Foi realizada nesta quarta-feira, 11 de julho, a cerimônia de entrega de certificados dos projetos brasileiros contemplados com financiamentos à pesquisa no primeiro edital do 7º Programa Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Comissão Européia para 2007-2013 (FP-7). A Fiocruz, com três propostas selecionadas, teve a melhor performance entre as instituições de pesquisa brasileiras. Duas delas são parcerias internacionais envolvendo laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), tendo como temas epidemiologia da Doença de Chagas e co-infecção de HIV e tuberculose.
Rodrigo Méxas
Felipe Santarosa, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (à esquerda); Angel Landabaso, conselheiro da delegação da Comissão Européia no Brasil; Paulo Gadelha, vice-presidente de DIGT da Fiocruz; Henri Jouval, assessor de Cooperação Internacional da Fiocruz; e Julio Lagun Filho, vice-secretário de Ciência e Tecnologia do estado do Rio de Janeiro
O Programa Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Comissão Européia é uma iniciativa da União Européia (UE) que visa desenvolver a pesquisa colaborativa entre os integrantes do bloco e outros países, em especial aqueles com os quais possui acordos de cooperação bilateral, como Brasil, Rússia e Índia. “Através da cooperação internacional, a União Européia pretende se transformar numa economia mundial, dinâmica e competitiva, baseada no conhecimento e na inovação”, explicou Angel Landabaso, conselheiro da delegação da Comissão Européia no Brasil. “Na atual edição do programa, a vontade de atuar em conjunto com parceiros de fora da Europa está ainda mais clara do que nas anteriores, pois todas as áreas do edital podem receber aplicações de projetos com membros externos à UE.”
O Brasil submeteu 192 propostas, 21 delas aprovadas. A Fiocruz teve o melhor desempenho do país, ao lado da Universidade de São Paulo (USP), com três projetos selecionados, dois do IOC e um do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz/PE). A cerimônia de entrega dos certificados do financiamento contou com a presença do chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, Felipe Santarosa; do vice-secretário de Ciência e Tecnologia do estado do Rio de Janeiro, Julio Lagun Filho; e do assessor de Cooperação Internacional da Fiocruz, Henri Jouval; além de representantes das outras instituições brasileiras que tiveram projetos selecionados no PF-7.
O projeto Epidemiologia comparativa de linhagens genéticas do Trypanosoma cruzi (ChagasEpiNet), desenvolvido pela pesquisadora Ana Maria Jansen, do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC, foi um dos contemplados. O objetivo é conhecer as sub-populações do parasito, para facilitar medidas de prevenção e controle da doença de Chagas. “Recentes surtos no sul do Brasil e no Pará, depois de anos sem novos registros, mostram a importância desse trabalho”, explicou a pesquisadora Cristiane Varella, também do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC, que representou Jansen na cerimônia. “Desde 1994, analisamos todos os biomas brasileiros, com apoio dos laboratórios que estudam a transmissão da doença de Chagas no Brasil.”
Rodrigo Méxas
As pesquisadoras do IOC Mariza Morgado (à esquerda) e Cristiane Varella, apresentaram, junto com a pesquisadora Maria Rejane da Silva, da Fiocruz/PE, os projetos da Fundação aprovados no PF-7
O projeto Rede de cooperação entre países europeus e terceiros na área de AIDS & Tuberculose (EucoNET) também foi contemplado no edital. Desenvolvida no Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto, o projeto tem o objetivo de traçar um panorama da situação de prevenção e controle das duas. “Com a ajuda de parceiros no Brasil, na Europa e em países como Índia e Rússia, nosso projeto, ainda em fase embrionária, pretende avaliar o nível de diagnóstico e tratamento da Aids e da tuberculose pelo mundo”, explicou durante o evento a pesquisadora Mariza Morgado, chefe do laboratório e responsável pelo projeto. “Poderemos determinar as necessidades e os desafios científicos nessas áreas e propor estratégias e políticas de pesquisa e desenvolvimento adequadas a cada região. Os resultados poderão ser apresentados, inclusive, como propostas de financiamento à União Européia, em futuros editais.”
Antes da premiação, Landabaso, e o Diretor do Bureau Brasileiro para Incremento da Cooperação Européia (BBICE), Paulo Egler, debateram os resultados do primeiro edital do FP-7 e o desempenho do Brasil no programa. O país foi o quinto em número de propostas, mas apenas 10% delas foram aprovadas – índice bem menor que o obtido por propostas apresentadas pelo Chile (14%), México (17%) e Argentina (23%), por exemplo. “Há vários fatores que explicam esse resultado, não apenas o simples critério técnico”, argumentou o Conselheiro da UE. “Os editais do Programa Quadros são complexos, as instituições brasileiras sofrem com a falta de informação e de preparação para o programa e têm, ainda, pouca consciência da importância das cooperações internacionais.”
Rodrigo Méxas
Henri Jouval (à esquerda) e Paulo Egler fizeram um balanço da participação brasileira no programa da União Européia
Para Egler, um dos maiores incentivadores dos Programas Quadros no Brasil, essa situação pode mudar nos próximos anos. “Desde a última edição do programa, existe uma política de incentivo e divulgação do FP-7, que deu origem ao nosso bureau, mas que foi melhor executada em nossos vizinhos da América Latina”, explica. “Pretendemos aumentar a divulgação do programa dentro do país, com a ajuda das instituições de fomento científico e do governo, e preparar publicações sobre as pesquisas desenvolvidas no Brasil, para serem distribuídas aos países europeus, o que facilitará a obtenção de parcerias.” Para ele, o país também deve investir em um tipo especial de acordo de cooperação previsto no FP-7, os Specific International Cooperation Action (Sica). “Diferentemente dos projetos normais do FP-7, os Sica permitem que negociemos as prioridades das pesquisas e podem ser direcionados a instituições de um único país, dentro de uma área temática, como aconteceu com a Rússia dessa vez.”
O evento, realizado na Escola Politécnica da Fiocruz, contou ainda com a apresentação de projetos desenvolvidos no âmbito da última edição do Programa Quadros (FP-6). O próximo edital do FP-7 deverá ser lançado em novembro.
12/06/2008
Marcelo Garcia
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Foi realizada nesta quarta-feira, 11 de julho, a cerimônia de entrega de certificados dos projetos brasileiros contemplados com financiamentos à pesquisa no primeiro edital do 7º Programa Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Comissão Européia para 2007-2013 (FP-7). A Fiocruz, com três propostas selecionadas, teve a melhor performance entre as instituições de pesquisa brasileiras. Duas delas são parcerias internacionais envolvendo laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), tendo como temas epidemiologia da Doença de Chagas e co-infecção de HIV e tuberculose.
Rodrigo Méxas
Felipe Santarosa, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (à esquerda); Angel Landabaso, conselheiro da delegação da Comissão Européia no Brasil; Paulo Gadelha, vice-presidente de DIGT da Fiocruz; Henri Jouval, assessor de Cooperação Internacional da Fiocruz; e Julio Lagun Filho, vice-secretário de Ciência e Tecnologia do estado do Rio de Janeiro
O Programa Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Comissão Européia é uma iniciativa da União Européia (UE) que visa desenvolver a pesquisa colaborativa entre os integrantes do bloco e outros países, em especial aqueles com os quais possui acordos de cooperação bilateral, como Brasil, Rússia e Índia. “Através da cooperação internacional, a União Européia pretende se transformar numa economia mundial, dinâmica e competitiva, baseada no conhecimento e na inovação”, explicou Angel Landabaso, conselheiro da delegação da Comissão Européia no Brasil. “Na atual edição do programa, a vontade de atuar em conjunto com parceiros de fora da Europa está ainda mais clara do que nas anteriores, pois todas as áreas do edital podem receber aplicações de projetos com membros externos à UE.”
O Brasil submeteu 192 propostas, 21 delas aprovadas. A Fiocruz teve o melhor desempenho do país, ao lado da Universidade de São Paulo (USP), com três projetos selecionados, dois do IOC e um do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz/PE). A cerimônia de entrega dos certificados do financiamento contou com a presença do chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, Felipe Santarosa; do vice-secretário de Ciência e Tecnologia do estado do Rio de Janeiro, Julio Lagun Filho; e do assessor de Cooperação Internacional da Fiocruz, Henri Jouval; além de representantes das outras instituições brasileiras que tiveram projetos selecionados no PF-7.
O projeto Epidemiologia comparativa de linhagens genéticas do Trypanosoma cruzi (ChagasEpiNet), desenvolvido pela pesquisadora Ana Maria Jansen, do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC, foi um dos contemplados. O objetivo é conhecer as sub-populações do parasito, para facilitar medidas de prevenção e controle da doença de Chagas. “Recentes surtos no sul do Brasil e no Pará, depois de anos sem novos registros, mostram a importância desse trabalho”, explicou a pesquisadora Cristiane Varella, também do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC, que representou Jansen na cerimônia. “Desde 1994, analisamos todos os biomas brasileiros, com apoio dos laboratórios que estudam a transmissão da doença de Chagas no Brasil.”
Rodrigo Méxas
As pesquisadoras do IOC Mariza Morgado (à esquerda) e Cristiane Varella, apresentaram, junto com a pesquisadora Maria Rejane da Silva, da Fiocruz/PE, os projetos da Fundação aprovados no PF-7
O projeto Rede de cooperação entre países europeus e terceiros na área de AIDS & Tuberculose (EucoNET) também foi contemplado no edital. Desenvolvida no Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto, o projeto tem o objetivo de traçar um panorama da situação de prevenção e controle das duas. “Com a ajuda de parceiros no Brasil, na Europa e em países como Índia e Rússia, nosso projeto, ainda em fase embrionária, pretende avaliar o nível de diagnóstico e tratamento da Aids e da tuberculose pelo mundo”, explicou durante o evento a pesquisadora Mariza Morgado, chefe do laboratório e responsável pelo projeto. “Poderemos determinar as necessidades e os desafios científicos nessas áreas e propor estratégias e políticas de pesquisa e desenvolvimento adequadas a cada região. Os resultados poderão ser apresentados, inclusive, como propostas de financiamento à União Européia, em futuros editais.”
Antes da premiação, Landabaso, e o Diretor do Bureau Brasileiro para Incremento da Cooperação Européia (BBICE), Paulo Egler, debateram os resultados do primeiro edital do FP-7 e o desempenho do Brasil no programa. O país foi o quinto em número de propostas, mas apenas 10% delas foram aprovadas – índice bem menor que o obtido por propostas apresentadas pelo Chile (14%), México (17%) e Argentina (23%), por exemplo. “Há vários fatores que explicam esse resultado, não apenas o simples critério técnico”, argumentou o Conselheiro da UE. “Os editais do Programa Quadros são complexos, as instituições brasileiras sofrem com a falta de informação e de preparação para o programa e têm, ainda, pouca consciência da importância das cooperações internacionais.”
Rodrigo Méxas
Henri Jouval (à esquerda) e Paulo Egler fizeram um balanço da participação brasileira no programa da União Européia
Para Egler, um dos maiores incentivadores dos Programas Quadros no Brasil, essa situação pode mudar nos próximos anos. “Desde a última edição do programa, existe uma política de incentivo e divulgação do FP-7, que deu origem ao nosso bureau, mas que foi melhor executada em nossos vizinhos da América Latina”, explica. “Pretendemos aumentar a divulgação do programa dentro do país, com a ajuda das instituições de fomento científico e do governo, e preparar publicações sobre as pesquisas desenvolvidas no Brasil, para serem distribuídas aos países europeus, o que facilitará a obtenção de parcerias.” Para ele, o país também deve investir em um tipo especial de acordo de cooperação previsto no FP-7, os Specific International Cooperation Action (Sica). “Diferentemente dos projetos normais do FP-7, os Sica permitem que negociemos as prioridades das pesquisas e podem ser direcionados a instituições de um único país, dentro de uma área temática, como aconteceu com a Rússia dessa vez.”
O evento, realizado na Escola Politécnica da Fiocruz, contou ainda com a apresentação de projetos desenvolvidos no âmbito da última edição do Programa Quadros (FP-6). O próximo edital do FP-7 deverá ser lançado em novembro.
12/06/2008
Marcelo Garcia
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