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Questões que permeiam a valorização das relações interpessoais e as ações institucionais voltadas para o cuidado com a saúde mental de profissionais e estudantes foram os principais assuntos debatidos na manhã do último dia (14/09) de atividades da Semana da Pós-graduação Stricto sensu do IOC.
Realizada em sessão do Centro de Estudos, a mesa-redonda dedicada a debater o assunto foi composta por Cristiane Batista Andrade, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz); Tânia Maron Vichi Freire de Mello, coordenadora do Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (SAPPE) da Universidade de Campinas (Unicamp); Marcia Silveira, coordenadora técnica do Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz); e Wania Santiago, vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão e membro da Comissão Interna de Valorização das Relações Interpessoais e Prevenção ao Assédio do IOC.
Questões que permeiam a valorização das relações interpessoais e o combate aos tipos de assédio, assim como as ações institucionais voltadas para o cuidado com a saúde mental de profissionais e estudantes, foram os principais assuntos debatidos. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)
No contexto de valorização das relações e do combate ao assédio, cada participante abordou uma temática específica. Cristiane Andrade, do CLAVES, detalhou os aspectos que envolvem as várias formas de opressão no ambiente de trabalho − como os assédios moral e sexual − e seus reflexos para a saúde mental e física dos envolvidos. “Se pensarmos em quanto o trabalho é importante para cada um de nós, conseguiremos ter uma noção do quão danoso é o assédio moral na vida das pessoas”, pontuou. Segundo ela, os perfis de profissionais relacionados de forma mais frequente a esse tipo de violência são aqueles que apresentam algum tipo de resistência à autoridade, os perfeccionistas e os extremamente dedicados ao trabalho. “Estigmatizar a vítima como louca, mau caráter ou de difícil convivência é uma prática comum do assediador para justificar seu comportamento opressor e desrespeitoso”, explicou.
Sobre o assédio sexual, a especialista chamou atenção para as ações que caracterizam esse tipo de violência. “Conversas de cunho íntimo não desejadas, imposição de favores e chantagens sexuais, pressões para marcar encontros, tudo isso configura assédio sexual”, esclareceu Cristiane, salientando que, por conta do contexto cultural e social, as mulheres muitas vezes tratam este tipo de violência no âmbito privado. “O contexto histórico de submissão, unido ao medo e à possível impunidade, fazem com que muitas assediadas não deem visibilidade ao problema. Por isso, reforço: a melhor maneira de combater qualquer tipo de assédio é procurar ajuda”, enfatizou.
Em sua apresentação, a vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão, Wania Santiago, destacou a atuação da Comissão de Valorização das Relações Interpessoais e Prevenção ao Assédio do IOC. Instituída para criar estratégias de sensibilização sobre questões que dificultam as relações interpessoais e favorecem as diversas formas de violência nos ambientes de trabalho e de ensino, a Comissão, segundo a vice-diretora, tem o propósito de incentivar relações justas e saudáveis, assim como identificar os grupos mais suscetíveis e prestar esclarecimentos quanto aos fluxos de acolhimento para situações de conflito na instituição. “Entendemos que o trabalho e a atividade educacional são componentes importantes na vida de qualquer indivíduo. Por isso, influem diretamente em suas emoções. Relações saudáveis geram um ambiente acolher, e isso tudo minimiza − ou até mesmo inibe − situações de assédio”, declarou.
Ainda envolvendo a prioridade da Comissão em prevenir relações interpessoais conflituosas e propiciar um ambiente de trabalho agradável, a vice-diretora comentou sobre as atividades oferecidas pelo Instituto no contexto das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). “Hoje, contamos com quatro iniciativas no IOC, todas realizadas por voluntários e abertas à participação de profissionais e estudantes da Fiocruz: reiki, meditação, auriculoterapia e roda de terapia comunitária integrativa”, contou, destacando que o programa está alinhado às diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para essas práticas.
No contexto de valorização das relações e do combate ao assédio, cada participante abordou uma temática específica. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)Por fim, Wania Santiago apresentou um rápido panorama das ações da Fiocruz no enfrentamento do assédio moral e outras formas de violência no trabalho e elencou os canais de acolhimento dentro da Instituição. “Qualquer profissional que se sinta vítima de assédio moral ou sexual na instituição pode procurar a Ouvidoria Fiocruz, o Serviço de Gestão do Trabalho da sua Unidade, o Centro de Atendimento ao Discente (CAD), no caso de ser estudantes, ou até mesmo o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc-SN), se for servidor”, concluiu.
Criado com a finalidade de acompanhar os discentes durante a trajetória acadêmica na Fiocruz, favorecendo a integração e o equacionamento das situações individuais e coletivas que possam vir a influenciar no bem-estar físico e mental, no desempenho acadêmico e no desenvolvimento profissional dos estudantes, o Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz) foi o ponto principal da apresentação de Marcia Silveira, coordenadora técnica do Centro. “O CAD é fruto de um conjunto de ações institucionais: o grupo de acolhimento a alunos estrangeiros, as demandas dos discentes via Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG-Fiocruz) e o Plano de Desenvolvimento Institucional, que apontou para a necessidade de uma escuta mais integrada dos estudantes”, contou.
De acordo com a coordenadora, apesar de uma experiência institucionalmente exitosa, o CAD ainda precisa superar alguns desafios para avançar no atendimento estudantil. “A ampliação da equipe de trabalho, a formação de redes internas e externas para disseminação de ações e a constituição de Centro de Apoio ao Discente nas unidades regionais, atualmente, são os nossos principais desafios”, sinalizou Márcia Silveira.
A psiquiatra Tânia Maron Vichi Freire de Mello, que coordena o Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (SAPPE) da Unicamp, ficou responsável por abordar o tema ‘Saúde mental na Pós-graduação’. Como ponto de partida, Tânia apresentou a trajetória do SAPPE – uma experiência em atendimento psicológico e psiquiátrico estudantil que, segundo a convidada, pode inspirar outras instituições de ensino e pesquisa. “O SAPPE tem mais de 30 anos e começou de maneira tímida por uma demanda vinda dos próprios alunos. A percepção da necessidade de institucionalizar o Serviço partiu da Pró-reitoria de Ensino da Universidade. Hoje, com uma equipe de dois psiquiatras e dez psicólogos, conseguimos dar conta de um universo de oito mil alunos”, esclareceu a coordenadora, acrescentando que o SAPPE oferece um curso técnico de psicotreinamento, que possibilita um aumento na capacidade de assistência, já que, durante o curso, os alunos atuam como monitores.
Tânia aproveitou para parabenizar o IOC pelo desenvolvimento de iniciativas voltadas para a saúde mental de alunos e profissionais, assim como por ampliar a discussão sobre um tema tão atual e importante: violência no trabalho. “Organizar uma mesa-redonda sobre valorização das relações interpessoais e saúde mental na pós-graduação foi uma grande sacada do Instituto, pois questões de saúde mental estão movimentando o mundo inteiro pelos mais diversos motivos. Quanto às causas e consequências relacionadas aos assédios moral e sexual, gostaria de reforçar que esse tipo de violência causa sofrimento para todas as pessoas envolvidas. No SAPPE, temos o cuidado de proteger os dois lados e, acima de tudo, trabalhar de maneira sigilosa”, concluiu.
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Questões que permeiam a valorização das relações interpessoais e as ações institucionais voltadas para o cuidado com a saúde mental de profissionais e estudantes foram os principais assuntos debatidos na manhã do último dia (14/09) de atividades da Semana da Pós-graduação Stricto sensu do IOC.
Realizada em sessão do Centro de Estudos, a mesa-redonda dedicada a debater o assunto foi composta por Cristiane Batista Andrade, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz); Tânia Maron Vichi Freire de Mello, coordenadora do Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (SAPPE) da Universidade de Campinas (Unicamp); Marcia Silveira, coordenadora técnica do Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz); e Wania Santiago, vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão e membro da Comissão Interna de Valorização das Relações Interpessoais e Prevenção ao Assédio do IOC.
Questões que permeiam a valorização das relações interpessoais e o combate aos tipos de assédio, assim como as ações institucionais voltadas para o cuidado com a saúde mental de profissionais e estudantes, foram os principais assuntos debatidos. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)
No contexto de valorização das relações e do combate ao assédio, cada participante abordou uma temática específica. Cristiane Andrade, do CLAVES, detalhou os aspectos que envolvem as várias formas de opressão no ambiente de trabalho − como os assédios moral e sexual − e seus reflexos para a saúde mental e física dos envolvidos. “Se pensarmos em quanto o trabalho é importante para cada um de nós, conseguiremos ter uma noção do quão danoso é o assédio moral na vida das pessoas”, pontuou. Segundo ela, os perfis de profissionais relacionados de forma mais frequente a esse tipo de violência são aqueles que apresentam algum tipo de resistência à autoridade, os perfeccionistas e os extremamente dedicados ao trabalho. “Estigmatizar a vítima como louca, mau caráter ou de difícil convivência é uma prática comum do assediador para justificar seu comportamento opressor e desrespeitoso”, explicou.
Sobre o assédio sexual, a especialista chamou atenção para as ações que caracterizam esse tipo de violência. “Conversas de cunho íntimo não desejadas, imposição de favores e chantagens sexuais, pressões para marcar encontros, tudo isso configura assédio sexual”, esclareceu Cristiane, salientando que, por conta do contexto cultural e social, as mulheres muitas vezes tratam este tipo de violência no âmbito privado. “O contexto histórico de submissão, unido ao medo e à possível impunidade, fazem com que muitas assediadas não deem visibilidade ao problema. Por isso, reforço: a melhor maneira de combater qualquer tipo de assédio é procurar ajuda”, enfatizou.
Em sua apresentação, a vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão, Wania Santiago, destacou a atuação da Comissão de Valorização das Relações Interpessoais e Prevenção ao Assédio do IOC. Instituída para criar estratégias de sensibilização sobre questões que dificultam as relações interpessoais e favorecem as diversas formas de violência nos ambientes de trabalho e de ensino, a Comissão, segundo a vice-diretora, tem o propósito de incentivar relações justas e saudáveis, assim como identificar os grupos mais suscetíveis e prestar esclarecimentos quanto aos fluxos de acolhimento para situações de conflito na instituição. “Entendemos que o trabalho e a atividade educacional são componentes importantes na vida de qualquer indivíduo. Por isso, influem diretamente em suas emoções. Relações saudáveis geram um ambiente acolher, e isso tudo minimiza − ou até mesmo inibe − situações de assédio”, declarou.
Ainda envolvendo a prioridade da Comissão em prevenir relações interpessoais conflituosas e propiciar um ambiente de trabalho agradável, a vice-diretora comentou sobre as atividades oferecidas pelo Instituto no contexto das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). “Hoje, contamos com quatro iniciativas no IOC, todas realizadas por voluntários e abertas à participação de profissionais e estudantes da Fiocruz: reiki, meditação, auriculoterapia e roda de terapia comunitária integrativa”, contou, destacando que o programa está alinhado às diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para essas práticas.
No contexto de valorização das relações e do combate ao assédio, cada participante abordou uma temática específica. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)Por fim, Wania Santiago apresentou um rápido panorama das ações da Fiocruz no enfrentamento do assédio moral e outras formas de violência no trabalho e elencou os canais de acolhimento dentro da Instituição. “Qualquer profissional que se sinta vítima de assédio moral ou sexual na instituição pode procurar a Ouvidoria Fiocruz, o Serviço de Gestão do Trabalho da sua Unidade, o Centro de Atendimento ao Discente (CAD), no caso de ser estudantes, ou até mesmo o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc-SN), se for servidor”, concluiu.
Criado com a finalidade de acompanhar os discentes durante a trajetória acadêmica na Fiocruz, favorecendo a integração e o equacionamento das situações individuais e coletivas que possam vir a influenciar no bem-estar físico e mental, no desempenho acadêmico e no desenvolvimento profissional dos estudantes, o Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz) foi o ponto principal da apresentação de Marcia Silveira, coordenadora técnica do Centro. “O CAD é fruto de um conjunto de ações institucionais: o grupo de acolhimento a alunos estrangeiros, as demandas dos discentes via Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG-Fiocruz) e o Plano de Desenvolvimento Institucional, que apontou para a necessidade de uma escuta mais integrada dos estudantes”, contou.
De acordo com a coordenadora, apesar de uma experiência institucionalmente exitosa, o CAD ainda precisa superar alguns desafios para avançar no atendimento estudantil. “A ampliação da equipe de trabalho, a formação de redes internas e externas para disseminação de ações e a constituição de Centro de Apoio ao Discente nas unidades regionais, atualmente, são os nossos principais desafios”, sinalizou Márcia Silveira.
A psiquiatra Tânia Maron Vichi Freire de Mello, que coordena o Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (SAPPE) da Unicamp, ficou responsável por abordar o tema ‘Saúde mental na Pós-graduação’. Como ponto de partida, Tânia apresentou a trajetória do SAPPE – uma experiência em atendimento psicológico e psiquiátrico estudantil que, segundo a convidada, pode inspirar outras instituições de ensino e pesquisa. “O SAPPE tem mais de 30 anos e começou de maneira tímida por uma demanda vinda dos próprios alunos. A percepção da necessidade de institucionalizar o Serviço partiu da Pró-reitoria de Ensino da Universidade. Hoje, com uma equipe de dois psiquiatras e dez psicólogos, conseguimos dar conta de um universo de oito mil alunos”, esclareceu a coordenadora, acrescentando que o SAPPE oferece um curso técnico de psicotreinamento, que possibilita um aumento na capacidade de assistência, já que, durante o curso, os alunos atuam como monitores.
Tânia aproveitou para parabenizar o IOC pelo desenvolvimento de iniciativas voltadas para a saúde mental de alunos e profissionais, assim como por ampliar a discussão sobre um tema tão atual e importante: violência no trabalho. “Organizar uma mesa-redonda sobre valorização das relações interpessoais e saúde mental na pós-graduação foi uma grande sacada do Instituto, pois questões de saúde mental estão movimentando o mundo inteiro pelos mais diversos motivos. Quanto às causas e consequências relacionadas aos assédios moral e sexual, gostaria de reforçar que esse tipo de violência causa sofrimento para todas as pessoas envolvidas. No SAPPE, temos o cuidado de proteger os dois lados e, acima de tudo, trabalhar de maneira sigilosa”, concluiu.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)