:: Cobertura especial: novo coronavírus
:: IOC reafirma solidariedade às vítimas da Covid-19
11 de março de 2022. Completados dois anos da declaração da pandemia da Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a virologista Marilda Siqueira, uma das maiores especialistas em vírus respiratórios do país, afirma que o cenário atual da pandemia tem elementos favoráveis, mas as autoridades e a população precisam continuar em alerta.
Chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua como referência em vírus respiratórios para o Ministério da Saúde e referência em Covid-19 nas Américas para a OMS, a pesquisadora integra o Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2, um comitê de 25 especialistas que avalia as mutações no genoma do coronavírus e a emergência de variantes virais.
“Temos a nosso favor o conhecimento de como lidar com a doença, vacinas muito boas, uma população com alta cobertura vacinal no nosso país e em alguns outros países, inclusive com a terceira dose, e alguns medicamentos eficazes, embora ainda sejam muito caros. Apesar do momento favorável, não podemos nos descuidar. Além disso, cada setor do governo e todas as instituições envolvidas na resposta à pandemia precisam manter a atenção e monitorar o que está acontecendo”, ressalta a cientista.
Marilda Siqueira destaca o papel desempenhado pela população no enfrentamento da Covid-19. Foto: Josué DamacenaCitando exemplos de países que registraram aumento de casos após o relaxamento de medidas de precaução como distanciamento social e uso de máscaras, a virologista considera que decifrar o comportamento do coronavírus ainda é um desafio.
“No Reino Unido, observamos o aumento de casos principalmente entre pessoas com mais de 55 anos, que tomaram a terceira dose da vacina há mais tempo. Devemos celebrar todas as conquistas já alcançadas, mas ainda é cedo para comemorar uma vitória e o compromisso de todos tem que continuar de forma séria”, completa.
Antes mesmo da chegada do coronavírus ao Brasil, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC se preparou para o diagnóstico da Covid-19. Nos primeiros meses de 2020, a equipe realizou o treinamento de profissionais de diversos estados brasileiros e de países da América Latina para a detecção do patógeno.
Os profissionais mantêm o ritmo intenso de trabalho mesmo com a queda no número de casos de Covid-19. Foto: Josué DamacenaSegundo Marilda, o ritmo de trabalho não caiu com a redução no número de casos da doença, observada nas últimas semanas. Além das reuniões semanais com o Ministério da Saúde, para atualização de dados e discussões sobre metodologias de diagnóstico e vigilância genômica do coronavírus, os pesquisadores realizam diversos estudos para desvendar aspectos que permanecem nebulosos em relação à evolução da pandemia.
“O risco de novas variantes existe e precisamos de conhecimento de mais longo prazo. Não temos clareza se o coronavírus será um vírus sazonal como influenza ou terá circulação o ano todo, o que é um dado importante, por exemplo, para definir a melhor época de vacinação. Também não sabemos ainda como os anticorpos induzidos pela vacina e pela infecção natural se comportam frente às variantes ou qual a duração da imunidade”, diz a pesquisadora, destacando que a genética do coronavírus, a ação dos anticorpos e a efetividade das vacinas estão no foco de pesquisas atualmente em curso no Laboratório.
Entre os resultados mais recentes divulgados, os pesquisadores confirmaram, em fevereiro deste ano, a presença da linhagem BA.2 da variante ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. No mesmo mês, uma pesquisa realizada pela Rede Genômica Fiocruz, grupo que reúne cientistas de todas as unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil e institutos parceiros, incluindo pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, apontou o avanço da cepa ômicron no território nacional, identificando a variante em mais de 95% dos casos em janeiro.
Além da Covid-19, a equipe desempenha atividades de referência para influenza, sarampo e rubéola. Foto: Josué DamacenaNo mesmo mês, em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), os cientistas anunciaram o desenvolvimento de dois novos kits de diagnóstico, sendo um para diferenciar os vírus da Influenza A, B e SARS-CoV-2 e outro para detectar as variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2.
Para Marilda, o trabalho integrado e multidisciplinar é uma das lições da pandemia, com papel fundamental na rápida aquisição de conhecimento sobre a Covid-19. Além disso, a pesquisadora destaca o papel desempenhado pela população no enfrentamento da doença.
“O apoio da população ao que foi pedido em termos de distanciamento social foi fundamental. O fechamento do comércio teve um impacto muito difícil na vida e nos negócios de muitas pessoas. Mas, em determinados momentos, foi essencial para reduzir a mortalidade da Covid-19. A responsabilidade de cada um é uma lição muito importante que a pandemia nos deixou”, avalia a pesquisadora.
:: Cobertura especial: novo coronavírus
:: IOC reafirma solidariedade às vítimas da Covid-19
11 de março de 2022. Completados dois anos da declaração da pandemia da Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a virologista Marilda Siqueira, uma das maiores especialistas em vírus respiratórios do país, afirma que o cenário atual da pandemia tem elementos favoráveis, mas as autoridades e a população precisam continuar em alerta.
Chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua como referência em vírus respiratórios para o Ministério da Saúde e referência em Covid-19 nas Américas para a OMS, a pesquisadora integra o Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2, um comitê de 25 especialistas que avalia as mutações no genoma do coronavírus e a emergência de variantes virais.
“Temos a nosso favor o conhecimento de como lidar com a doença, vacinas muito boas, uma população com alta cobertura vacinal no nosso país e em alguns outros países, inclusive com a terceira dose, e alguns medicamentos eficazes, embora ainda sejam muito caros. Apesar do momento favorável, não podemos nos descuidar. Além disso, cada setor do governo e todas as instituições envolvidas na resposta à pandemia precisam manter a atenção e monitorar o que está acontecendo”, ressalta a cientista.
Marilda Siqueira destaca o papel desempenhado pela população no enfrentamento da Covid-19. Foto: Josué DamacenaCitando exemplos de países que registraram aumento de casos após o relaxamento de medidas de precaução como distanciamento social e uso de máscaras, a virologista considera que decifrar o comportamento do coronavírus ainda é um desafio.
“No Reino Unido, observamos o aumento de casos principalmente entre pessoas com mais de 55 anos, que tomaram a terceira dose da vacina há mais tempo. Devemos celebrar todas as conquistas já alcançadas, mas ainda é cedo para comemorar uma vitória e o compromisso de todos tem que continuar de forma séria”, completa.
Antes mesmo da chegada do coronavírus ao Brasil, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC se preparou para o diagnóstico da Covid-19. Nos primeiros meses de 2020, a equipe realizou o treinamento de profissionais de diversos estados brasileiros e de países da América Latina para a detecção do patógeno.
Os profissionais mantêm o ritmo intenso de trabalho mesmo com a queda no número de casos de Covid-19. Foto: Josué DamacenaSegundo Marilda, o ritmo de trabalho não caiu com a redução no número de casos da doença, observada nas últimas semanas. Além das reuniões semanais com o Ministério da Saúde, para atualização de dados e discussões sobre metodologias de diagnóstico e vigilância genômica do coronavírus, os pesquisadores realizam diversos estudos para desvendar aspectos que permanecem nebulosos em relação à evolução da pandemia.
“O risco de novas variantes existe e precisamos de conhecimento de mais longo prazo. Não temos clareza se o coronavírus será um vírus sazonal como influenza ou terá circulação o ano todo, o que é um dado importante, por exemplo, para definir a melhor época de vacinação. Também não sabemos ainda como os anticorpos induzidos pela vacina e pela infecção natural se comportam frente às variantes ou qual a duração da imunidade”, diz a pesquisadora, destacando que a genética do coronavírus, a ação dos anticorpos e a efetividade das vacinas estão no foco de pesquisas atualmente em curso no Laboratório.
Entre os resultados mais recentes divulgados, os pesquisadores confirmaram, em fevereiro deste ano, a presença da linhagem BA.2 da variante ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. No mesmo mês, uma pesquisa realizada pela Rede Genômica Fiocruz, grupo que reúne cientistas de todas as unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil e institutos parceiros, incluindo pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, apontou o avanço da cepa ômicron no território nacional, identificando a variante em mais de 95% dos casos em janeiro.
Além da Covid-19, a equipe desempenha atividades de referência para influenza, sarampo e rubéola. Foto: Josué DamacenaNo mesmo mês, em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), os cientistas anunciaram o desenvolvimento de dois novos kits de diagnóstico, sendo um para diferenciar os vírus da Influenza A, B e SARS-CoV-2 e outro para detectar as variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2.
Para Marilda, o trabalho integrado e multidisciplinar é uma das lições da pandemia, com papel fundamental na rápida aquisição de conhecimento sobre a Covid-19. Além disso, a pesquisadora destaca o papel desempenhado pela população no enfrentamento da doença.
“O apoio da população ao que foi pedido em termos de distanciamento social foi fundamental. O fechamento do comércio teve um impacto muito difícil na vida e nos negócios de muitas pessoas. Mas, em determinados momentos, foi essencial para reduzir a mortalidade da Covid-19. A responsabilidade de cada um é uma lição muito importante que a pandemia nos deixou”, avalia a pesquisadora.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)