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Desafios e perspectivas para o desenvolvimento de novos fármacos

Mesa-redonda do I Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC abordou as dificuldades em avançar além da pesquisa básica
Por Jornalismo IOC15/06/2010 - Atualizado em 10/12/2019

Com o tema Desafios e Fronteiras para o Desenvolvimento e Uso de Fármacos, uma mesa-redonda fechou a programação do segundo dia do I Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), na última quinta-feira, 10/06. As dificuldades em avançar além da pesquisa básica foram debatidas por João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina. Em seguida, o pesquisador do IOC Marco Aurélio Martins, apresentou a experiência do Laboratório de Inflamação no desenvolvimento de novos medicamentos antiasmáticos. Para finalizar, a representante de Farmaguinhos, Márcia Coronha, expôs um panorama sobre a produção da unidade da Fiocruz e suas perspectivas.

A diferença entre a visão da indústria e a visão das instituições de pesquisas para projetos que envolvam o desenvolvimento de fármacos foi apontada por João Batista Calixto como a principal dificuldade do Brasil na área. “A chance de uma molécula pesquisada em laboratório chegar ao mercado é de apenas 6%. Isso acontece porque, muitas vezes, o projeto chega na fase pré-clinica e não apresenta bons resultados como apresentou na fase anterior, dentro do laboratório. Isso para a indústria representa gastos desnecessários e desperdício de tempo. É preciso mostrar que a pesquisa vale a pena”, explicou o pesquisador. Segundo Calixto, outro aspecto importante é a falta de domínio de conhecimento sobre patentes. “O Brasil está mal colocado no ranking de patentes mundiais, perdendo para países como a China e a Índia. Atualmente nos enquadramos na situação dos Estados Unidos na década de 50. Em um levantamento realizado em 2005, era necessária a publicação de 60 papers para gerar apenas uma patente. E é bom lembrar que patente é diferente de produto”, disparou.

 Gutemberg Brito

 

 A pesquisadora Patrícia Bozza, do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC, foi a coordenadora da mesa redonda que debateu os desafios para o desenvolvimento de novos fármacos

 O segundo convidado da mesa redonda foi o chefe do Laboratório de Inflamação do IOC, Marco Aurélio Martins. O pesquisador apresentou o trabalho de investigação dos derivados da lidocaína – conhecida como um anestésico local amplamente utilizado em pequenas intervenções cirúrgicas – como alvos no desenvolvimento de novos medicamentos antiasmáticos. “Há dez anos, fui procurado por um profissional da indústria que produzia a lidocaína para resolver um problema técnico. Ele queria saber se os contaminantes nas amostras da matéria-prima interferiam no efeito de aanestesia local do produto”, explicou Marco Aurélio. “Descobrimos que os contaminantes realmente faziam a substância perder sua capacidade como anestésico local, mas matinham sua capacidade anti-inflamatória. A partir daí, desenvolvemos o estudo que mostrou a possibilidade da lidocaína atuar como broncodilatadora no tratamento da asma”. O resultado é um composto já patenteado pelo IOC.

Segundo Marco Aurélio, dados da indústria farmacêutica mostram que a cada 10 mil compostos desenvolvidos, apenas um chega ao FDA – órgão norte-americano responsável pela aprovação de medicamentos –, e pode custar cerca de US$ 98 bilhões em um período de 15 anos de pesquisa. “Este valor pode parecer alto, mas a indústria fatura aproximadamente US$ 12,4 bilhões anualmente”, avaliou o pesquisador. “O segredo está nas parcerias e no investimento em capacitação”.

Para encerrar a mesa, a pesquisadora Marcia Coronha Ramos Lima, vice-diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação de Farmanguinhos, apresentou um breve histórico sobre a construção e desenvolvimento da pesquisa e inovação na unidade. “Atualmente, temos 42 projetos de pesquisa em Farmaguinhos. Trabalhamos nos dois sentidos da cadeia produtiva: atendendo a demandas do Ministério da Saúde e respondendo pela pesquisa nas áreas de inflamação, alergia, malária e doença de Chagas”, explicou a pesquisadora. “Além da transferência de tecnologia para a produção de medicamentos como antirretrovirais, também desenvolvemos projetos de fitoterápicos como antinflamatórios e antihipertensivos”, completou. “Nosso foco está na busca do trabalho em conjunto e na definição de nosso planejamento para a criação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Farmaguinhos no campus de Jacarepaguá, nossa próxima meta”, finalizou Marcia.

13/06/10

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Mesa-redonda do I Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC abordou as dificuldades em avançar além da pesquisa básica
Por: 
jornalismo

Com o tema Desafios e Fronteiras para o Desenvolvimento e Uso de Fármacos, uma mesa-redonda fechou a programação do segundo dia do I Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), na última quinta-feira, 10/06. As dificuldades em avançar além da pesquisa básica foram debatidas por João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina. Em seguida, o pesquisador do IOC Marco Aurélio Martins, apresentou a experiência do Laboratório de Inflamação no desenvolvimento de novos medicamentos antiasmáticos. Para finalizar, a representante de Farmaguinhos, Márcia Coronha, expôs um panorama sobre a produção da unidade da Fiocruz e suas perspectivas.

A diferença entre a visão da indústria e a visão das instituições de pesquisas para projetos que envolvam o desenvolvimento de fármacos foi apontada por João Batista Calixto como a principal dificuldade do Brasil na área. “A chance de uma molécula pesquisada em laboratório chegar ao mercado é de apenas 6%. Isso acontece porque, muitas vezes, o projeto chega na fase pré-clinica e não apresenta bons resultados como apresentou na fase anterior, dentro do laboratório. Isso para a indústria representa gastos desnecessários e desperdício de tempo. É preciso mostrar que a pesquisa vale a pena”, explicou o pesquisador. Segundo Calixto, outro aspecto importante é a falta de domínio de conhecimento sobre patentes. “O Brasil está mal colocado no ranking de patentes mundiais, perdendo para países como a China e a Índia. Atualmente nos enquadramos na situação dos Estados Unidos na década de 50. Em um levantamento realizado em 2005, era necessária a publicação de 60 papers para gerar apenas uma patente. E é bom lembrar que patente é diferente de produto”, disparou.

 Gutemberg Brito

 

 A pesquisadora Patrícia Bozza, do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC, foi a coordenadora da mesa redonda que debateu os desafios para o desenvolvimento de novos fármacos

 O segundo convidado da mesa redonda foi o chefe do Laboratório de Inflamação do IOC, Marco Aurélio Martins. O pesquisador apresentou o trabalho de investigação dos derivados da lidocaína – conhecida como um anestésico local amplamente utilizado em pequenas intervenções cirúrgicas – como alvos no desenvolvimento de novos medicamentos antiasmáticos. “Há dez anos, fui procurado por um profissional da indústria que produzia a lidocaína para resolver um problema técnico. Ele queria saber se os contaminantes nas amostras da matéria-prima interferiam no efeito de aanestesia local do produto”, explicou Marco Aurélio. “Descobrimos que os contaminantes realmente faziam a substância perder sua capacidade como anestésico local, mas matinham sua capacidade anti-inflamatória. A partir daí, desenvolvemos o estudo que mostrou a possibilidade da lidocaína atuar como broncodilatadora no tratamento da asma”. O resultado é um composto já patenteado pelo IOC.

Segundo Marco Aurélio, dados da indústria farmacêutica mostram que a cada 10 mil compostos desenvolvidos, apenas um chega ao FDA – órgão norte-americano responsável pela aprovação de medicamentos –, e pode custar cerca de US$ 98 bilhões em um período de 15 anos de pesquisa. “Este valor pode parecer alto, mas a indústria fatura aproximadamente US$ 12,4 bilhões anualmente”, avaliou o pesquisador. “O segredo está nas parcerias e no investimento em capacitação”.

Para encerrar a mesa, a pesquisadora Marcia Coronha Ramos Lima, vice-diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação de Farmanguinhos, apresentou um breve histórico sobre a construção e desenvolvimento da pesquisa e inovação na unidade. “Atualmente, temos 42 projetos de pesquisa em Farmaguinhos. Trabalhamos nos dois sentidos da cadeia produtiva: atendendo a demandas do Ministério da Saúde e respondendo pela pesquisa nas áreas de inflamação, alergia, malária e doença de Chagas”, explicou a pesquisadora. “Além da transferência de tecnologia para a produção de medicamentos como antirretrovirais, também desenvolvemos projetos de fitoterápicos como antinflamatórios e antihipertensivos”, completou. “Nosso foco está na busca do trabalho em conjunto e na definição de nosso planejamento para a criação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Farmaguinhos no campus de Jacarepaguá, nossa próxima meta”, finalizou Marcia.

13/06/10



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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)