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Vigilância dos vírus da gripe

Estudo 'Evolução dos vírus influenza A sazonais no Brasil: mutações e rearranjos' foi realizado pela recém-doutora Priscila da Silva Born, da Pós-graduação em Medicina Tropical
Por Lucas Rocha18/09/2020 - Atualizado em 11/03/2021

Os vírus influenza, causadores da gripe, circulam em todo o mundo e sofrem mutações frequentes. As vigilâncias epidemiológica e laboratorial são fundamentais para a formulação da vacina, que tem periodicidade anual, e para a captação de cepas virais de potencial pandêmico. A recém-doutora Priscila da Silva Born, da Pós-graduação em Medicina Tropical, realizou um amplo estudo que teve como objetivos identificar variantes dos vírus influenza A sazonais (que circulam com maior intensidade no período do inverno) e verificar a concordância dos vírus circulantes com as cepas que compõem as vacinas.

A pesquisa também investigou possíveis rearranjos dos vírus identificados no Brasil após a introdução do subtipo A/H1N1pdm09, responsável pela pandemia de 2009. A tese intitulada 'Evolução dos vírus influenza A sazonais no Brasil: mutações e rearranjos' foi orientada pela pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC.

Na primeira etapa da pesquisa, foram realizadas análises filogenéticas e filogeográficas do vírus influenza A(H1N1) pandêmico. Para o estudo, foi utilizado um conjunto de 220 amostras clínicas coletadas pela Rede Laboratorial de Vigilância de Influenza.

As amostras positivas para influenza A tiveram o RNA viral extraído, submetido à amplificação e sequenciado. Foram utilizadas diferentes abordagens de sequenciamento do genoma viral, que revelaram a circulação de pelo menos oito grupos genéticos no Brasil no período de 2009 a 2014. Dois deles cocircularam durante o período pandêmico, mostrando um padrão inicial de diversificação viral com baixa distância da cepa vacinal.

Estudo destacou a importância das vigilâncias laboratorial e epidemiológica dos vírus Influenza para respostas eficientes no campo da saúde pública

Outros grupos filogenéticos foram encontrados nos períodos epidêmicos subsequentes, entre 2011 e 2014. Estes mostraram mais mutações em relação à cepa vacinal, apresentando várias substituições em estruturas conhecidas como sítios antigênicos.

"Essa vigilância virológica associada aos serviços de epidemiologia é imprescindível para a identificação de clusters filogenéticos que podem estar associados a quadros graves ou à diminuição de reatividade com os soros produzidos contra a cepa vacinal corrente", explicou Priscila.

A recém-doutora ressaltou que devido ao impacto dos vírus influenza na saúde pública, é necessária uma constante atualização das metodologias para a caracterização desses vírus.

"Como parte desses esforços, sequenciamos inicialmente o genoma completo de cinco amostras do vírus influenza A/H3N2 utilizando um protocolo de sequenciamento massivo paralelo. O uso desta metodologia permitiu uma comparação mais completa entre as sequências brasileiras e da cepa vacinal recomendada pela OMS, para o período de 2013-2014, além da utilização, em primeira mão, na rede brasileira de vigilância dos vírus influenza, da nova ferramenta genômica", acrescentou.

Entre os resultados das análises, as pesquisadoras identificaram uma amostra de influenza A/H1N2v, vírus rearranjado com identidade genômica nunca descrita previamente em humanos. "A identificação dessa amostra destaca a necessidade de uma vigilância integrada humano/animal, principalmente em regiões geográficas onde o contato entre humanos e animais é frequente", pontuou.

Priscila ressaltou a importância das vigilâncias laboratorial e epidemiológica dos vírus Influenza para respostas eficientes no campo da saúde pública.

"Acredito que essa tese é o resultado de muito trabalho da rede de vigilância de influenza no Brasil, e sua principal contribuição é somar ao fortalecimento dessa rede, para que possamos estar cada vez mais preparados para identificar vírus com mutações importantes, rearranjados e com potencial pandêmico, para que de forma rápida possamos ter a resposta adequada necessária", concluiu.

Estudo 'Evolução dos vírus influenza A sazonais no Brasil: mutações e rearranjos' foi realizado pela recém-doutora Priscila da Silva Born, da Pós-graduação em Medicina Tropical
Por: 
lucas

Os vírus influenza, causadores da gripe, circulam em todo o mundo e sofrem mutações frequentes. As vigilâncias epidemiológica e laboratorial são fundamentais para a formulação da vacina, que tem periodicidade anual, e para a captação de cepas virais de potencial pandêmico. A recém-doutora Priscila da Silva Born, da Pós-graduação em Medicina Tropical, realizou um amplo estudo que teve como objetivos identificar variantes dos vírus influenza A sazonais (que circulam com maior intensidade no período do inverno) e verificar a concordância dos vírus circulantes com as cepas que compõem as vacinas.

A pesquisa também investigou possíveis rearranjos dos vírus identificados no Brasil após a introdução do subtipo A/H1N1pdm09, responsável pela pandemia de 2009. A tese intitulada 'Evolução dos vírus influenza A sazonais no Brasil: mutações e rearranjos' foi orientada pela pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC.

Na primeira etapa da pesquisa, foram realizadas análises filogenéticas e filogeográficas do vírus influenza A(H1N1) pandêmico. Para o estudo, foi utilizado um conjunto de 220 amostras clínicas coletadas pela Rede Laboratorial de Vigilância de Influenza.

As amostras positivas para influenza A tiveram o RNA viral extraído, submetido à amplificação e sequenciado. Foram utilizadas diferentes abordagens de sequenciamento do genoma viral, que revelaram a circulação de pelo menos oito grupos genéticos no Brasil no período de 2009 a 2014. Dois deles cocircularam durante o período pandêmico, mostrando um padrão inicial de diversificação viral com baixa distância da cepa vacinal.

Estudo destacou a importância das vigilâncias laboratorial e epidemiológica dos vírus Influenza para respostas eficientes no campo da saúde pública

Outros grupos filogenéticos foram encontrados nos períodos epidêmicos subsequentes, entre 2011 e 2014. Estes mostraram mais mutações em relação à cepa vacinal, apresentando várias substituições em estruturas conhecidas como sítios antigênicos.

"Essa vigilância virológica associada aos serviços de epidemiologia é imprescindível para a identificação de clusters filogenéticos que podem estar associados a quadros graves ou à diminuição de reatividade com os soros produzidos contra a cepa vacinal corrente", explicou Priscila.

A recém-doutora ressaltou que devido ao impacto dos vírus influenza na saúde pública, é necessária uma constante atualização das metodologias para a caracterização desses vírus.

"Como parte desses esforços, sequenciamos inicialmente o genoma completo de cinco amostras do vírus influenza A/H3N2 utilizando um protocolo de sequenciamento massivo paralelo. O uso desta metodologia permitiu uma comparação mais completa entre as sequências brasileiras e da cepa vacinal recomendada pela OMS, para o período de 2013-2014, além da utilização, em primeira mão, na rede brasileira de vigilância dos vírus influenza, da nova ferramenta genômica", acrescentou.

Entre os resultados das análises, as pesquisadoras identificaram uma amostra de influenza A/H1N2v, vírus rearranjado com identidade genômica nunca descrita previamente em humanos. "A identificação dessa amostra destaca a necessidade de uma vigilância integrada humano/animal, principalmente em regiões geográficas onde o contato entre humanos e animais é frequente", pontuou.

Priscila ressaltou a importância das vigilâncias laboratorial e epidemiológica dos vírus Influenza para respostas eficientes no campo da saúde pública.

"Acredito que essa tese é o resultado de muito trabalho da rede de vigilância de influenza no Brasil, e sua principal contribuição é somar ao fortalecimento dessa rede, para que possamos estar cada vez mais preparados para identificar vírus com mutações importantes, rearranjados e com potencial pandêmico, para que de forma rápida possamos ter a resposta adequada necessária", concluiu.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)