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Coleções Biológicas: preservação da história e da biodiversidade de interesse para a saúde

Encontro reuniu as 22 coleções sob a guarda do IOC e debateu oportunidades e ameaças
Por Max Gomes e Vinicius Ferreira12/12/2023 - Atualizado em 19/12/2023
Responsáveis pela curadoria das 22 Coleções Biológicas do Instituto. Foto: Gutemberg Brito/IOC

Nesta segunda-feira, 11 de dezembro, foi realizado o primeiro Seminário das Coleções Biológicas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Das 33 Coleções sob a guarda da Fiocruz, o IOC coordena 22. Algumas datam do início do século XX e conservam milhões de amostras, representando de forma significativa a biodiversidade de bactérias, protozoários, fungos, vírus, vetores e animais reservatórios de importância médica. Ao mesmo tempo, são conjuntos de alta relevância para a memória da Ciência e da Saúde no país.  

As coleções do IOC estão divididas em três grandes grupos: histopatológicas (tecidos e órgãos humanos), microbiológicas (fungos, bactérias e protozoários) e zoológicas (insetos, helmintos, moluscos e animais reservatórios).

Dentre os destaques, estão as coleções de Triatomíneos, com o maior acervo do mundo de barbeiros, insetos vetores da doença de Chagas; a Helmintológica, situada entre as maiores de referência mundial em vermes; de Artrópodes Vetores, uma das mais antigas e tradicionais coleções de carrapatos do Brasil; e a Entomológica, a primeira da Fiocruz e que conta com espécie depositada pelo próprio Oswaldo Cruz.

Ao todo, as coleções do IOC preservam milhares de microrganismos, mais de 5 milhões de invertebrados e cerca de 1,8 milhão de materiais histopatológicos e prestam serviços importantes e de qualidade para a sociedade.  

Capacitações, ações educativas e de divulgação científica, doação de material didático, identificação taxonômica, análise genotípica, empréstimos de exemplares e consultas ao acervo por pesquisadores e estudantes são algumas das várias ações desenvolvidas. 

O encontro começou com homenagem ao pesquisador Rodrigo Correa, falecido em 27 de outubro. Rodrigo desempenhou papel significativo como vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz. Com larga carreira científica, o cientista foi um importante parceiro do Instituto.  

Participaram da mesa de abertura a vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas do IOC, Elizabeth Ferreira Rangel, a diretora do IOC, Tania Araujo-Jorge, e a coordenadora executiva das Coleções Biológicas da Fiocruz, Aline Souto. 

Mesa de abertura reforçou o valor incontável das Coleções Biológicas do Instituto. Foto: Gutemberg Brito

O mote do seminário, construído como um momento para trocas, parcerias e planejamentos, foi frisado pelo vice-diretora. 

“É muito importante termos reunidos num mesmo espaço as equipes das coleções do Instituto. Um dos nossos objetivos é que todos se conheçam, tomem conhecimento dos trabalhos realizados pelos colegas e que possamos debater oportunidades e ameaças externas”, comentou Elizabeth. 

“Além de ser um importante espaço para a integração entre as equipes, essas apresentações são fontes riquíssimas de dados. Essas informações serão muito úteis para enriquecer nossos planejamentos”, complementou Aline. 

Nos últimos anos, a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz tem destinado recursos para contratação de força de trabalho, aquisição de material de consumo, melhoria na organização do acervo e de dados associados, manutenção das atividades, entre outras iniciativas. 

A diretora do IOC relembrou que a preservação da biodiversidade por meio das Coleções Biológicas faz parte da missão institucional desde 2014.

“Há alguns anos temos presenciado um aumento de ações que visam apoiar e valorizar as coleções, a partir de editais de preservação do acervo, contratação de mão de obra, e digitalização dos materiais”, salientou.  

A diretora mencionou ainda que o incêndio que acometeu o Pavilhão Lauro Travassos em abril deste ano acendeu o alerta para iniciativas que visem à segurança do patrimônio genético. 

“Que esse encontro seja produtivo para que consigamos avançar ainda mais em relação às coleções, não apenas no caráter científico, mas também no caráter da cidadania, de como mostramos esse patrimônio para a sociedade”, completou. 

Dentre os pontos considerados críticos pelos responsáveis pela curadoria estão a força de trabalho, a necessidade de digitalização e atualização do acervo disponibilizado no formato online e a vulnerabilidade jurídica por restrição de publicação em algumas revistas científicas internacionais. 

Como oportunidades, foram destacadas as possibilidades de inserção das coleções em atividades de divulgação científica, treinamento de profissionais, desenvolvimento tecnológico para geração de kits de diagnóstico, inclusão de dados em banco de informações genéticas e implementação de ações na área da educação.

A plateia era composta por integrantes das equipes das Coleções. Foto: Gutemberg Brito

Ao final das apresentações, Elizabeth destacou alguns pontos levantados pelos representantes e reforçou o compromisso da vice-diretoria em atender as demandas.

“Estou há algumas gestões caminhando junto com vocês e conheço essas demandas de perto. As coleções da Fiocruz são um tesouro de valor incalculável e 70% delas estão sob a guarda do IOC, com curadores extremamente dedicados. Tenho acompanhado o amadurecimento profissional e o avanço na visão estratégica de cada grupo”, afirmou.

“As nossas coleções são testemunhas da resiliência do Instituto. Elas passaram por crises políticas, como o Massacre de Manguinhos, e outras, como incêndios e perdas. Precisamos de planejamentos estratégicos de preservação do acervo e, também, de institucionalização da equipe, que é uma demanda geral”, acrescentou Tania. 

Aline revisitou as oportunidades e ameaças apontadas pelos representantes das Coleções.

“As análises realizadas pelos curadores conversam bastante entre si. Não adianta trabalhar individualmente com cada grupo. Temos que juntar esforços e seguir na mesma direção”, concluiu.

Confira a listagem com as 22 Coleções Biológicas do IOC: 

Histopatológicas 
Seção de Anatomia Patológica 
Departamento de Patologia 
Febre Amarela 

Zoológicas 
Artrópodes Vetores Ápteros de Importância em Saúde das Comunidades 
Ceratopogonidae 
Culicidae 
Entomológica 
Helmintológica 
Coleção Integrada de Mamíferos Silvestres Reservatórios 
Moluscos  
Simulídeos  
Triatomineos 

Microbiológicas 
Bactérias do Ambiente e Saúde
Campylobacter 
Leishmania 
Protozoários 
Culturas de Bactérias de Origem Hospitalar 
Culturas de Fungos Filamentosos 
Culturas do Gênero Bacillus e Gêneros Correlatos 
Leptospira 
Listeria 
Trypanosoma de Mamíferos Silvestres, Domésticos e Vetores 

Encontro reuniu as 22 coleções sob a guarda do IOC e debateu oportunidades e ameaças
Por: 
max.gomes
viniciusferreira
Responsáveis pela curadoria das 22 Coleções Biológicas do Instituto. Foto: Gutemberg Brito/IOC

Nesta segunda-feira, 11 de dezembro, foi realizado o primeiro Seminário das Coleções Biológicas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Das 33 Coleções sob a guarda da Fiocruz, o IOC coordena 22. Algumas datam do início do século XX e conservam milhões de amostras, representando de forma significativa a biodiversidade de bactérias, protozoários, fungos, vírus, vetores e animais reservatórios de importância médica. Ao mesmo tempo, são conjuntos de alta relevância para a memória da Ciência e da Saúde no país.  

As coleções do IOC estão divididas em três grandes grupos: histopatológicas (tecidos e órgãos humanos), microbiológicas (fungos, bactérias e protozoários) e zoológicas (insetos, helmintos, moluscos e animais reservatórios).

Dentre os destaques, estão as coleções de Triatomíneos, com o maior acervo do mundo de barbeiros, insetos vetores da doença de Chagas; a Helmintológica, situada entre as maiores de referência mundial em vermes; de Artrópodes Vetores, uma das mais antigas e tradicionais coleções de carrapatos do Brasil; e a Entomológica, a primeira da Fiocruz e que conta com espécie depositada pelo próprio Oswaldo Cruz.

Ao todo, as coleções do IOC preservam milhares de microrganismos, mais de 5 milhões de invertebrados e cerca de 1,8 milhão de materiais histopatológicos e prestam serviços importantes e de qualidade para a sociedade.  

Capacitações, ações educativas e de divulgação científica, doação de material didático, identificação taxonômica, análise genotípica, empréstimos de exemplares e consultas ao acervo por pesquisadores e estudantes são algumas das várias ações desenvolvidas. 

O encontro começou com homenagem ao pesquisador Rodrigo Correa, falecido em 27 de outubro. Rodrigo desempenhou papel significativo como vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz. Com larga carreira científica, o cientista foi um importante parceiro do Instituto.  

Participaram da mesa de abertura a vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas do IOC, Elizabeth Ferreira Rangel, a diretora do IOC, Tania Araujo-Jorge, e a coordenadora executiva das Coleções Biológicas da Fiocruz, Aline Souto. 

Mesa de abertura reforçou o valor incontável das Coleções Biológicas do Instituto. Foto: Gutemberg Brito

O mote do seminário, construído como um momento para trocas, parcerias e planejamentos, foi frisado pelo vice-diretora. 

“É muito importante termos reunidos num mesmo espaço as equipes das coleções do Instituto. Um dos nossos objetivos é que todos se conheçam, tomem conhecimento dos trabalhos realizados pelos colegas e que possamos debater oportunidades e ameaças externas”, comentou Elizabeth. 

“Além de ser um importante espaço para a integração entre as equipes, essas apresentações são fontes riquíssimas de dados. Essas informações serão muito úteis para enriquecer nossos planejamentos”, complementou Aline. 

Nos últimos anos, a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz tem destinado recursos para contratação de força de trabalho, aquisição de material de consumo, melhoria na organização do acervo e de dados associados, manutenção das atividades, entre outras iniciativas. 

A diretora do IOC relembrou que a preservação da biodiversidade por meio das Coleções Biológicas faz parte da missão institucional desde 2014.

“Há alguns anos temos presenciado um aumento de ações que visam apoiar e valorizar as coleções, a partir de editais de preservação do acervo, contratação de mão de obra, e digitalização dos materiais”, salientou.  

A diretora mencionou ainda que o incêndio que acometeu o Pavilhão Lauro Travassos em abril deste ano acendeu o alerta para iniciativas que visem à segurança do patrimônio genético. 

“Que esse encontro seja produtivo para que consigamos avançar ainda mais em relação às coleções, não apenas no caráter científico, mas também no caráter da cidadania, de como mostramos esse patrimônio para a sociedade”, completou. 

Dentre os pontos considerados críticos pelos responsáveis pela curadoria estão a força de trabalho, a necessidade de digitalização e atualização do acervo disponibilizado no formato online e a vulnerabilidade jurídica por restrição de publicação em algumas revistas científicas internacionais. 

Como oportunidades, foram destacadas as possibilidades de inserção das coleções em atividades de divulgação científica, treinamento de profissionais, desenvolvimento tecnológico para geração de kits de diagnóstico, inclusão de dados em banco de informações genéticas e implementação de ações na área da educação.

A plateia era composta por integrantes das equipes das Coleções. Foto: Gutemberg Brito

Ao final das apresentações, Elizabeth destacou alguns pontos levantados pelos representantes e reforçou o compromisso da vice-diretoria em atender as demandas.

“Estou há algumas gestões caminhando junto com vocês e conheço essas demandas de perto. As coleções da Fiocruz são um tesouro de valor incalculável e 70% delas estão sob a guarda do IOC, com curadores extremamente dedicados. Tenho acompanhado o amadurecimento profissional e o avanço na visão estratégica de cada grupo”, afirmou.

“As nossas coleções são testemunhas da resiliência do Instituto. Elas passaram por crises políticas, como o Massacre de Manguinhos, e outras, como incêndios e perdas. Precisamos de planejamentos estratégicos de preservação do acervo e, também, de institucionalização da equipe, que é uma demanda geral”, acrescentou Tania. 

Aline revisitou as oportunidades e ameaças apontadas pelos representantes das Coleções.

“As análises realizadas pelos curadores conversam bastante entre si. Não adianta trabalhar individualmente com cada grupo. Temos que juntar esforços e seguir na mesma direção”, concluiu.

Confira a listagem com as 22 Coleções Biológicas do IOC: 

Histopatológicas 
Seção de Anatomia Patológica 
Departamento de Patologia 
Febre Amarela 

Zoológicas 
Artrópodes Vetores Ápteros de Importância em Saúde das Comunidades 
Ceratopogonidae 
Culicidae 
Entomológica 
Helmintológica 
Coleção Integrada de Mamíferos Silvestres Reservatórios 
Moluscos  
Simulídeos  
Triatomineos 

Microbiológicas 
Bactérias do Ambiente e Saúde
Campylobacter 
Leishmania 
Protozoários 
Culturas de Bactérias de Origem Hospitalar 
Culturas de Fungos Filamentosos 
Culturas do Gênero Bacillus e Gêneros Correlatos 
Leptospira 
Listeria 
Trypanosoma de Mamíferos Silvestres, Domésticos e Vetores 

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)