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Cursos de Férias ampliam perspectiva de jovens durante o recesso acadêmico

Mais de 140 estudantes de graduação trocaram o descanso das férias pela imersão em temas científicos e descoberta de novas áreas de interesse
Por Max Gomes02/08/2023 - Atualizado em 14/08/2023
Clique na imagem para acessar a galeria dos Cursos de Férias - Inverno 2023 (29ª edição) 
Fotos: Gutemberg Brito e Ricardo Schmit | Arte: João Veras e Jefferson Mendes

Rio de Janeiro, julho de 2023. Nos jardins do campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, cinco jovens conversam sobre a apresentação que fariam em alguns dias. Os recém-amigos Caio, Laysa, Ohana, Thaina e Yasmin fazem parte de um grupo de 140 estudantes de graduação que trocaram o recesso acadêmico pelos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O objetivo? Aprimorar conhecimentos e habilidades muitas vezes não explorados na universidade. 

"Encontrei aqui uma estrutura bastante acolhedora que superou todas as minhas expectativas. Os professores são extremamente qualificados e nos ajudaram a enxergar perspectivas que vão além das imaginadas por graduandos", compartilhou o estudante carioca Caio Moreira, de 21 anos, que cursa Ciências Biológicas na universidade Estácio de Sá. 

O jovem conta que descobriu os Cursos de Férias por meio de uma amiga e que enxergou na iniciativa uma forma de agregar mais conteúdos no projeto de iniciação científica do qual faz parte. 

“Apesar de ser bastante importante nos dias atuais, a saúde única não é um tópico amplamente trabalhado na graduação. E essa complexidade de interações ainda nos foi passada através das leishmanioses, outra área bastante interessante e pouco difundida”, apontou.

(Da esq. para dir.) Ohana, Thaina, Caio, Yasmin e Laysa conversam sobre os tópicos abordados no curso 'Saúde única: um olhar sobre a leishmaniose tegumentar americana’. Foto: Gutemberg Brito 

A temporada Inverno 2023 dos Cursos de Férias, realizada de 17 a 28 de julho, foi marcada pela pluralidade de abordagens. Estiveram em foco: citometria de fluxo, doenças cardiovasculares e metabólicas, fungos, infeções parasitárias, jogos de tabuleiro no ensino de ciências, neuroimunologia, neuroinfecções, processo inflamatório, vírus respiratórios e zoonoses associadas a morcegos. 

Cerca de 1500 universitários de 13 estados disputaram uma das 167 vagas disponibilizadas para a edição. De Minas Gerais, a estudante de medicina Yasmin Jassanan Resende Martins, de 22 anos, foi selecionada para o curso “Neuroinfecções e a batalha das estrelas: células da glia”. 

“Conheci os Cursos por meio de um grupo de caronas da minha universidade. Como estava cursando uma matéria de neuroanatomia, decidi me inscrever na modalidade de neuroinfecções e conhecer mais sobre a área de pesquisa básica”, revelou. 

Assim como alguns participantes, Yasmin ficou hospedada na Casa Amarela — edificação situada no campus da Fiocruz que serve de residência temporária para estudantes e pesquisadores que passam pela Fundação. 

“Compartilhei a residência com meninas de outros estados e trocamos muitas experiências pessoais. Também conheci profissionais da Fiocruz, entre eles, uma pesquisadora do IOC que nos contou sobre ter descrito uma nova espécie de bicho-pau. Fiquei bastante impressionada. Os Cursos de Férias realmente vão muito além das atividades em sala de aula e laboratório, é toda uma vivência que conta muito para o currículo e para a vida”, compartilhou.

Yasmin conta que realizou a inscrição despretensiosamente, porém, ao ver que foi selecionada, viu na iniciativa uma oportunidade de saber mais sobre a área de pesquisa. Foto: Gutemberg Brito

Para a coordenadora da iniciativa, Tatiana Maron-Gutierrez, a temporada foi marcada pelo engajamento dos docentes, refletindo na maior quantidade de modalidades oferecidas nos últimos anos. 

"Ficamos bem contentes com a movimentação dos Programas de Pós-graduação do IOC para esta edição. Conseguimos ofertar dez cursos em diferentes temas”, realçou. 

Tatiana destacou também o engajamento dos universitários na aula inaugural, que teve a participação de Cleber Galvão, chefe do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC. 

A palestra, cujo tema foi “Explorando o fascinante mundo dos vetores do Trypanosoma cruzi, três décadas de história”, retratou parte da trajetória do especialista na pesquisa em triatomíneos no Instituto. 

“O auditório estava lotado. Ver a nossa casa novamente repleta de rostos jovens e interessados trouxe uma satisfação desse trabalho que é desenvolvido ao longo de meses”, declarou a coordenadora.

Os pesquisadores Tatiana e Cleber deram as boas-vindas aos estudantes no primeiro dia de aulas. Foto: Gutemberg Brito

 

Diversidade no aprendizado

Experimentos em laboratório, jogos de tabuleiro, rodas de conversas, apresentações, reproduções de trabalhos de campo e conferências de vídeo. A diversidade de abordagens foi refletida em uma experiência de aprendizado descontraída, dinâmica e flexível. 

Os temas que geralmente são apresentados na graduação de forma teórica, e muitas vezes rápida, puderam ser experenciados de modo imersivo graças à inovação e dedicação dos estudantes de mestrado e doutorado dos Programas de Pós-graduação Stricto sensu do IOC, responsáveis pelo planejamento e ministração dos conteúdos, sempre com auxílio de pesquisadores do Instituto, que coordenam os cursos.

‘Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências’, ‘Doenças cardiovasculares e metabólicas’, ’A vida misteriosa dos fungos: heróis ou vilões?’, ’Citometria de fluxo: fundamentos e aplicações na pesquisa científica’, ‘Guia do imunologista: uma viagem pelo processo inflamatório’, ‘Morcegos: diversidade e zoonoses associadas’. Fotos: Gutemberg Brito e Ricardo Schmidt. 

“Como doutoranda, foi uma experiencia incrível ser docente de um curso de férias, principalmente, porque já fui aluna de uma iniciativa semelhante em outra instituição e que mudou minha vida”, compartilhou Thaís Sanches, estudante da Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC. 

Thaís contribuiu no planejamento do curso “Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências”, que teve como base a sua pesquisa de doutorado, que promove oficinas desses jogos para estudar a formação lúdica de professores e futuros docentes de ciência e biologia.

Thaís (de jaqueta jeans à direita) foi uma das idealizadoras do curso ‘Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências’. Foto: Gutemberg Brito 

“A ideia é incentivar esse senso lúdico para ir além da teoria e promover um aspecto de diversão para os conceitos ensinados em sala de aula, conquistando o engajamento dos alunos nesses temas, além de trabalhar outros recursos que envolvem os jogos, como a questão analítica no momento de realizar e prever jogadas e a frustração em situações de perda”, explica. 

Nesta edição, dois cursos foram realizados no formato remoto. Com o desafio de levar a realidade dos laboratórios para as casas de dezenas de alunos, foram utilizados artifícios tecnológicos como vídeos pré-gravados, slides e livros digitais para ampliar a integração entre alunos e docentes que puderam discutir uma grande quantidade de temas complexos. 

O modelo de educação à distância vem sendo adotado pela iniciativa desde o início da pandemia da Covid-19. O formato tem possibilitado a participação de jovens dos locais mais distantes do país.

Os cursos ‘Estratégias de diagnóstico, tratamento e prevenção em influenza e Covid-19' e ‘Neuroimunologia aplicada à pesquisa’ foram aplicados no formato à distância. Fotos: Reprodução 

 

Cursos de Férias em números

Para a temporada Inverno 2023 participaram 51 professores e 16 coordenadores. Ao todo, os Cursos de Férias já tiveram 161 cursos aplicados com 128 coordenadores e 715 professores. 

A próxima temporada está prevista para acontecer no Verão 2024 e marca a 30ª edição da iniciativa, que teve início em 2007. 

 

Mais de 140 estudantes de graduação trocaram o descanso das férias pela imersão em temas científicos e descoberta de novas áreas de interesse
Por: 
max.gomes
Clique na imagem para acessar a galeria dos Cursos de Férias - Inverno 2023 (29ª edição) 
Fotos: Gutemberg Brito e Ricardo Schmit | Arte: João Veras e Jefferson Mendes

Rio de Janeiro, julho de 2023. Nos jardins do campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, cinco jovens conversam sobre a apresentação que fariam em alguns dias. Os recém-amigos Caio, Laysa, Ohana, Thaina e Yasmin fazem parte de um grupo de 140 estudantes de graduação que trocaram o recesso acadêmico pelos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O objetivo? Aprimorar conhecimentos e habilidades muitas vezes não explorados na universidade. 

"Encontrei aqui uma estrutura bastante acolhedora que superou todas as minhas expectativas. Os professores são extremamente qualificados e nos ajudaram a enxergar perspectivas que vão além das imaginadas por graduandos", compartilhou o estudante carioca Caio Moreira, de 21 anos, que cursa Ciências Biológicas na universidade Estácio de Sá. 

O jovem conta que descobriu os Cursos de Férias por meio de uma amiga e que enxergou na iniciativa uma forma de agregar mais conteúdos no projeto de iniciação científica do qual faz parte. 

“Apesar de ser bastante importante nos dias atuais, a saúde única não é um tópico amplamente trabalhado na graduação. E essa complexidade de interações ainda nos foi passada através das leishmanioses, outra área bastante interessante e pouco difundida”, apontou.

(Da esq. para dir.) Ohana, Thaina, Caio, Yasmin e Laysa conversam sobre os tópicos abordados no curso 'Saúde única: um olhar sobre a leishmaniose tegumentar americana’. Foto: Gutemberg Brito 

A temporada Inverno 2023 dos Cursos de Férias, realizada de 17 a 28 de julho, foi marcada pela pluralidade de abordagens. Estiveram em foco: citometria de fluxo, doenças cardiovasculares e metabólicas, fungos, infeções parasitárias, jogos de tabuleiro no ensino de ciências, neuroimunologia, neuroinfecções, processo inflamatório, vírus respiratórios e zoonoses associadas a morcegos. 

Cerca de 1500 universitários de 13 estados disputaram uma das 167 vagas disponibilizadas para a edição. De Minas Gerais, a estudante de medicina Yasmin Jassanan Resende Martins, de 22 anos, foi selecionada para o curso “Neuroinfecções e a batalha das estrelas: células da glia”. 

“Conheci os Cursos por meio de um grupo de caronas da minha universidade. Como estava cursando uma matéria de neuroanatomia, decidi me inscrever na modalidade de neuroinfecções e conhecer mais sobre a área de pesquisa básica”, revelou. 

Assim como alguns participantes, Yasmin ficou hospedada na Casa Amarela — edificação situada no campus da Fiocruz que serve de residência temporária para estudantes e pesquisadores que passam pela Fundação. 

“Compartilhei a residência com meninas de outros estados e trocamos muitas experiências pessoais. Também conheci profissionais da Fiocruz, entre eles, uma pesquisadora do IOC que nos contou sobre ter descrito uma nova espécie de bicho-pau. Fiquei bastante impressionada. Os Cursos de Férias realmente vão muito além das atividades em sala de aula e laboratório, é toda uma vivência que conta muito para o currículo e para a vida”, compartilhou.

Yasmin conta que realizou a inscrição despretensiosamente, porém, ao ver que foi selecionada, viu na iniciativa uma oportunidade de saber mais sobre a área de pesquisa. Foto: Gutemberg Brito

Para a coordenadora da iniciativa, Tatiana Maron-Gutierrez, a temporada foi marcada pelo engajamento dos docentes, refletindo na maior quantidade de modalidades oferecidas nos últimos anos. 

"Ficamos bem contentes com a movimentação dos Programas de Pós-graduação do IOC para esta edição. Conseguimos ofertar dez cursos em diferentes temas”, realçou. 

Tatiana destacou também o engajamento dos universitários na aula inaugural, que teve a participação de Cleber Galvão, chefe do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC. 

A palestra, cujo tema foi “Explorando o fascinante mundo dos vetores do Trypanosoma cruzi, três décadas de história”, retratou parte da trajetória do especialista na pesquisa em triatomíneos no Instituto. 

“O auditório estava lotado. Ver a nossa casa novamente repleta de rostos jovens e interessados trouxe uma satisfação desse trabalho que é desenvolvido ao longo de meses”, declarou a coordenadora.

Os pesquisadores Tatiana e Cleber deram as boas-vindas aos estudantes no primeiro dia de aulas. Foto: Gutemberg Brito

 

Diversidade no aprendizado

Experimentos em laboratório, jogos de tabuleiro, rodas de conversas, apresentações, reproduções de trabalhos de campo e conferências de vídeo. A diversidade de abordagens foi refletida em uma experiência de aprendizado descontraída, dinâmica e flexível. 

Os temas que geralmente são apresentados na graduação de forma teórica, e muitas vezes rápida, puderam ser experenciados de modo imersivo graças à inovação e dedicação dos estudantes de mestrado e doutorado dos Programas de Pós-graduação Stricto sensu do IOC, responsáveis pelo planejamento e ministração dos conteúdos, sempre com auxílio de pesquisadores do Instituto, que coordenam os cursos.

‘Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências’, ‘Doenças cardiovasculares e metabólicas’, ’A vida misteriosa dos fungos: heróis ou vilões?’, ’Citometria de fluxo: fundamentos e aplicações na pesquisa científica’, ‘Guia do imunologista: uma viagem pelo processo inflamatório’, ‘Morcegos: diversidade e zoonoses associadas’. Fotos: Gutemberg Brito e Ricardo Schmidt. 

“Como doutoranda, foi uma experiencia incrível ser docente de um curso de férias, principalmente, porque já fui aluna de uma iniciativa semelhante em outra instituição e que mudou minha vida”, compartilhou Thaís Sanches, estudante da Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC. 

Thaís contribuiu no planejamento do curso “Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências”, que teve como base a sua pesquisa de doutorado, que promove oficinas desses jogos para estudar a formação lúdica de professores e futuros docentes de ciência e biologia.

Thaís (de jaqueta jeans à direita) foi uma das idealizadoras do curso ‘Jogos de tabuleiro modernos no ensino de ciências’. Foto: Gutemberg Brito 

“A ideia é incentivar esse senso lúdico para ir além da teoria e promover um aspecto de diversão para os conceitos ensinados em sala de aula, conquistando o engajamento dos alunos nesses temas, além de trabalhar outros recursos que envolvem os jogos, como a questão analítica no momento de realizar e prever jogadas e a frustração em situações de perda”, explica. 

Nesta edição, dois cursos foram realizados no formato remoto. Com o desafio de levar a realidade dos laboratórios para as casas de dezenas de alunos, foram utilizados artifícios tecnológicos como vídeos pré-gravados, slides e livros digitais para ampliar a integração entre alunos e docentes que puderam discutir uma grande quantidade de temas complexos. 

O modelo de educação à distância vem sendo adotado pela iniciativa desde o início da pandemia da Covid-19. O formato tem possibilitado a participação de jovens dos locais mais distantes do país.

Os cursos ‘Estratégias de diagnóstico, tratamento e prevenção em influenza e Covid-19' e ‘Neuroimunologia aplicada à pesquisa’ foram aplicados no formato à distância. Fotos: Reprodução 

 

Cursos de Férias em números

Para a temporada Inverno 2023 participaram 51 professores e 16 coordenadores. Ao todo, os Cursos de Férias já tiveram 161 cursos aplicados com 128 coordenadores e 715 professores. 

A próxima temporada está prevista para acontecer no Verão 2024 e marca a 30ª edição da iniciativa, que teve início em 2007. 

 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)