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Beleza oculta

Ciclo de vida completo de helminto é descrito pela primeira vez, com surpreendentes imagens de microscopia eletrônica
Por Jornalismo IOC16/06/2010 - Atualizado em 10/12/2019

O ciclo de vida do trematódeo Ascocotyle (Phagicola) longa foi descrito em sua totalidade pela primeira vez por pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em artigo publicado no periódico científico Acta Tropica. Este parasito com distribuição mundial é considerado agente causador da heterofiíase humana, uma parasitose emergente proveniente do pescado. Recentemente, a espécie foi incluída na lista de Classificação de Risco dos Agentes Biológicos, publicado em 2010 pelo Ministério da Saúde (para acessar a publicação,

Detalhe dos espinhos na ventosa oral da cercária

Por meio da observação da infecção natural e a partir de infecções experimentais, as autoras do artigo descreveram o ciclo de vida completo do A. (P.) longa, que tem como primeiro hospedeiro intermediário natural o molusco Heleobia australis. Mil exemplares do molusco foram coletados de ecossistemas de lagoa, no Rio de Janeiro, em 2008 e 2009 (500 em junho de 2008 e 500 em janeiro de 2009) e examinados para investigação sobre a existência de cercárias. O estudo foi parte da tese de doutorado de Susana Balmant Emerique Simões sob orientação das pesquisadoras Cláudia Portes Santos, do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, e  Helene Santos Barbosa, do Laboratório de Biologia Estrutural.

Simões et al., 2010. Acta Tropica 113: 226-233

Imagem feita por microscopia eletrônica de varredura da cercária do Ascocotyle (Phagicola) longa

Na mesma localidade, tainhas Mugil liza e 150 amostras de três outras espécies de peixes foram coletadas e examinadas quanto à presença de metacercárias (estádio intermediário da evolução do parasito, anterior à fase adulta). Metacercárias encistadas foram encontradas na musculatura e em vários órgãos das tainhas Mugil liza. Hamsters foram experimentalmente infectados com metacercárias de A. (P.) longa obtidas a partir da tainha e os parasitos adultos recuperados foram utilizados para infectar moluscos H. australis criados em laboratório. Pela primeira vez, a descrição de rédias (forma larvar do trematódeo) e cercárias de A. (P.) longa foi registrada.

Simões et al., 2010. Acta Tropica 113: 226-233

Metacercária do helminto, também em imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura

O estudo detectou uma mudança no padrão do tegumento espinhoso de cercárias para metacercárias e adultos, com espinhos com pontas múltiplas e bordas em formato de pincel. Como o ciclo de vida de A. (P.) longa está relacionado a estuários e lagoas costeiras e a prevalência de A. (P.) longa encistadas nas tainhas examinadas foi alta, as autoras indicam um potencial impacto da infestação dos peixes na saúde pública.

A pesquisadora Cláudia Portes Santos, uma das autoras do artigo, destaca a importância do cozimento do peixe antes do consumo. “Para prevenir a transmissão do parasito ao homem, é necessário que o peixe seja bem cozido antes de ser ingerido”, alerta.

Marina Schneider

16/06/10

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O ciclo de vida do trematódeo Ascocotyle (Phagicola) longa foi descrito em sua totalidade pela primeira vez por pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em artigo publicado no periódico científico Acta Tropica. Este parasito com distribuição mundial é considerado agente causador da heterofiíase humana, uma parasitose emergente proveniente do pescado. Recentemente, a espécie foi incluída na lista de Classificação de Risco dos Agentes Biológicos, publicado em 2010 pelo Ministério da Saúde (para acessar a publicação,

Detalhe dos espinhos na ventosa oral da cercária

Por meio da observação da infecção natural e a partir de infecções experimentais, as autoras do artigo descreveram o ciclo de vida completo do A. (P.) longa, que tem como primeiro hospedeiro intermediário natural o molusco Heleobia australis. Mil exemplares do molusco foram coletados de ecossistemas de lagoa, no Rio de Janeiro, em 2008 e 2009 (500 em junho de 2008 e 500 em janeiro de 2009) e examinados para investigação sobre a existência de cercárias. O estudo foi parte da tese de doutorado de Susana Balmant Emerique Simões sob orientação das pesquisadoras Cláudia Portes Santos, do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, e  Helene Santos Barbosa, do Laboratório de Biologia Estrutural.

Simões et al., 2010. Acta Tropica 113: 226-233

Imagem feita por microscopia eletrônica de varredura da cercária do Ascocotyle (Phagicola) longa

Na mesma localidade, tainhas Mugil liza e 150 amostras de três outras espécies de peixes foram coletadas e examinadas quanto à presença de metacercárias (estádio intermediário da evolução do parasito, anterior à fase adulta). Metacercárias encistadas foram encontradas na musculatura e em vários órgãos das tainhas Mugil liza. Hamsters foram experimentalmente infectados com metacercárias de A. (P.) longa obtidas a partir da tainha e os parasitos adultos recuperados foram utilizados para infectar moluscos H. australis criados em laboratório. Pela primeira vez, a descrição de rédias (forma larvar do trematódeo) e cercárias de A. (P.) longa foi registrada.

Simões et al., 2010. Acta Tropica 113: 226-233

Metacercária do helminto, também em imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura

O estudo detectou uma mudança no padrão do tegumento espinhoso de cercárias para metacercárias e adultos, com espinhos com pontas múltiplas e bordas em formato de pincel. Como o ciclo de vida de A. (P.) longa está relacionado a estuários e lagoas costeiras e a prevalência de A. (P.) longa encistadas nas tainhas examinadas foi alta, as autoras indicam um potencial impacto da infestação dos peixes na saúde pública.

A pesquisadora Cláudia Portes Santos, uma das autoras do artigo, destaca a importância do cozimento do peixe antes do consumo. “Para prevenir a transmissão do parasito ao homem, é necessário que o peixe seja bem cozido antes de ser ingerido”, alerta.

Marina Schneider

16/06/10

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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)