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Palestra aborda papel do TDR na próxima década

Vice-presidente do conselho da entidade internacional destaca necessidade de trabalhar em rede e de definir localmente prioridades de pesquisa, desenvolvimento e inovação
Por Jornalismo IOC10/06/2010 - Atualizado em 10/12/2019

O papel do TDR (Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde) no combate às chamadas doenças negligenciadas na próxima década foi o tema da palestra do pesquisador Rodrigo Correia Oliveira, vice-presidente do conselho do TDR e diretor da Fiocruz/MG, apresentada nesta quarta-feira, 09/06, no I Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

O pesquisador abordou a necessidade do empoderamento dos países onde estas doenças são endêmicas, a importância de desenvolvimento de mais parcerias entre os países e comemorou o sucesso da atuação do TDR, em especial na capacitação de pessoal e no estímulo ao desenvolvimento de instituições de pesquisa desenvolvimento e inovação locais.

Gutemberg Brito

 

 Rodrigo Correia Oliveira ressaltou a importância de estimular a cooperação entre os países onde ocorrem as doenças negligenciadas e destacou o papel de liderança que o Brasil deve assumir

O principal tema destacado por Rodrigo foi a necessidade dos países que sofrem com endemias e epidemias de doenças negligenciadas (como dengue, hanseníase, leishmaniose, esquistossomose e outras, que em geral atingem países mais pobres e contam com pouco investimento para pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos) assumirem papel central na pesquisa e no combate a essas enfermidades. “O processo de empoderamento é imprescindível, esses países devem passar a determinar quais são as reais prioridades na geração de conhecimento e de políticas públicas para seus sistemas de saúde”, afirmou. “Isso ainda não acontece em muitos lugares, há uma barreira formada pela falta de mão de obra qualificada, falta de financiamento e falta de compromisso dos governos locais.”

O pesquisador acredita na importância do trabalho colaborativo e no desenvolvimento de parcerias entre estes países e elogiou a atuação do Brasil e da Fiocruz. “Precisamos ampliar as parcerias Sul-Sul, onde estão estas doenças, para definir objetivos e gerar conhecimento. Não há recursos para tudo, é preciso apostar em parcerias”, defendeu. “O Brasil precisa assumir seu papel de liderança, como vem fazendo, pois é uma referência em pesquisa e desenvolvimento para saúde pública, em especial para os países africanos. A iniciativa da Fiocruz nessa região, na qual o IOC tem papel de destaque, precisa ser incentivada e expandida.” 
 
Rodrigo também destacou a importância da nova Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre saúde pública, inovação e propriedade intelectual. “Entre as prioridades da iniciativa, está a transferência de tecnologia e a criação de capacidade de produção locais de tecnologias para saúde. O Brasil teve papel de destaque na adoção dessas metas”, avaliou.  

O pesquisador ainda apresentou uma análise do relatório da entidade de 2009 e avaliou sua atuação nos últimos anos. “Dentre todas as conquistas do TDR, talvez a mais importante tenha sido a formação e capacitação de pessoal nos países mais pobres. Hoje, o cenário é muito diferente de poucas décadas atrás: o TDR não é mais uma iniciativa isolada, mas uma entre muitas, várias delas nascidas da própria entidade”, acredita Rodrigo. “Essa nova realidade estimulou a entidade a rever seus objetivos e práticas, redefinindo suas estratégias e sua atuação. Passou a atuar mais em conjunto com as entidades locais, levando a discussão de prioridades para dentro destes países”, afirmou.

O pesquisador ressalva, no entanto, que há um longo caminho a percorrer. “Ainda deixamos que os países do dito primeiro mundo definam as prioridades de pesquisa em doenças que são grandes questões de saúde pública nas nações mais pobres”, avaliou. “É preciso entrar nessa discussão, mostrar que já temos excelência e que podemos gerar conhecimento, que somos capazes de identificar nossas reais necessidades. Precisamos, para isso, desenvolver uma visão mais ampla, que enxergue de forma integrada nossas questões de saúde pública e suas ramificações sociais, econômicas e ambientais”, completou.

 10/06/2010

Marcelo Garcia

Vice-presidente do conselho da entidade internacional destaca necessidade de trabalhar em rede e de definir localmente prioridades de pesquisa, desenvolvimento e inovação
Por: 
jornalismo

O papel do TDR (Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde) no combate às chamadas doenças negligenciadas na próxima década foi o tema da palestra do pesquisador Rodrigo Correia Oliveira, vice-presidente do conselho do TDR e diretor da Fiocruz/MG, apresentada nesta quarta-feira, 09/06, no I Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

O pesquisador abordou a necessidade do empoderamento dos países onde estas doenças são endêmicas, a importância de desenvolvimento de mais parcerias entre os países e comemorou o sucesso da atuação do TDR, em especial na capacitação de pessoal e no estímulo ao desenvolvimento de instituições de pesquisa desenvolvimento e inovação locais.

Gutemberg Brito

 

 Rodrigo Correia Oliveira ressaltou a importância de estimular a cooperação entre os países onde ocorrem as doenças negligenciadas e destacou o papel de liderança que o Brasil deve assumir

O principal tema destacado por Rodrigo foi a necessidade dos países que sofrem com endemias e epidemias de doenças negligenciadas (como dengue, hanseníase, leishmaniose, esquistossomose e outras, que em geral atingem países mais pobres e contam com pouco investimento para pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos) assumirem papel central na pesquisa e no combate a essas enfermidades. “O processo de empoderamento é imprescindível, esses países devem passar a determinar quais são as reais prioridades na geração de conhecimento e de políticas públicas para seus sistemas de saúde”, afirmou. “Isso ainda não acontece em muitos lugares, há uma barreira formada pela falta de mão de obra qualificada, falta de financiamento e falta de compromisso dos governos locais.”

O pesquisador acredita na importância do trabalho colaborativo e no desenvolvimento de parcerias entre estes países e elogiou a atuação do Brasil e da Fiocruz. “Precisamos ampliar as parcerias Sul-Sul, onde estão estas doenças, para definir objetivos e gerar conhecimento. Não há recursos para tudo, é preciso apostar em parcerias”, defendeu. “O Brasil precisa assumir seu papel de liderança, como vem fazendo, pois é uma referência em pesquisa e desenvolvimento para saúde pública, em especial para os países africanos. A iniciativa da Fiocruz nessa região, na qual o IOC tem papel de destaque, precisa ser incentivada e expandida.” 

 

Rodrigo também destacou a importância da nova Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre saúde pública, inovação e propriedade intelectual. “Entre as prioridades da iniciativa, está a transferência de tecnologia e a criação de capacidade de produção locais de tecnologias para saúde. O Brasil teve papel de destaque na adoção dessas metas”, avaliou.  

O pesquisador ainda apresentou uma análise do relatório da entidade de 2009 e avaliou sua atuação nos últimos anos. “Dentre todas as conquistas do TDR, talvez a mais importante tenha sido a formação e capacitação de pessoal nos países mais pobres. Hoje, o cenário é muito diferente de poucas décadas atrás: o TDR não é mais uma iniciativa isolada, mas uma entre muitas, várias delas nascidas da própria entidade”, acredita Rodrigo. “Essa nova realidade estimulou a entidade a rever seus objetivos e práticas, redefinindo suas estratégias e sua atuação. Passou a atuar mais em conjunto com as entidades locais, levando a discussão de prioridades para dentro destes países”, afirmou.

O pesquisador ressalva, no entanto, que há um longo caminho a percorrer. “Ainda deixamos que os países do dito primeiro mundo definam as prioridades de pesquisa em doenças que são grandes questões de saúde pública nas nações mais pobres”, avaliou. “É preciso entrar nessa discussão, mostrar que já temos excelência e que podemos gerar conhecimento, que somos capazes de identificar nossas reais necessidades. Precisamos, para isso, desenvolver uma visão mais ampla, que enxergue de forma integrada nossas questões de saúde pública e suas ramificações sociais, econômicas e ambientais”, completou.

 10/06/2010



Marcelo Garcia



Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)