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Fiocruz recebe relatora da ONU contra discriminação de pacientes com hanseníase

Pesquisadores, profissionais da saúde, gestores e pacientes participaram de encontro realizado na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Reunião faz parte de visita ao país para mapeamento de desafios na área
Por Lucas Rocha10/05/2019 - Atualizado em 27/12/2023

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu, na última quinta-feira, 09/05, a Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Eliminação da Discriminação das Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares, Alice Cruz.

Em sua primeira visita oficial ao Brasil, a relatora participou de uma roda de conversa com pesquisadores, profissionais de saúde, advogados, pacientes e familiares. O encontro foi mediado pelo pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

"Tivemos uma reunião riquíssima, que fortaleceu o diálogo entre várias instituições, estimulando principalmente a troca de experiências entre o meio acadêmico, gestores, grupos e movimentos sociais voltados à atenção ao paciente", destacou Moraes.

O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), Marco Antonio Carneiro Menezes, também participou da atividade. A visita da relatora da ONU ao Brasil tem como objetivo central a identificação de lacunas nas ações voltadas à eliminação da discriminação aos pacientes, bem como a elaboração de recomendações pela entidade aos países que enfrentam o agravo.

No foco das discussões estão políticas antidiscriminatórias, discriminação pessoal e estrutural, melhorias nas estratégias para a redução do estigma da doença e a promoção do desenvolvimento inclusivo das pessoas afetadas.

"Lutei muito para que a primeira visita oficial fosse ao Brasil para estabelecermos, aqui, os parâmetros para os próximos encontros. O Brasil tem uma dinâmica com relação à hanseníase que considero muito particular", afirmou Cruz.


Relatora da ONU, Alice Cruz ressaltou a importância da visita ao Brasil para a identificação de potenciais melhorias nas ações voltadas à eliminação da discriminação do paciente com hanseníase. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


A relatora destacou que o estigma ainda provoca grande impacto para a vida dos pacientes. Nesta quinta-feira, ela realizou visita à comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio.

"Conversamos com dois homens afetados pela hanseníase que estão em tratamento. Um deles nos contou que deixou de trabalhar, mas não por ter sido despedido ou ter sofrido estigma no trabalho. Após receber o diagnóstico, tomou a decisão por pensar que, se fosse trabalhar, seria estigmatizado, rejeitado. Para evitar isso, ele próprio se isolou e decidiu esperar o fim do tratamento para voltar", contou.

A especialista reforçou, ainda, a importância do desenvolvimento técnico e científico e das produções acadêmicas no contexto da hanseníase no país.

"O Brasil não ficou à espera ao longo de todas essas décadas. O país tem uma das academias mais vibrantes e dinâmicas, que atua em busca de justiça, igualdade e inclusão social", frisou.

As atividades oficiais no país estão previstas até o dia 14/05, incluindo encontros com representantes do governo federal. A estimativa é que as informações coletadas durante a visita sejam utilizadas na elaboração de um relatório sobre o contexto da hanseníase para o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Encontro contou com a participação de pesquisadores, médicos, advogados e pacientes. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


O Brasil é o segundo país com o maior número de novos casos de hanseníase registrados no mundo. A doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, atinge principalmente a pele e os nervos periféricos, levando ao desenvolvimento de lesões com alto poder incapacitante.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, foram reportados 214.783 casos novos de hanseníase em 143 países, o que representa uma taxa de detecção de 2,9 casos por 100 mil habitantes.

Por aqui, no mesmo ano, foram notificados 25.218 casos novos, uma taxa de detecção de 12,2/100 mil habitantes.

Atenção ao paciente

Unidade assistencial do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Ambulatório Souza Araújo realiza atendimento especializado em hanseníase. O espaço oferece tratamento gratuito de polioquimioterapia (PQT), preconizado pelo Ministério da Saúde. A equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros e assistentes sociais atua no cuidado integral do paciente.

Entre as principais atividades realizadas, estão as ações de educação em saúde, que envolvem pacientes e familiares, visando o diagnóstico precoce; a prevenção de incapacidades físicas em decorrência da doença, com incentivo ao autocuidado, e o desenvolvimento pesquisas de interesse do Programa Nacional de Controle da Hanseníase.

O Ambulatório desenvolve atividades com padrão internacional de qualidade, segundo a Joint Commission International (JCI), tradicional comissão acreditadora dos Estados Unidos.

Pesquisadores, profissionais da saúde, gestores e pacientes participaram de encontro realizado na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Reunião faz parte de visita ao país para mapeamento de desafios na área
Por: 
lucas

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu, na última quinta-feira, 09/05, a Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Eliminação da Discriminação das Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares, Alice Cruz.

Em sua primeira visita oficial ao Brasil, a relatora participou de uma roda de conversa com pesquisadores, profissionais de saúde, advogados, pacientes e familiares. O encontro foi mediado pelo pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

"Tivemos uma reunião riquíssima, que fortaleceu o diálogo entre várias instituições, estimulando principalmente a troca de experiências entre o meio acadêmico, gestores, grupos e movimentos sociais voltados à atenção ao paciente", destacou Moraes.

O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), Marco Antonio Carneiro Menezes, também participou da atividade. A visita da relatora da ONU ao Brasil tem como objetivo central a identificação de lacunas nas ações voltadas à eliminação da discriminação aos pacientes, bem como a elaboração de recomendações pela entidade aos países que enfrentam o agravo.

No foco das discussões estão políticas antidiscriminatórias, discriminação pessoal e estrutural, melhorias nas estratégias para a redução do estigma da doença e a promoção do desenvolvimento inclusivo das pessoas afetadas.

"Lutei muito para que a primeira visita oficial fosse ao Brasil para estabelecermos, aqui, os parâmetros para os próximos encontros. O Brasil tem uma dinâmica com relação à hanseníase que considero muito particular", afirmou Cruz.


Relatora da ONU, Alice Cruz ressaltou a importância da visita ao Brasil para a identificação de potenciais melhorias nas ações voltadas à eliminação da discriminação do paciente com hanseníase. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

A relatora destacou que o estigma ainda provoca grande impacto para a vida dos pacientes. Nesta quinta-feira, ela realizou visita à comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio.

"Conversamos com dois homens afetados pela hanseníase que estão em tratamento. Um deles nos contou que deixou de trabalhar, mas não por ter sido despedido ou ter sofrido estigma no trabalho. Após receber o diagnóstico, tomou a decisão por pensar que, se fosse trabalhar, seria estigmatizado, rejeitado. Para evitar isso, ele próprio se isolou e decidiu esperar o fim do tratamento para voltar", contou.

A especialista reforçou, ainda, a importância do desenvolvimento técnico e científico e das produções acadêmicas no contexto da hanseníase no país.

"O Brasil não ficou à espera ao longo de todas essas décadas. O país tem uma das academias mais vibrantes e dinâmicas, que atua em busca de justiça, igualdade e inclusão social", frisou.

As atividades oficiais no país estão previstas até o dia 14/05, incluindo encontros com representantes do governo federal. A estimativa é que as informações coletadas durante a visita sejam utilizadas na elaboração de um relatório sobre o contexto da hanseníase para o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Encontro contou com a participação de pesquisadores, médicos, advogados e pacientes. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

O Brasil é o segundo país com o maior número de novos casos de hanseníase registrados no mundo. A doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, atinge principalmente a pele e os nervos periféricos, levando ao desenvolvimento de lesões com alto poder incapacitante.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, foram reportados 214.783 casos novos de hanseníase em 143 países, o que representa uma taxa de detecção de 2,9 casos por 100 mil habitantes.

Por aqui, no mesmo ano, foram notificados 25.218 casos novos, uma taxa de detecção de 12,2/100 mil habitantes.

Atenção ao paciente

Unidade assistencial do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Ambulatório Souza Araújo realiza atendimento especializado em hanseníase. O espaço oferece tratamento gratuito de polioquimioterapia (PQT), preconizado pelo Ministério da Saúde. A equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros e assistentes sociais atua no cuidado integral do paciente.

Entre as principais atividades realizadas, estão as ações de educação em saúde, que envolvem pacientes e familiares, visando o diagnóstico precoce; a prevenção de incapacidades físicas em decorrência da doença, com incentivo ao autocuidado, e o desenvolvimento pesquisas de interesse do Programa Nacional de Controle da Hanseníase.

O Ambulatório desenvolve atividades com padrão internacional de qualidade, segundo a Joint Commission International (JCI), tradicional comissão acreditadora dos Estados Unidos.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)