Rompendo os muros de salas de aula de todo o país, os Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) chegaram à notável marca de 30 edições, com impacto significativo na carreira e na vida de mais de 2.800 estudantes de graduação de universidades públicas e privadas brasileiras.
Entre eles, estão os 55 participantes da edição Verão 2024, que deixaram os laboratórios do IOC ainda mais diversos, com alunos do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo. A iniciativa aconteceu entre 22 de janeiro e 02 de fevereiro na sede da Fiocruz, no Rio.
De Rondônia, Daniel Gomes Cardozo, de 23 anos, fez parte da turma de “Fisiologia dos Insetos Vetores”. O estudante de Biomedicina na Universidade São Lucas conheceu a iniciativa através das redes sociais da Fiocruz e se interessou pela oportunidade de ampliar seu conhecimento em temas que vão além do escopo da graduação.
“Escolhi essa modalidade porque, particularmente, gosto muito de insetos e, também, porque a Região Norte é bastante afetada por doenças tropicais. Fiquei encantado com as práticas de laboratório em arboviroses, doença de Chagas e leishmanioses”, compartilhou o jovem, que cria em sua casa um louva-a-deus.
O desafio de estudar um assunto novo foi o que também motivou a baiana Iasmin Amaral, de 21 anos, a participar do curso “Citometria de Fluxo: fundamentos e aplicações na pesquisa científica”.
“Quando estava escolhendo para qual modalidade aplicar, reparei que tinha esse tema e decidi pesquisar mais sobre ele. Acabei ficando bastante interessada, pois se encaixava com minha matéria favorita na graduação, a Imunologia”, contou a estudante de Farmácia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Além dos ensinamentos no uso de tecnologias para estudos de células, Iasmin revelou que também descobriu um pouco mais sobre as pesquisas desempenhadas na Fiocruz.
“Conhecia a Fundação apenas pelo castelo, mas encontrei um mundo de possibilidades. Além da parte acadêmica, que será um grande diferencial no meu currículo, senti que também amadureci um pouco como pessoa. Eu moro em uma cidade pequenininha na Bahia e aqui fui apresentada a uma grande diversidade de pessoas e perspectivas”, destacou.
A ampliação de horizontes também foi o que incentivou Lilian Eduarda de Freitas, de 21 anos, a vir do Amazonas para o Rio de Janeiro.
Estudante de Biomedicina no Centro Universitário Fametro, a jovem participou do curso “Arboviroses de importância médica e seus vetores: avanços e desafios”, que abordou conhecimentos sobre dengue e febre Oropouche, doenças que têm provocado surtos na região.
“A troca de experiências e o networking que fiz têm sido importantes. É uma oportunidade única de conhecer pessoas de diferentes estados, graduações e visões diferentes das minhas. Descobri ainda que aqui tem mestrado e doutorado na minha área de interesse, que é a medicina tropical”, compartilhou.
Giovanni Grilo, de 22 anos, do Rio Grande do Norte, também escolheu um curso alinhado aos desafios de onde mora. Em "A vida misteriosa dos fungos: heróis ou vilões?", o aluno de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte aproveitou a oportunidade para conversar com pesquisadores sobre fungos do gênero Sporothrix, que causam a esporotricose.
“Eu faço iniciação científica em micologia, trabalhando com fungos de interesse médico. O meu estado tem enfrentado uma crescente no número de casos de esporotricose e aqui eu pude conversar com especialistas e pós-graduandos com projetos no tema, já que o Rio de Janeiro é endêmico para a doença”, relatou.
Apesar dos desafios logísticos, Giovanni destacou a existência de facilidades como a Casa Amarela, opção de hospedagem acessível dentro do campus da Fiocruz.
“Eu recomendo que aqueles que desejam participar dos Cursos de Férias, tentem diferentes formas de vir, pois é uma experiência incrível. Muitas pessoas não sabem que aqui dentro tem uma hospedagem de baixo custo que recebe pesquisadores e estudantes. Eu super recomendo”, compartilhou.
Participante da temporada Inverno 2023, a carioca Nathalya Freitas, de 27 anos, enviou sua inscrição para a atual edição e foi novamente selecionada. Desta vez, no curso “Fisiologia dos insetos vetores”.
“O que mais gosto dos Cursos de Férias é que eles colocam a gente para pôr a mão na massa e ver como é a rotina real do laboratório. Acabamos indo além e vendo várias situações dentro de um mesmo tema”, contou.
Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, no formato de Educação à Distância (EAD), Nathalya valoriza a oportunidade de adquirir prática laboratorial, fundamental para complementar sua formação.
“Como minha graduação é EAD, não tenho muita prática. Por isso, é importante que eu busque esse conhecimento em outros locais. Tem muita atividade que realizei nos laboratórios do IOC que não estão nos livros, mas fazem parte do dia a dia dos pesquisadores”, pontuou.
Iniciado em 2007 com a proposta de desenvolver o pensamento científico em estudantes de graduação da área da Saúde, os Cursos de Férias mantiveram presença constante ao longo de 17 anos, oferecendo duas edições por ano, verão e inverno, com duração de uma ou duas semanas, dependendo do curso selecionado.
“Temos muito orgulho da consistência desses 17 anos, com a realização regular de duas edições anuais. Ao longo desse período, apenas quatro edições foram canceladas devido à realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, e a Olimpíada de 2016, e outras duas devido à Covid-19”, enfatizou a coordenadora dos Cursos, Tatiana Maron Gutierrez, durante palestra na aula inaugural da temporada.
“Com a pandemia, nos reinventamos com edições online. Apesar do formato online ter funcionado bem, com o retorno ao presencial, fomos gradativamente voltando aos laboratórios do IOC, que é a essência dos Cursos de Férias”, completou.
A coordenadora também destacou as diversas produções originadas nos Cursos, incluindo publicações baseadas em materiais didáticos elaborados pelos professores e coordenadores.
“Em 2013 e 2014, foi desenvolvida uma série de livros abordando os temas dos cursos. Essa iniciativa foi retomada no último ano, com o lançamento de ‘Tópicos em virologia’, disponível gratuitamente para download. Em breve, pretendemos lançar nova coleção”, concluiu.
A aula inaugural foi ministrada pelo pesquisador Rubem Menna Barreto, um dos fundadores da iniciativa, que abordou o tema “Mitocôndrias, parasitos e fármacos: uma história de amor”.
As atividades dos Cursos de Férias são planejadas e ministradas por estudantes dos Programas de Pós-graduação Stricto sensu e coordenadas por pesquisadores do Instituto. Ao todo, a iniciativa já ofertou mais de 165 cursos.
As aulas são voltadas principalmente para atividades práticas, aprimorando noções básicas de laboratório e dando suporte à conceituação e à contextualização dos temas abordados, que são sempre de grande relevância para a área de pesquisa em saúde no Brasil, contudo, pouco discutidos em cursos de graduação.
A próxima temporada está prevista para acontecer no Inverno de 2024.
Rompendo os muros de salas de aula de todo o país, os Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) chegaram à notável marca de 30 edições, com impacto significativo na carreira e na vida de mais de 2.800 estudantes de graduação de universidades públicas e privadas brasileiras.
Entre eles, estão os 55 participantes da edição Verão 2024, que deixaram os laboratórios do IOC ainda mais diversos, com alunos do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo. A iniciativa aconteceu entre 22 de janeiro e 02 de fevereiro na sede da Fiocruz, no Rio.
De Rondônia, Daniel Gomes Cardozo, de 23 anos, fez parte da turma de “Fisiologia dos Insetos Vetores”. O estudante de Biomedicina na Universidade São Lucas conheceu a iniciativa através das redes sociais da Fiocruz e se interessou pela oportunidade de ampliar seu conhecimento em temas que vão além do escopo da graduação.
“Escolhi essa modalidade porque, particularmente, gosto muito de insetos e, também, porque a Região Norte é bastante afetada por doenças tropicais. Fiquei encantado com as práticas de laboratório em arboviroses, doença de Chagas e leishmanioses”, compartilhou o jovem, que cria em sua casa um louva-a-deus.
O desafio de estudar um assunto novo foi o que também motivou a baiana Iasmin Amaral, de 21 anos, a participar do curso “Citometria de Fluxo: fundamentos e aplicações na pesquisa científica”.
“Quando estava escolhendo para qual modalidade aplicar, reparei que tinha esse tema e decidi pesquisar mais sobre ele. Acabei ficando bastante interessada, pois se encaixava com minha matéria favorita na graduação, a Imunologia”, contou a estudante de Farmácia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Além dos ensinamentos no uso de tecnologias para estudos de células, Iasmin revelou que também descobriu um pouco mais sobre as pesquisas desempenhadas na Fiocruz.
“Conhecia a Fundação apenas pelo castelo, mas encontrei um mundo de possibilidades. Além da parte acadêmica, que será um grande diferencial no meu currículo, senti que também amadureci um pouco como pessoa. Eu moro em uma cidade pequenininha na Bahia e aqui fui apresentada a uma grande diversidade de pessoas e perspectivas”, destacou.
A ampliação de horizontes também foi o que incentivou Lilian Eduarda de Freitas, de 21 anos, a vir do Amazonas para o Rio de Janeiro.
Estudante de Biomedicina no Centro Universitário Fametro, a jovem participou do curso “Arboviroses de importância médica e seus vetores: avanços e desafios”, que abordou conhecimentos sobre dengue e febre Oropouche, doenças que têm provocado surtos na região.
“A troca de experiências e o networking que fiz têm sido importantes. É uma oportunidade única de conhecer pessoas de diferentes estados, graduações e visões diferentes das minhas. Descobri ainda que aqui tem mestrado e doutorado na minha área de interesse, que é a medicina tropical”, compartilhou.
Giovanni Grilo, de 22 anos, do Rio Grande do Norte, também escolheu um curso alinhado aos desafios de onde mora. Em "A vida misteriosa dos fungos: heróis ou vilões?", o aluno de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte aproveitou a oportunidade para conversar com pesquisadores sobre fungos do gênero Sporothrix, que causam a esporotricose.
“Eu faço iniciação científica em micologia, trabalhando com fungos de interesse médico. O meu estado tem enfrentado uma crescente no número de casos de esporotricose e aqui eu pude conversar com especialistas e pós-graduandos com projetos no tema, já que o Rio de Janeiro é endêmico para a doença”, relatou.
Apesar dos desafios logísticos, Giovanni destacou a existência de facilidades como a Casa Amarela, opção de hospedagem acessível dentro do campus da Fiocruz.
“Eu recomendo que aqueles que desejam participar dos Cursos de Férias, tentem diferentes formas de vir, pois é uma experiência incrível. Muitas pessoas não sabem que aqui dentro tem uma hospedagem de baixo custo que recebe pesquisadores e estudantes. Eu super recomendo”, compartilhou.
Participante da temporada Inverno 2023, a carioca Nathalya Freitas, de 27 anos, enviou sua inscrição para a atual edição e foi novamente selecionada. Desta vez, no curso “Fisiologia dos insetos vetores”.
“O que mais gosto dos Cursos de Férias é que eles colocam a gente para pôr a mão na massa e ver como é a rotina real do laboratório. Acabamos indo além e vendo várias situações dentro de um mesmo tema”, contou.
Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, no formato de Educação à Distância (EAD), Nathalya valoriza a oportunidade de adquirir prática laboratorial, fundamental para complementar sua formação.
“Como minha graduação é EAD, não tenho muita prática. Por isso, é importante que eu busque esse conhecimento em outros locais. Tem muita atividade que realizei nos laboratórios do IOC que não estão nos livros, mas fazem parte do dia a dia dos pesquisadores”, pontuou.
Iniciado em 2007 com a proposta de desenvolver o pensamento científico em estudantes de graduação da área da Saúde, os Cursos de Férias mantiveram presença constante ao longo de 17 anos, oferecendo duas edições por ano, verão e inverno, com duração de uma ou duas semanas, dependendo do curso selecionado.
“Temos muito orgulho da consistência desses 17 anos, com a realização regular de duas edições anuais. Ao longo desse período, apenas quatro edições foram canceladas devido à realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, e a Olimpíada de 2016, e outras duas devido à Covid-19”, enfatizou a coordenadora dos Cursos, Tatiana Maron Gutierrez, durante palestra na aula inaugural da temporada.
“Com a pandemia, nos reinventamos com edições online. Apesar do formato online ter funcionado bem, com o retorno ao presencial, fomos gradativamente voltando aos laboratórios do IOC, que é a essência dos Cursos de Férias”, completou.
A coordenadora também destacou as diversas produções originadas nos Cursos, incluindo publicações baseadas em materiais didáticos elaborados pelos professores e coordenadores.
“Em 2013 e 2014, foi desenvolvida uma série de livros abordando os temas dos cursos. Essa iniciativa foi retomada no último ano, com o lançamento de ‘Tópicos em virologia’, disponível gratuitamente para download. Em breve, pretendemos lançar nova coleção”, concluiu.
A aula inaugural foi ministrada pelo pesquisador Rubem Menna Barreto, um dos fundadores da iniciativa, que abordou o tema “Mitocôndrias, parasitos e fármacos: uma história de amor”.
As atividades dos Cursos de Férias são planejadas e ministradas por estudantes dos Programas de Pós-graduação Stricto sensu e coordenadas por pesquisadores do Instituto. Ao todo, a iniciativa já ofertou mais de 165 cursos.
As aulas são voltadas principalmente para atividades práticas, aprimorando noções básicas de laboratório e dando suporte à conceituação e à contextualização dos temas abordados, que são sempre de grande relevância para a área de pesquisa em saúde no Brasil, contudo, pouco discutidos em cursos de graduação.
A próxima temporada está prevista para acontecer no Inverno de 2024.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)