“Acessibilidade”. Esta foi a palavra que mais marcou a 25ª edição dos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Adaptada ao ambiente virtual em razão da emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus, a temporada Inverno 2021 teve recorde de inscrições e a participação de 75 alunos de diversas regiões do Brasil.
As cinco modalidades de extrema relevância para a pesquisa em saúde no país focaram em temas como artrópodes, bioinformática estrutural, doenças genéticas humanas, superbactérias e viroses respiratórias. As disciplinas foram desenvolvidas ao longo de duas semanas, entre 19 e 31 de julho.
“Os Cursos de Férias têm a característica singular de trazer esses alunos de graduação para dentro dos Laboratórios do IOC, onde eles participam de diversas atividades ao lado de pesquisadores e estudantes dos Programas de Pós-graduação do Instituto. Nesta edição, infelizmente, não foi possível seguir com a realização presencial. Sendo assim, nós buscamos formatos alternativos de ir até esses jovens e levar a experiência única que é estar no IOC”, afirmou Tatiana Maron-Gutierrez, coordenadora da iniciativa.
Uma das soluções encontradas pelos professores foi o registro de atividades práticas em vídeo. No curso ‘Viroses respiratórias emergentes e reemergentes: vírus Influenza e SARS-CoV-2’, os docentes encontraram nas videoaulas uma alternativa de mostrar toda a rotina de um diagnóstico de RT-PCR, desde a coleta de amostras até a análise.
“Nós não queríamos ficar presos apenas na teoria. Afinal, o grande diferencial dos Cursos de Férias são as aulas práticas. O nosso modo de aproximá-los das rotinas de laboratório foi por meio da criação de vídeos bem detalhados dos nossos trabalhos”, destacou Thiago Sousa, mestrando da Pós-graduação de Medicina Tropical do IOC, que atuou como docente na atividade.
Imagens da videoaula sobre o processo de diagnóstico do SARS-CoV-2. Fotos: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)Apesar da distância física, as relações próximas construídas entre alunos e professores continuaram sendo uma marca da iniciativa. Para a paranaense Fernanda Chasko, que foi aluna do curso ‘Viroses respiratórias’, as aulas a ajudaram a aproximá-la ainda mais da área de pesquisa.
“Eu tinha uma percepção de que cientistas eram pessoas extraordinárias e muito distantes. Porém, durante o curso, minha visão mudou completamente. Os professores e pesquisadores são incríveis, mas também bastante acessíveis e com gostos parecidos com os nossos. Consegui me enxergar naquela posição”, declarou. Fernanda é graduanda de enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
Dos pontos destacados pela jovem em relação ao conteúdo das aulas, ter acesso a temas extracurriculares foi o que mais a marcou. “Muito do que aprendi durante os Cursos de Férias, eu não teria acesso na graduação. Seja por serem temas específicos demais, ou pelos recursos dos laboratórios. Sou bastante grata pelos professores que conseguiram trazer na prática, ainda que virtualmente, abordagens que eu só leria em livros”, afirmou.
Na zona rural de Janaúba, interior de Minas Gerais, Victor Freire também desmitificou a imagem de que cientistas são pessoas inalcançáveis. “Os professores são muito humildes e nos incentivavam o tempo todo. Eles mostravam que a ciência e a Fiocruz estão sempre de portas abertas e ao alcance de todos”, destacou o aluno de ciências biológicas da Universidade Federal de Lavras. O estudantes participou do curso ‘Artrópodes vetores e causadores de doenças: um olhar sob sua diversidade e importância’.
“Optei pelo foco em artrópodes porque, na minha universidade, integro núcleos de pesquisa em parasitologia e em saúde única. Durante os Cursos de Férias, fiquei ainda mais encantado com a área de triatomíneos, em que o Instituto Oswaldo Cruz é uma grande referência. Foi uma honra participar de algo assim”, completou o mineiro.
Docentes e discentes do curso ‘Artrópodes vetores e causadores de doenças: um olhar sob sua diversidade e importância’. Foto: reproduçãoEnquanto para os graduandos os Cursos de Férias são portas de entrada para temas avançados da ciência, para estudantes de mestrado e doutorado do IOC a atividade é uma oportunidade singular de praticar a docência. Coordenado por pesquisadores do Instituto, os cursos são idealizados, organizados e ministrados por estudantes dos Programas de Pós-graduação.
“O grande diferencial dessa iniciativa é ter a possibilidade de fazer parte de cada segmento. Já tive experiências didáticas anteriormente, mas nada parecido com os Cursos de Férias. Nós simplesmente não entramos em sala para apenas dar uma aula, mas participamos também de todo o processo. Principalmente neste formato on-line, que tivemos que pensar fora da caixa. É uma experiência que todo mestrando e doutorando deveria ter”, enfatizou Igor Cruz, estudante de doutorado da Pós-graduação em Biodiversidade e Saúde do IOC e docente do curso ‘Artrópodes vetores’.
O doutorando conta que, sem poder explorar a parte prática em Laboratório com os alunos, os professores buscaram alternativas para deixar as aulas mais dinâmicas e atrativas. “Além da plataforma da Fiocruz para aulas à distância, desenvolvemos estratégias com foco em interatividade, como a produção de vídeos exclusivos nos laboratórios, a tradução em fotos de trabalhos realizados em microscopia e jogos temáticos”, destacou Igor.
A adaptação para o ambiente on-line também foi lembrada pelo docente Thiago Sousa, que ressaltou o processo de reformulação das aulas. “A nossa modalidade inicialmente estava planejada para aulas presenciais na temporada Inverno 2020. Quando percebemos que seria inviável devido à pandemia, iniciamos uma reformulação e atualização dos temas. Tivemos que repensar todos os detalhes, principalmente a parte prática que foi totalmente adaptada para dinâmicas, vídeo-aulas e exercícios”, compartilhou.
Para ambos os pós-graduandos, a cooperação entre os professores dos cursos foi fundamental na adequação ao novo formato. “Nós nos apoiamos bastante. Durante as aulas dos nossos colegas, ficávamos no chat com os alunos, sinalizando sempre quando alguém tinha alguma dúvida ou contribuição, além de assegurar a qualidade das transmissões de vídeo e áudio”, pontuou Thiago. “O alinhamento entre professores foi um ponto crucial. Tínhamos cuidado não apenas com as nossas aulas, mas também com as de todos os docentes”, reforçou Igor.
Neste ano, os Cursos de Férias tiveram um aumento significativo no número de inscrições devido ao formato on-line. A temporada Inverno 2021 ultrapassou a marca de mil candidaturas, maior número já alcançado pela iniciativa. De acordo com a coordenadora dos Cursos, esse é um dado a ser analisado.
“Todas as temporadas tiveram participações expressivas de alunos de diversas regiões do Brasil. No entanto, por esta edição ter sido on-line, tivemos um recorde de inscrições e atingimos alunos que não conseguem se deslocar ao Rio. Certamente é algo que vamos debater e avaliar as possibilidades de, quando houver o retorno presencial, ter partes dos Cursos no ambiente virtual”, concluiu Tatiana Maron-Gutierrez.
Devido a pandemia da Covid-19 e as políticas de distanciamento social da Fiocruz, a próxima temporada dos Cursos de Férias deverá permanecer no ambiente virtual.
Assista à aula inaugural dos Cursos de Férias – Inverno 2021:
“Acessibilidade”. Esta foi a palavra que mais marcou a 25ª edição dos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Adaptada ao ambiente virtual em razão da emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus, a temporada Inverno 2021 teve recorde de inscrições e a participação de 75 alunos de diversas regiões do Brasil.
As cinco modalidades de extrema relevância para a pesquisa em saúde no país focaram em temas como artrópodes, bioinformática estrutural, doenças genéticas humanas, superbactérias e viroses respiratórias. As disciplinas foram desenvolvidas ao longo de duas semanas, entre 19 e 31 de julho.
“Os Cursos de Férias têm a característica singular de trazer esses alunos de graduação para dentro dos Laboratórios do IOC, onde eles participam de diversas atividades ao lado de pesquisadores e estudantes dos Programas de Pós-graduação do Instituto. Nesta edição, infelizmente, não foi possível seguir com a realização presencial. Sendo assim, nós buscamos formatos alternativos de ir até esses jovens e levar a experiência única que é estar no IOC”, afirmou Tatiana Maron-Gutierrez, coordenadora da iniciativa.
Uma das soluções encontradas pelos professores foi o registro de atividades práticas em vídeo. No curso ‘Viroses respiratórias emergentes e reemergentes: vírus Influenza e SARS-CoV-2’, os docentes encontraram nas videoaulas uma alternativa de mostrar toda a rotina de um diagnóstico de RT-PCR, desde a coleta de amostras até a análise.
“Nós não queríamos ficar presos apenas na teoria. Afinal, o grande diferencial dos Cursos de Férias são as aulas práticas. O nosso modo de aproximá-los das rotinas de laboratório foi por meio da criação de vídeos bem detalhados dos nossos trabalhos”, destacou Thiago Sousa, mestrando da Pós-graduação de Medicina Tropical do IOC, que atuou como docente na atividade.
Imagens da videoaula sobre o processo de diagnóstico do SARS-CoV-2. Fotos: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)Apesar da distância física, as relações próximas construídas entre alunos e professores continuaram sendo uma marca da iniciativa. Para a paranaense Fernanda Chasko, que foi aluna do curso ‘Viroses respiratórias’, as aulas a ajudaram a aproximá-la ainda mais da área de pesquisa.
“Eu tinha uma percepção de que cientistas eram pessoas extraordinárias e muito distantes. Porém, durante o curso, minha visão mudou completamente. Os professores e pesquisadores são incríveis, mas também bastante acessíveis e com gostos parecidos com os nossos. Consegui me enxergar naquela posição”, declarou. Fernanda é graduanda de enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
Dos pontos destacados pela jovem em relação ao conteúdo das aulas, ter acesso a temas extracurriculares foi o que mais a marcou. “Muito do que aprendi durante os Cursos de Férias, eu não teria acesso na graduação. Seja por serem temas específicos demais, ou pelos recursos dos laboratórios. Sou bastante grata pelos professores que conseguiram trazer na prática, ainda que virtualmente, abordagens que eu só leria em livros”, afirmou.
Na zona rural de Janaúba, interior de Minas Gerais, Victor Freire também desmitificou a imagem de que cientistas são pessoas inalcançáveis. “Os professores são muito humildes e nos incentivavam o tempo todo. Eles mostravam que a ciência e a Fiocruz estão sempre de portas abertas e ao alcance de todos”, destacou o aluno de ciências biológicas da Universidade Federal de Lavras. O estudantes participou do curso ‘Artrópodes vetores e causadores de doenças: um olhar sob sua diversidade e importância’.
“Optei pelo foco em artrópodes porque, na minha universidade, integro núcleos de pesquisa em parasitologia e em saúde única. Durante os Cursos de Férias, fiquei ainda mais encantado com a área de triatomíneos, em que o Instituto Oswaldo Cruz é uma grande referência. Foi uma honra participar de algo assim”, completou o mineiro.
Docentes e discentes do curso ‘Artrópodes vetores e causadores de doenças: um olhar sob sua diversidade e importância’. Foto: reproduçãoEnquanto para os graduandos os Cursos de Férias são portas de entrada para temas avançados da ciência, para estudantes de mestrado e doutorado do IOC a atividade é uma oportunidade singular de praticar a docência. Coordenado por pesquisadores do Instituto, os cursos são idealizados, organizados e ministrados por estudantes dos Programas de Pós-graduação.
“O grande diferencial dessa iniciativa é ter a possibilidade de fazer parte de cada segmento. Já tive experiências didáticas anteriormente, mas nada parecido com os Cursos de Férias. Nós simplesmente não entramos em sala para apenas dar uma aula, mas participamos também de todo o processo. Principalmente neste formato on-line, que tivemos que pensar fora da caixa. É uma experiência que todo mestrando e doutorando deveria ter”, enfatizou Igor Cruz, estudante de doutorado da Pós-graduação em Biodiversidade e Saúde do IOC e docente do curso ‘Artrópodes vetores’.
O doutorando conta que, sem poder explorar a parte prática em Laboratório com os alunos, os professores buscaram alternativas para deixar as aulas mais dinâmicas e atrativas. “Além da plataforma da Fiocruz para aulas à distância, desenvolvemos estratégias com foco em interatividade, como a produção de vídeos exclusivos nos laboratórios, a tradução em fotos de trabalhos realizados em microscopia e jogos temáticos”, destacou Igor.
A adaptação para o ambiente on-line também foi lembrada pelo docente Thiago Sousa, que ressaltou o processo de reformulação das aulas. “A nossa modalidade inicialmente estava planejada para aulas presenciais na temporada Inverno 2020. Quando percebemos que seria inviável devido à pandemia, iniciamos uma reformulação e atualização dos temas. Tivemos que repensar todos os detalhes, principalmente a parte prática que foi totalmente adaptada para dinâmicas, vídeo-aulas e exercícios”, compartilhou.
Para ambos os pós-graduandos, a cooperação entre os professores dos cursos foi fundamental na adequação ao novo formato. “Nós nos apoiamos bastante. Durante as aulas dos nossos colegas, ficávamos no chat com os alunos, sinalizando sempre quando alguém tinha alguma dúvida ou contribuição, além de assegurar a qualidade das transmissões de vídeo e áudio”, pontuou Thiago. “O alinhamento entre professores foi um ponto crucial. Tínhamos cuidado não apenas com as nossas aulas, mas também com as de todos os docentes”, reforçou Igor.
Neste ano, os Cursos de Férias tiveram um aumento significativo no número de inscrições devido ao formato on-line. A temporada Inverno 2021 ultrapassou a marca de mil candidaturas, maior número já alcançado pela iniciativa. De acordo com a coordenadora dos Cursos, esse é um dado a ser analisado.
“Todas as temporadas tiveram participações expressivas de alunos de diversas regiões do Brasil. No entanto, por esta edição ter sido on-line, tivemos um recorde de inscrições e atingimos alunos que não conseguem se deslocar ao Rio. Certamente é algo que vamos debater e avaliar as possibilidades de, quando houver o retorno presencial, ter partes dos Cursos no ambiente virtual”, concluiu Tatiana Maron-Gutierrez.
Devido a pandemia da Covid-19 e as políticas de distanciamento social da Fiocruz, a próxima temporada dos Cursos de Férias deverá permanecer no ambiente virtual.
Assista à aula inaugural dos Cursos de Férias – Inverno 2021:
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)