O Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tornou-se o quarto laboratório do mundo a receber a designação de Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Leptospirose.
A designação é o reconhecimento da excelência das atividades de diagnóstico e pesquisa que têm sido desenvolvidas ao longo de vários anos no IOC.
Entre as principais ações de cooperação técnico-científica, destacam-se a colaboração em situações epidêmicas e a construção da capacidade operacional para atender as metas da OMS para o milênio: redução da morbidade e letalidade de doenças emergentes e negligenciadas, como a Leptospirose.
A nova designação foi formalizada a partir de uma parceria recentemente estabelecida com a Panaftosa, centro regional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).
“O trabalho realizado no laboratório foi avaliado por vários comitês internacionais e passou por consulta ao governo brasileiro, através dos ministérios das Relações Exteriores e da Saúde”, explica a pesquisadora Martha Pereira, chefe do Laboratório de Leptospirose e agora diretora do Centro Colaborador da OMS para Leptospirose.
“As avaliações basearam-se na qualificação do diretor do centro e no potencial da instituição para colaborar com os programas da OMS em nível global, com atividades de pesquisa e de capacitação e como consultor em situações de crise”, explica.
“A consolidação dessa parceria contou com o apoio do pesquisador Albino Belloto, diretor da Panfatosa, e dos colaboradores Fernando Leannes e Alejandro Lopez.”
Como centro colaborador, o IOC assume uma série de responsabilidades perante a OMS e passa a atuar em esfera bem mais ampla em termos de cooperação técnico-científica internacional na área específica.
“Firmamos o compromisso de oferecer apoio técnico e científico para Organização em situações epidêmicas e em todas as questões relacionadas à doença, além de investir no desenvolvimento de outros centros de pesquisa, na multiplicação do conhecimento sobre a leptospirose e na formação profissional”, explica Martha.
“Uma das primeiras tarefas é a implementação de uma rede de laboratórios de referência nacionais para as Américas, particularmente a América Latina e países do Caribe.”
Pesquisadores do laboratório já atuaram como consultores da OMS em países da América Central. Essa atividade deve se intensificar com a promoção de cursos internacionais e o incentivo à instalação de mais centros de qualidade no continente. Foto: Gutemberg Brito
No que se refere a situações emergenciais, Martha atuou, em 2007, como consultora da Opas/OMS durante epidemias de leptospirose em países da América Central.
“Durante as epidemias na República Dominicana e na Nicarágua trabalhei junto com o Ministério da Saúde desses países, ajudando a estabelecer estratégias para conter a doença e impedir novos surtos”, lembra a pesquisadora. “Estas situações mostram o desafio a ser enfrentado pela equipe a partir de agora.”
Segundo Martha, a designação formal da OMS beneficiará as pesquisas desenvolvidas no laboratório e facilitará um trabalho de cooperação com outras instituições.
“A parceria possibilitará um aumento substancial na troca de informações e de material de pesquisa com outros centros de pesquisa no exterior”, afirma Martha.
Para a pesquisadora, também será grande o impacto na orientação dos trabalhos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em andamento. “Sempre definimos nossas linhas de pesquisa com base nas demandas de saúde pública brasileiras”, explica.
“Agora, no entanto, teremos a responsabilidade de ampliar nossa visão e direcionar os objetivos para as necessidades globais.”
A leptospirose é transmitida pela urina de animais, como ratos, tem alta taxa de mortalidade e ainda é um importante problema de saúde pública em várias áreas do Brasil e do mundo. Foto: Laboratório de Leptospirose / IOC
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina do rato. A contaminação costuma ocorrer em situações de enchentes e inundações, quando a pessoa entra em contato com água ou lama contaminados pela urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros.
A Leptospira penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.
A doença é curável, principalmente se diagnosticada logo, tem um período de encubação médio de 7 a 14 dias e apresenta como principais sintomas febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, podendo também ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas).
Nas formas mais graves são necessários cuidados especiais, inclusive internação hospitalar.
Apesar da falta de dados precisos, a OMS estima uma média entre 0,1 e 1 caso por 100 mil habitantes, em países de clima temperado, e de 10 por 100 mil habitantes, nas áreas tropicais. Foram registrados diversos surtos da doença em todo o mundo nos últimos anos, em especial nas Américas, com médias de 100 casos ou mais por 100 mil habitantes.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no período de 1994 a 2003 foi registrado no Brasil um média anual de 3.324 casos e 334 óbitos, correspondendo a uma letalidade média de 10%.
Os principais grupos etários afetados são dos 20 aos 49 anos. No Brasil, a maior parte dos casos está ligada às condições de vida e infra-estrutura sanitária, principalmente em nível domiciliar. Ocorre em áreas urbanas e rurais, mas a maioria dos casos notificados provém das capitais e regiões metropolitanas.
O Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tornou-se o quarto laboratório do mundo a receber a designação de Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Leptospirose.
A designação é o reconhecimento da excelência das atividades de diagnóstico e pesquisa que têm sido desenvolvidas ao longo de vários anos no IOC.
Entre as principais ações de cooperação técnico-científica, destacam-se a colaboração em situações epidêmicas e a construção da capacidade operacional para atender as metas da OMS para o milênio: redução da morbidade e letalidade de doenças emergentes e negligenciadas, como a Leptospirose.
O Laboratório do IOC é o quarto Centro Colaborador da OMS para leptospirose do mundo e assume o compromisso de dar supote à OMS na área. Foto: Gutemberg BritoA nova designação foi formalizada a partir de uma parceria recentemente estabelecida com a Panaftosa, centro regional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).
“O trabalho realizado no laboratório foi avaliado por vários comitês internacionais e passou por consulta ao governo brasileiro, através dos ministérios das Relações Exteriores e da Saúde”, explica a pesquisadora Martha Pereira, chefe do Laboratório de Leptospirose e agora diretora do Centro Colaborador da OMS para Leptospirose.
“As avaliações basearam-se na qualificação do diretor do centro e no potencial da instituição para colaborar com os programas da OMS em nível global, com atividades de pesquisa e de capacitação e como consultor em situações de crise”, explica.
“A consolidação dessa parceria contou com o apoio do pesquisador Albino Belloto, diretor da Panfatosa, e dos colaboradores Fernando Leannes e Alejandro Lopez.”
Como centro colaborador, o IOC assume uma série de responsabilidades perante a OMS e passa a atuar em esfera bem mais ampla em termos de cooperação técnico-científica internacional na área específica.
“Firmamos o compromisso de oferecer apoio técnico e científico para Organização em situações epidêmicas e em todas as questões relacionadas à doença, além de investir no desenvolvimento de outros centros de pesquisa, na multiplicação do conhecimento sobre a leptospirose e na formação profissional”, explica Martha.
“Uma das primeiras tarefas é a implementação de uma rede de laboratórios de referência nacionais para as Américas, particularmente a América Latina e países do Caribe.”
Pesquisadores do laboratório já atuaram como consultores da OMS em países da América Central. Essa atividade deve se intensificar com a promoção de cursos internacionais e o incentivo à instalação de mais centros de qualidade no continente. Foto: Gutemberg Brito
No que se refere a situações emergenciais, Martha atuou, em 2007, como consultora da Opas/OMS durante epidemias de leptospirose em países da América Central.
“Durante as epidemias na República Dominicana e na Nicarágua trabalhei junto com o Ministério da Saúde desses países, ajudando a estabelecer estratégias para conter a doença e impedir novos surtos”, lembra a pesquisadora. “Estas situações mostram o desafio a ser enfrentado pela equipe a partir de agora.”
Segundo Martha, a designação formal da OMS beneficiará as pesquisas desenvolvidas no laboratório e facilitará um trabalho de cooperação com outras instituições.
“A parceria possibilitará um aumento substancial na troca de informações e de material de pesquisa com outros centros de pesquisa no exterior”, afirma Martha.
Para a pesquisadora, também será grande o impacto na orientação dos trabalhos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em andamento. “Sempre definimos nossas linhas de pesquisa com base nas demandas de saúde pública brasileiras”, explica.
“Agora, no entanto, teremos a responsabilidade de ampliar nossa visão e direcionar os objetivos para as necessidades globais.”
A leptospirose é transmitida pela urina de animais, como ratos, tem alta taxa de mortalidade e ainda é um importante problema de saúde pública em várias áreas do Brasil e do mundo. Foto: Laboratório de Leptospirose / IOCA leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina do rato. A contaminação costuma ocorrer em situações de enchentes e inundações, quando a pessoa entra em contato com água ou lama contaminados pela urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros.
A Leptospira penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.
A doença é curável, principalmente se diagnosticada logo, tem um período de encubação médio de 7 a 14 dias e apresenta como principais sintomas febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, podendo também ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas).
Nas formas mais graves são necessários cuidados especiais, inclusive internação hospitalar.
Apesar da falta de dados precisos, a OMS estima uma média entre 0,1 e 1 caso por 100 mil habitantes, em países de clima temperado, e de 10 por 100 mil habitantes, nas áreas tropicais. Foram registrados diversos surtos da doença em todo o mundo nos últimos anos, em especial nas Américas, com médias de 100 casos ou mais por 100 mil habitantes.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no período de 1994 a 2003 foi registrado no Brasil um média anual de 3.324 casos e 334 óbitos, correspondendo a uma letalidade média de 10%.
Os principais grupos etários afetados são dos 20 aos 49 anos. No Brasil, a maior parte dos casos está ligada às condições de vida e infra-estrutura sanitária, principalmente em nível domiciliar. Ocorre em áreas urbanas e rurais, mas a maioria dos casos notificados provém das capitais e regiões metropolitanas.
Texto de Marcelo Garcia
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)