um inquérito nacional sobre o agravo em 40 municípios de 26 estados na década de 1950. Nessa época, havia 10% de prevalência da doença. No mais recente levantamento, identificamos que o índice foi reduzido para 1%. Deve haver uma maior atenção ao saneamento, pois apenas o tratamento não fará a doença ser eliminada”, ponderou.
Autor de mais de 290 artigos científicos, o pesquisador da Fiocruz Minas Naftale Katz defendeu importância do saneamento para eliminação da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz
A presidente da Fiocruz Nísia Trindade Lima destacou a relevância da pesquisa e das ações de combate à esquistossomose na realidade socioeconômica brasileira reforçando que, no conceito de doença negligenciada, em que a esquistossomose está inserida, é central destacar o negligenciamento das populações afetadas. Nísia enfatizou a importância da adoção de políticas públicas continuadas que garantam o trabalho de pesquisa e ações junto à população.
A presidente também chamou a atenção para dados do inquérito sobre prevalência de casos de esquistossomose, coordenado por Naftale Katz: os avanços do Brasil no controle da doença; os avanços no saneamento, ainda que em ritmo lento, comparativamente a outros progressos; a importância de programas sociais com foco na eliminação de pobreza; e a estratégia da saúde da família, com destaque para os agentes comunitários de saúde da atenção básica. Citou, ainda, o trabalho integrado de saúde pública, ao lado de novas tecnologias, da inovação em medicamentos e nas formas de tratamento, aliados à mobilização social. “A continuidade destas políticas é um desafio colocado”, pontuou Nísia.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que é preciso desenvolver políticas públicas continuadas para o enfrentamento da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzO vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa de Oliveira, comentou sobre os avanços do Programa Translacional Fio-Schisto e destacou a felicidade em poder dizer que, agora, há mais discussão sobre a eliminação da esquistossomose do que sobre seu controle. “Para nós, pesquisadores que trabalhamos nesta doença por muito anos, isso mostra que seguimos o caminho correto”, opinou.
Rodrigo ressaltou, no entanto, que ainda é necessário avançar na compreensão sobre os aspectos patológicos da esquistossomose, pois a forma grave da infecção não é facilmente encontrada no Brasil e, havendo outras doenças associadas, o diagnóstico se torna mais complexo.
Já a pesquisadora Tereza Favre, presidente do Simpósio, ressaltou a importância da articulação entre pesquisa científica, políticas públicas e programas de controle da doença. “Não há ‘fórmula mágica’ para a eliminação da esquistossomose. As estratégias de informação, educação e comunicação em saúde, e a promoção de melhorias de saneamento, que incluem o tratamento e fornecimento de água potável, precisam ser fortemente incluídas ao arsenal de armas para o enfrentamento da esquistossomose e de outras doenças associadas e perpetuadoras da pobreza”, ressaltou Tereza, que é pesquisadora do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Presidente do Simpósio, a pesquisadora Tereza Favre ressaltou a necessidade de combinar diferentes estratégias para controlar a doença. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzParticipando do Simpósio pela segunda vez, o especialista Amadou Garba, integrante do Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), enalteceu a qualidade das apresentações realizadas ao longo do primeiro dia do evento. “Que as experiências trocadas entre todos os participantes sejam transformadas em ações capazes de mudar vidas”, frisou.
O representante da OMS também ressaltou a evolução do simpósio, que chega a sua 15ª edição. "Tive a honra de participar dessa iniciativa há 10 anos atrás ministrando uma palestra sobre a necessidade de integração dos sistemas de saúde, fator primordial para o controle da doença. Não tenho dúvidas de que conseguiremos alcançar esse objetivo e esse simpósio está contribuindo para isso", disse.
Representante do Ministério da Saúde, André Luiz de Abreu destacou a importância da participação de jovens pesquisadores e estudantes no evento. “Neste auditório, repleto de jovens, eu vejo paixão e mobilização social. Muitos avanços na pesquisa científica relacionados à esquistossomose podem ser atribuídos ao empenho e dedicação de pessoas que trabalham com compromisso”, ressaltou Abreu, que dirige o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.
Para o especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Santiago Nicholls, a reunião científica é uma oportunidade para o compartilhamento de informações entre os países. “Para atingir a meta de eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública, é importante investir em abordagens que levem em consideração a atuação de diferentes setores, com especial atenção para os determinantes sociais da doença. Para a Opas, é importante contar com a expertise de especialistas sobre o tema”, destacou.
Na sequência à cerimônia de abertura, Amadou Garba, da OMS, realizou conferência sobre as recomendações da entidade para a meta de eliminação da esquistossomose. Desde o lançamento da estratégia de terapia preventiva pela entidade, em 2006, mais de 66 milhões de pessoas foram tratadas em áreas endêmicas, resultando em uma redução significativa da prevalência da infecção e da carga da doença. O número de pessoas que precisam de tratamento periódico diminuiu de 258,8 milhões, em 2014, para 206,4 milhões, em 2016.
Membro do Programa de Controle da Esquistossomose da OMS, Amadou Garba afirmou que estratégia de terapia preventiva vem resultando em redução da prevalência da infecção. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz“É necessário implementar intervenções públicas de saúde para gerar soluções, além do tratamento preventivo. Acesso a água potável, saneamento básico, hábitos de higiene, controle do caramujo, incentivo a novas práticas agrícolas – em especial, em locais onde o indivíduo é obrigado a trabalhar sem proteção em áreas com histórico de infecção – e aumento do monitoramento e vigilância da doença”, destacou.
Em relação aos desafios no enfrentamento à doença, o especialista ressaltou que um grande número de pessoas ainda necessita receber o tratamento preventivo, incluindo, por exemplo, adultos em áreas de risco – e não apenas crianças em idade escolar, público-alvo prioritário em diversas regiões do mundo. “A captação de recursos financeiros por meio de doações seria um caminho facilitador para ampliação do acesso ao tratamento”, defendeu.
*Com informações de Kath Lousada (Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas / Fiocruz)
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Um dos mais renomados pesquisadores da esquistossomose no Brasil, Naftale Katz foi homenageado com o título de presidente honorário da 15ª edição do Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Pesquisador do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), Katz atua há mais de 50 anos no estudo da doença.
A dedicação e o compromisso do pesquisador foram reconhecidos na cerimônia de abertura realizada ao final do primeiro dia do Simpósio, em 01/08. Já o especialista Amadou Garba, membro do Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), proferiu a principal conferência do dia, focada nas recomendações da entidade para a eliminação da doença.
Ficou a cargo de Roberto Sena, coordenador do Programa Translacional de Pesquisa em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto), homenagear Katz, que também possui o título de pesquisador emérito da Fiocruz. Nas palavras de Sena, o reconhecimento é também um agradecimento por sua dedicação ao tema. “Na história científica dele, só para se ter uma ideia, publicou mais de 290 artigos originais em revistas nacionais e internacionais, em sua quase totalidade sobre esquistossomose e geohelmintos, além de ter sido coinventor do método de diagnóstico parasitário Kato-Katz”, destacou.
Após ser homenageado, Katz fez um panorama da esquistossomose no Brasil e destacou dados que fornecem dimensão dos avanços e desafios para o controle da doença. “Foi realizado um inquérito nacional sobre o agravo em 40 municípios de 26 estados na década de 1950. Nessa época, havia 10% de prevalência da doença. No mais recente levantamento, identificamos que o índice foi reduzido para 1%. Deve haver uma maior atenção ao saneamento, pois apenas o tratamento não fará a doença ser eliminada”, ponderou.
Autor de mais de 290 artigos científicos, o pesquisador da Fiocruz Minas Naftale Katz defendeu importância do saneamento para eliminação da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz
A presidente da Fiocruz Nísia Trindade Lima destacou a relevância da pesquisa e das ações de combate à esquistossomose na realidade socioeconômica brasileira reforçando que, no conceito de doença negligenciada, em que a esquistossomose está inserida, é central destacar o negligenciamento das populações afetadas. Nísia enfatizou a importância da adoção de políticas públicas continuadas que garantam o trabalho de pesquisa e ações junto à população.
A presidente também chamou a atenção para dados do inquérito sobre prevalência de casos de esquistossomose, coordenado por Naftale Katz: os avanços do Brasil no controle da doença; os avanços no saneamento, ainda que em ritmo lento, comparativamente a outros progressos; a importância de programas sociais com foco na eliminação de pobreza; e a estratégia da saúde da família, com destaque para os agentes comunitários de saúde da atenção básica. Citou, ainda, o trabalho integrado de saúde pública, ao lado de novas tecnologias, da inovação em medicamentos e nas formas de tratamento, aliados à mobilização social. “A continuidade destas políticas é um desafio colocado”, pontuou Nísia.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que é preciso desenvolver políticas públicas continuadas para o enfrentamento da esquistossomose. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzO vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa de Oliveira, comentou sobre os avanços do Programa Translacional Fio-Schisto e destacou a felicidade em poder dizer que, agora, há mais discussão sobre a eliminação da esquistossomose do que sobre seu controle. “Para nós, pesquisadores que trabalhamos nesta doença por muito anos, isso mostra que seguimos o caminho correto”, opinou.
Rodrigo ressaltou, no entanto, que ainda é necessário avançar na compreensão sobre os aspectos patológicos da esquistossomose, pois a forma grave da infecção não é facilmente encontrada no Brasil e, havendo outras doenças associadas, o diagnóstico se torna mais complexo.
Já a pesquisadora Tereza Favre, presidente do Simpósio, ressaltou a importância da articulação entre pesquisa científica, políticas públicas e programas de controle da doença. “Não há ‘fórmula mágica’ para a eliminação da esquistossomose. As estratégias de informação, educação e comunicação em saúde, e a promoção de melhorias de saneamento, que incluem o tratamento e fornecimento de água potável, precisam ser fortemente incluídas ao arsenal de armas para o enfrentamento da esquistossomose e de outras doenças associadas e perpetuadoras da pobreza”, ressaltou Tereza, que é pesquisadora do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Presidente do Simpósio, a pesquisadora Tereza Favre ressaltou a necessidade de combinar diferentes estratégias para controlar a doença. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzParticipando do Simpósio pela segunda vez, o especialista Amadou Garba, integrante do Programa de Controle da Esquistossomose do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), enalteceu a qualidade das apresentações realizadas ao longo do primeiro dia do evento. “Que as experiências trocadas entre todos os participantes sejam transformadas em ações capazes de mudar vidas”, frisou.
O representante da OMS também ressaltou a evolução do simpósio, que chega a sua 15ª edição. "Tive a honra de participar dessa iniciativa há 10 anos atrás ministrando uma palestra sobre a necessidade de integração dos sistemas de saúde, fator primordial para o controle da doença. Não tenho dúvidas de que conseguiremos alcançar esse objetivo e esse simpósio está contribuindo para isso", disse.
Representante do Ministério da Saúde, André Luiz de Abreu destacou a importância da participação de jovens pesquisadores e estudantes no evento. “Neste auditório, repleto de jovens, eu vejo paixão e mobilização social. Muitos avanços na pesquisa científica relacionados à esquistossomose podem ser atribuídos ao empenho e dedicação de pessoas que trabalham com compromisso”, ressaltou Abreu, que dirige o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.
Para o especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Santiago Nicholls, a reunião científica é uma oportunidade para o compartilhamento de informações entre os países. “Para atingir a meta de eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública, é importante investir em abordagens que levem em consideração a atuação de diferentes setores, com especial atenção para os determinantes sociais da doença. Para a Opas, é importante contar com a expertise de especialistas sobre o tema”, destacou.
Na sequência à cerimônia de abertura, Amadou Garba, da OMS, realizou conferência sobre as recomendações da entidade para a meta de eliminação da esquistossomose. Desde o lançamento da estratégia de terapia preventiva pela entidade, em 2006, mais de 66 milhões de pessoas foram tratadas em áreas endêmicas, resultando em uma redução significativa da prevalência da infecção e da carga da doença. O número de pessoas que precisam de tratamento periódico diminuiu de 258,8 milhões, em 2014, para 206,4 milhões, em 2016.
Membro do Programa de Controle da Esquistossomose da OMS, Amadou Garba afirmou que estratégia de terapia preventiva vem resultando em redução da prevalência da infecção. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz“É necessário implementar intervenções públicas de saúde para gerar soluções, além do tratamento preventivo. Acesso a água potável, saneamento básico, hábitos de higiene, controle do caramujo, incentivo a novas práticas agrícolas – em especial, em locais onde o indivíduo é obrigado a trabalhar sem proteção em áreas com histórico de infecção – e aumento do monitoramento e vigilância da doença”, destacou.
Em relação aos desafios no enfrentamento à doença, o especialista ressaltou que um grande número de pessoas ainda necessita receber o tratamento preventivo, incluindo, por exemplo, adultos em áreas de risco – e não apenas crianças em idade escolar, público-alvo prioritário em diversas regiões do mundo. “A captação de recursos financeiros por meio de doações seria um caminho facilitador para ampliação do acesso ao tratamento”, defendeu.
*Com informações de Kath Lousada (Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas / Fiocruz)
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)