Teve início hoje (25/04), no Rio de Janeiro, o mais tradicional evento do país sobre malária, a 16ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária (XVI RNPM). Nesta data também é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Malária, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2007, para gerar consciência a respeito da doença que atinge, todos os anos, mais de 200 milhões de pessoas, e leva à morte quase meio milhão, a grande maioria crianças abaixo de cinco anos na África subsaariana. Em 2021, o Brasil registrou 145 mil infecções.
A programação dessa segunda-feira foi integrada ao simpósio internacional Emerging and Persistent Global Health Threats, organizado pela Fiocruz e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID-NIH), dos Estados Unidos. Este evento satélite, realizado nos dias 24 e 25, tem como foco temas como Covid-19, Aids, febre amarela e dengue.
O primeiro dia (24) contou com a participação de especialistas internacionais, como Anthony Fauci, principal epidemiologista norte-americano e líder da força-tarefa do país contra a Covid-19, e Adrian Hill, diretor do Jenner Institute, da Universidade de Oxford, desenvolvedor da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 e uma nova vacina contra a malária, a R21/MM, que tem demonstrado alta eficácia.
Importantes nomes da ciência nacional e internacional reunidos no mais tradicional evento de malária do país. Fotos: Carlos Alves / Arte: Jefferson MendesOutros nomes de destaque também marcaram presença, como Celina Turchi, da Fiocruz Pernambuco e primeira a identificar a relação entre o Zika vírus e microcefalia; Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e presidente da International AIDS Society; Helder Nakaya, da USP; Vincent Munster, do NIAID-NIH; e Michel Nussenzweig, da Rockefeller University.
A XVI RNPM conta com apoio da Fiocruz, Instituto Oswaldo Cruz, Farmanguinhos, Biomanguinhos, Ministério da Saúde, Faperj, NIAID-NIH, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/USA), Partnership for Vivax Elimination (PAVE) e pelas empresas Norte Energia, Bayer, Eco Diagnóstica e AstraZeneca. Até quinta-feira (28), cerca de 250 participantes, dentre eles os principais nomes da comunidade científica nacional e internacional envolvidos na pesquisa e no controle dessa endemia, estarão reunidos em uma série de atividades.
Centenas de participantes prestigiam a abertura da 16ª da Reunião Nacional de Pesquisa em Malária. Foto: Vinicius Ferreira
Durante a cerimônia de abertura, Leonardo Carvalho, presidente da XVI RNPM e pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), ressaltou o caráter tradicional do evento. “Esse é o maior e mais tradicional evento da comunidade brasileira que estuda e atua no combate à malária. Sua primeira edição, organizada por Cláudio Ribeiro [chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC] aconteceu no Rio de Janeiro em 1986. Desde então, novos encontros foram realizados de forma regular e itinerante, alternando entre edições na região amazônica e em outras localidades”, pontuou.
“Espero que seja uma oportunidade para discutir a importância de lutar contra essa doença mortal que afeta uma enorme quantidade de pessoas no Brasil e no mundo, como também uma ocasião de interação, criação de novas colaborações e fortalecimento de laços”, completou.
Em destaque, Leonardo Carvalho, presidente da VXI RNPM e, ao fundo, membros da comissão organizadora. Foto: Peter IliccievLeonardo agradeceu todo o empenho do comitê científico, presidido pela chefe-substituta do Laboratório, Maria de Fátima Ferreira da Cruz, e da comissão organizadora, composta por Flavia Ribeiro Gomes, Lilian Pratt Riccio e Paulo Renato Totino, ambos do mesmo Laboratório, e Graziela Zannini, do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz). O pesquisador frisou ainda a presença no evento do vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correia Oliveira, e da diretora do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cassia Rangel Fernandes.
“Esse encontro estava previsto para acontecer em 2020, mas precisou ser adiado até estarmos em uma situação mais favorável [em relação à pandemia]. Sabemos como o período tem sido difícil, o que torna essa Reunião ainda mais significativa e memorável”, finalizou.
Na sequência, a transmissão da malária em um meio-ambiente em constante transformação como o dos dias atuais foi o foco da primeira sessão de palestras, mediada por Cláudio Struchiner, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Alvaro Molina-Cruz, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID-NIH).
Primeira mesa-redonda abordou como as mudanças no meio-ambiente podem impulsionar a transmissão da malária. Foto: Peter IliccievAs mudanças nos padrões de uso de terras e as trajetórias tecnoprodutivas na região da Amazônia foram abordadas na palestra de Claudia Codeço, do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz). A pesquisadora discorreu sobre como as atividades de campo e agricultura na região interferem na transmissão de malária e outras doenças infecciosas. “Quando observamos o jeito que as pessoas usam, vivem e interagem com o ambiente, nós ampliamos o debate e passamos a enxergar de uma forma multivariada. Isso ajuda a ver esses agravos de uma forma mais sistêmica”, contextualizou.
Remotamente, por meio de chamada de vídeo, também participaram da mesa Erin Mordecai (Universidade de Stanford – EUA) e Carolina Barillas-Mury (NIAID-NIH). Erin debateu a ligação entre desmatamento e casos de malária na Amazônia, levantando uma relação contraditória onde o desmatamento aumenta casos de transmissão de malária enquanto o alto índice de malária reduz simultaneamente casos de desmatamento. Em seguida, Carolina abordou o papel da proteína Pfs47 na dispersão do protozoário Plasmodium falciparum, causador da malária, para fora do continente africano por meio da adaptação a diferentes vetores do gênero Anopheles.
O primeiro dia da XVI RNPM também contou com sessões de debates sobre “Surgimento da malária zoonótica”, com Richard Culleton (Ehime University), Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro (IOC/Fiocruz), Georges Snounou (CEA, Paris) e Cristiana Brito (Fiocruz Minas); “O legado mortal da malária”, com Hans Ackerman (NIAID-NIH) e Ester Sabino (USP); “Tratamento e resistência”, com Thomas Wellems (NIAID-NIH), André Siqueira Machado (INI/Fiocruz) e Didier Menard (Instituto Pasteur); e “Imunologia e imunoterapia”, com Niraj Tolia (NIAID-NIH), Ricardo Gazzinelli (Fiocruz Minas) e Peter Crompton (NIAID-NIH).
Fechando a programação do dia, um jantar celebrará os 15 anos do Dia Mundial de Luta Contra a Malária. Na ocasião, um dos mais importantes malariologistas do país, o pesquisador Cláudio Ribeiro, receberá a medalha Henrique Aragão, honraria outorgada pela Fiocruz a personalidades que contribuíram de forma significativa para a pesquisa e combate à doença, no Brasil e no mundo.
Clique aqui e confira a programação completa.
Teve início hoje (25/04), no Rio de Janeiro, o mais tradicional evento do país sobre malária, a 16ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária (XVI RNPM). Nesta data também é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Malária, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2007, para gerar consciência a respeito da doença que atinge, todos os anos, mais de 200 milhões de pessoas, e leva à morte quase meio milhão, a grande maioria crianças abaixo de cinco anos na África subsaariana. Em 2021, o Brasil registrou 145 mil infecções.
A programação dessa segunda-feira foi integrada ao simpósio internacional Emerging and Persistent Global Health Threats, organizado pela Fiocruz e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID-NIH), dos Estados Unidos. Este evento satélite, realizado nos dias 24 e 25, tem como foco temas como Covid-19, Aids, febre amarela e dengue.
O primeiro dia (24) contou com a participação de especialistas internacionais, como Anthony Fauci, principal epidemiologista norte-americano e líder da força-tarefa do país contra a Covid-19, e Adrian Hill, diretor do Jenner Institute, da Universidade de Oxford, desenvolvedor da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 e uma nova vacina contra a malária, a R21/MM, que tem demonstrado alta eficácia.
Importantes nomes da ciência nacional e internacional reunidos no mais tradicional evento de malária do país. Fotos: Carlos Alves / Arte: Jefferson MendesOutros nomes de destaque também marcaram presença, como Celina Turchi, da Fiocruz Pernambuco e primeira a identificar a relação entre o Zika vírus e microcefalia; Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e presidente da International AIDS Society; Helder Nakaya, da USP; Vincent Munster, do NIAID-NIH; e Michel Nussenzweig, da Rockefeller University.
A XVI RNPM conta com apoio da Fiocruz, Instituto Oswaldo Cruz, Farmanguinhos, Biomanguinhos, Ministério da Saúde, Faperj, NIAID-NIH, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/USA), Partnership for Vivax Elimination (PAVE) e pelas empresas Norte Energia, Bayer, Eco Diagnóstica e AstraZeneca. Até quinta-feira (28), cerca de 250 participantes, dentre eles os principais nomes da comunidade científica nacional e internacional envolvidos na pesquisa e no controle dessa endemia, estarão reunidos em uma série de atividades.
Centenas de participantes prestigiam a abertura da 16ª da Reunião Nacional de Pesquisa em Malária. Foto: Vinicius Ferreira
Durante a cerimônia de abertura, Leonardo Carvalho, presidente da XVI RNPM e pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), ressaltou o caráter tradicional do evento. “Esse é o maior e mais tradicional evento da comunidade brasileira que estuda e atua no combate à malária. Sua primeira edição, organizada por Cláudio Ribeiro [chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC] aconteceu no Rio de Janeiro em 1986. Desde então, novos encontros foram realizados de forma regular e itinerante, alternando entre edições na região amazônica e em outras localidades”, pontuou.
“Espero que seja uma oportunidade para discutir a importância de lutar contra essa doença mortal que afeta uma enorme quantidade de pessoas no Brasil e no mundo, como também uma ocasião de interação, criação de novas colaborações e fortalecimento de laços”, completou.
Em destaque, Leonardo Carvalho, presidente da VXI RNPM e, ao fundo, membros da comissão organizadora. Foto: Peter IliccievLeonardo agradeceu todo o empenho do comitê científico, presidido pela chefe-substituta do Laboratório, Maria de Fátima Ferreira da Cruz, e da comissão organizadora, composta por Flavia Ribeiro Gomes, Lilian Pratt Riccio e Paulo Renato Totino, ambos do mesmo Laboratório, e Graziela Zannini, do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz). O pesquisador frisou ainda a presença no evento do vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correia Oliveira, e da diretora do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cassia Rangel Fernandes.
“Esse encontro estava previsto para acontecer em 2020, mas precisou ser adiado até estarmos em uma situação mais favorável [em relação à pandemia]. Sabemos como o período tem sido difícil, o que torna essa Reunião ainda mais significativa e memorável”, finalizou.
Na sequência, a transmissão da malária em um meio-ambiente em constante transformação como o dos dias atuais foi o foco da primeira sessão de palestras, mediada por Cláudio Struchiner, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Alvaro Molina-Cruz, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID-NIH).
Primeira mesa-redonda abordou como as mudanças no meio-ambiente podem impulsionar a transmissão da malária. Foto: Peter IliccievAs mudanças nos padrões de uso de terras e as trajetórias tecnoprodutivas na região da Amazônia foram abordadas na palestra de Claudia Codeço, do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz). A pesquisadora discorreu sobre como as atividades de campo e agricultura na região interferem na transmissão de malária e outras doenças infecciosas. “Quando observamos o jeito que as pessoas usam, vivem e interagem com o ambiente, nós ampliamos o debate e passamos a enxergar de uma forma multivariada. Isso ajuda a ver esses agravos de uma forma mais sistêmica”, contextualizou.
Remotamente, por meio de chamada de vídeo, também participaram da mesa Erin Mordecai (Universidade de Stanford – EUA) e Carolina Barillas-Mury (NIAID-NIH). Erin debateu a ligação entre desmatamento e casos de malária na Amazônia, levantando uma relação contraditória onde o desmatamento aumenta casos de transmissão de malária enquanto o alto índice de malária reduz simultaneamente casos de desmatamento. Em seguida, Carolina abordou o papel da proteína Pfs47 na dispersão do protozoário Plasmodium falciparum, causador da malária, para fora do continente africano por meio da adaptação a diferentes vetores do gênero Anopheles.
O primeiro dia da XVI RNPM também contou com sessões de debates sobre “Surgimento da malária zoonótica”, com Richard Culleton (Ehime University), Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro (IOC/Fiocruz), Georges Snounou (CEA, Paris) e Cristiana Brito (Fiocruz Minas); “O legado mortal da malária”, com Hans Ackerman (NIAID-NIH) e Ester Sabino (USP); “Tratamento e resistência”, com Thomas Wellems (NIAID-NIH), André Siqueira Machado (INI/Fiocruz) e Didier Menard (Instituto Pasteur); e “Imunologia e imunoterapia”, com Niraj Tolia (NIAID-NIH), Ricardo Gazzinelli (Fiocruz Minas) e Peter Crompton (NIAID-NIH).
Fechando a programação do dia, um jantar celebrará os 15 anos do Dia Mundial de Luta Contra a Malária. Na ocasião, um dos mais importantes malariologistas do país, o pesquisador Cláudio Ribeiro, receberá a medalha Henrique Aragão, honraria outorgada pela Fiocruz a personalidades que contribuíram de forma significativa para a pesquisa e combate à doença, no Brasil e no mundo.
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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)