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De hospitais ao fundo do mar

Especialistas debateram aspectos relacionados a bactérias multirresistentes em ambientes hospitalares e em criações de camarões para consumo humano
Por Jornalismo IOC05/11/2010 - Atualizado em 26/09/2024

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) participaram da discussão sobre bactérias multirresistentes e resistência transferível de antimicrobianos na primeira mesa redonda do último dia do I Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doença Bacterianas e Fúngicas, realizado pelo IOC.

A especialista do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, Ana Paula Assef, falou sobre o tema Disseminação de bactérias multirresistentes no Brasil. A mutação genética e a aquisição de genes por transferência foram apontados pela conferencista como fatores que contribuem para o aparecimento da resistência aos agentes antimicrobianos.

Com a apresentação de dados dos Estados Unidos, Ana Paula destacou que as infecções causadas por bactérias resistentes resultam em impactos na saúde pública, aumentando a morbidade e a mortalidade dos pacientes.

“Anualmente, dois milhões de pessoas são infectadas por bactérias multirresistentes nos Estados Unidos, o que resulta em 88 mil mortes por ano. Além disso, são gastos 4,4 bilhões para controlar a disseminação dessas bactérias”, disse.

 
 Ana Paula Assef, do IOC, falou sobre a disseminação de bactérias multirresistentes no Brasil. Foto: Gutemberg Brito

Ela comentou sobre a bactéria Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC), atualmente uma importante causadora de infecção hospitalar atualmente no Brasil.

“O primeiro relato de KPC no Brasil foi publicado no Recife, em 2009, com amostra que havia sido investigada em 2006. Além de apresentar resistência a antibióticos, a KPC possui plasmódios de diferentes tamanhos, com grande capacidade de disseminação. Entre os anos de 2006 e 2010, vários casos foram detectados em diferentes estados brasileiros”, ressaltou.

A especialista apresentou ainda dados obtidos em estudo realizado com 57 cepas da KPC em quatro estados brasileiros.

“Com a investigação molecular e identificação das linhagens, observamos que as cepas de KPC identificadas em amostras do Rio de Janeiro e do Espírito Santo eram similares. O mesmo aconteceu na comparação entre os estados de Pernambuco e Minas Gerais.

Todas as cepas analisadas eram similares àquelas identificadas no Estados Unidos”, concluiu.

Já o pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Douglas McIntosh, falou sobre a resistência a antimicrobianas em camarões.

O estudo realizado na Tailândia, China, Indonésia e Índia, maiores produtores de camarões entre os asiáticos em 2009, apontou que, em razão do uso indiscriminado de antibióticos em aquiculturas, foi detectado um alto nível de bactérias resistentes nos crustáceos.

 
Resistência a antimicrobianas em camarões foi tema da palestra de Douglas McIntosh. Foto: Gutemberg Brito

“O sistema imunológico destes crustáceos não permite o uso de vacinas. Só é possível usar antibióticos para evitar doenças. A análise revelou que muitos estavam contaminados com diferentes tipos de bactérias resistentes”, afirmou.

Em outro estudo, realizado na Irlanda, o pesquisador utilizou oito amostras de camarão, equivalentes a 5,5 quilos, comprados congelados em supermercados. Além de investigar a presença de bactérias nestes crustáceos, também a água do gelo foi alvo da análise.

“A partir de testes realizados em laboratório, foram identificadas diferentes populações de bactérias em cada um destas amostras, revelando o alto nível de resistente aos antibióticos usados”, disparou.

Mesmo com os resultados, o pesquisador ressaltou que ainda não há dados conclusivos sobre os impactos negativos da quantidade de bactérias nos crustáceos para a saúde humana.

Especialistas debateram aspectos relacionados a bactérias multirresistentes em ambientes hospitalares e em criações de camarões para consumo humano
Por: 
jornalismo

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) participaram da discussão sobre bactérias multirresistentes e resistência transferível de antimicrobianos na primeira mesa redonda do último dia do I Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doença Bacterianas e Fúngicas, realizado pelo IOC.

A especialista do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, Ana Paula Assef, falou sobre o tema Disseminação de bactérias multirresistentes no Brasil. A mutação genética e a aquisição de genes por transferência foram apontados pela conferencista como fatores que contribuem para o aparecimento da resistência aos agentes antimicrobianos.

Com a apresentação de dados dos Estados Unidos, Ana Paula destacou que as infecções causadas por bactérias resistentes resultam em impactos na saúde pública, aumentando a morbidade e a mortalidade dos pacientes.

“Anualmente, dois milhões de pessoas são infectadas por bactérias multirresistentes nos Estados Unidos, o que resulta em 88 mil mortes por ano. Além disso, são gastos 4,4 bilhões para controlar a disseminação dessas bactérias”, disse.

 
 Ana Paula Assef, do IOC, falou sobre a disseminação de bactérias multirresistentes no Brasil. Foto: Gutemberg Brito

Ela comentou sobre a bactéria Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC), atualmente uma importante causadora de infecção hospitalar atualmente no Brasil.

“O primeiro relato de KPC no Brasil foi publicado no Recife, em 2009, com amostra que havia sido investigada em 2006. Além de apresentar resistência a antibióticos, a KPC possui plasmódios de diferentes tamanhos, com grande capacidade de disseminação. Entre os anos de 2006 e 2010, vários casos foram detectados em diferentes estados brasileiros”, ressaltou.

A especialista apresentou ainda dados obtidos em estudo realizado com 57 cepas da KPC em quatro estados brasileiros.

“Com a investigação molecular e identificação das linhagens, observamos que as cepas de KPC identificadas em amostras do Rio de Janeiro e do Espírito Santo eram similares. O mesmo aconteceu na comparação entre os estados de Pernambuco e Minas Gerais.

Todas as cepas analisadas eram similares àquelas identificadas no Estados Unidos”, concluiu.

Já o pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Douglas McIntosh, falou sobre a resistência a antimicrobianas em camarões.

O estudo realizado na Tailândia, China, Indonésia e Índia, maiores produtores de camarões entre os asiáticos em 2009, apontou que, em razão do uso indiscriminado de antibióticos em aquiculturas, foi detectado um alto nível de bactérias resistentes nos crustáceos.

 
Resistência a antimicrobianas em camarões foi tema da palestra de Douglas McIntosh. Foto: Gutemberg Brito

“O sistema imunológico destes crustáceos não permite o uso de vacinas. Só é possível usar antibióticos para evitar doenças. A análise revelou que muitos estavam contaminados com diferentes tipos de bactérias resistentes”, afirmou.

Em outro estudo, realizado na Irlanda, o pesquisador utilizou oito amostras de camarão, equivalentes a 5,5 quilos, comprados congelados em supermercados. Além de investigar a presença de bactérias nestes crustáceos, também a água do gelo foi alvo da análise.

“A partir de testes realizados em laboratório, foram identificadas diferentes populações de bactérias em cada um destas amostras, revelando o alto nível de resistente aos antibióticos usados”, disparou.

Mesmo com os resultados, o pesquisador ressaltou que ainda não há dados conclusivos sobre os impactos negativos da quantidade de bactérias nos crustáceos para a saúde humana.

Texto de Cristiane Albuquerque

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)