A edição de verão de 2017, encerrada no dia 10 de fevereiro, marcou os dez anos dos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Em uma década, 1.726 alunos de graduação passaram pelas salas de aula e laboratórios do IOC, enquanto a iniciativa alcançou as cinco regiões do Brasil, atraindo jovens de 25 estados e do Distrito Federal. Ao todo, foram oferecidas 72 disciplinas, que contaram com a participação de 526 pós-graduandos como professores e de 109 pesquisadores como supervisores. Oferecidos pelos seis Programas de Pós-graduação do IOC, em edições de verão e inverno, os Cursos de Férias têm duração de uma a duas semanas, com aulas teóricas e práticas preparadas e ministradas por estudantes de mestrado e doutorado, supervisionados por pesquisadores, que coordenam as disciplinas.
"A cada edição, recebemos um número maior de inscrições. Neste ano, foram 1.143 candidatos para 152 vagas distribuÃdas em dez disciplinas. Buscamos oferecer um cardápio variado de cursos e nos preocupamos com a avaliação feita pelos alunos ao final da atividade para aprimorar as aulas. O objetivo é atrair os jovens, para que eles conheçam as linhas de pesquisa e os programas de pós-graduação do Instituto. Ao mesmo tempo, oferecemos uma oportunidade de prática de ensino para os mestrandos e doutorandos que são nossos alunos nos programas de pós-graduação", afirma Rubem Menna Barreto, pesquisador do Laboratório de Biologia Celular e coordenador dos cursos de férias desde 2010. Quando ainda era estudante de doutorado, Rubem integrou a iniciativa desde sua primeira edição, como professor.
Estudantes de cinco estados participaram do curso sobre fundamentos e aplicações da técnica de citometria de fluxo na pesquisa cientÃfica. Foto: Gutemberg Brito
Seguir a carreira cientÃfica é o objetivo de muitos graduandos que veem nos Cursos de Férias uma oportunidade de qualificação diferenciada. Na edição de verão 2017, o curso dedicado à citometria de fluxo — metodologia de alta tecnologia que permite diferenciar linhagens celulares e é muito utilizada em estudos de imunologia, parasitologia e pesquisas sobre câncer — reuniu 20 alunos, que foram selecionados a partir de 90 inscritos. Além de frequentarem cursos de graduação variados, como biomedicina, biologia, farmácia e veterinária, os estudantes vieram de diversos estados do Brasil, incluindo Pará, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Cursando o 6º perÃodo de biomedicina na Universidade Federal do Pará (UFPA), Rodrigo Arcoverde procurou a disciplina com um objetivo duplo: aprender sobre a técnica e conhecer a sede da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro.
"Faço estágio em virologia e sempre ouço falar sobre a importância da citometria de fluxo, mas nunca tinha tido contato direto com a metodologia. Além disso, como quero fazer pós-graduação no Rio de Janeiro ou em São Paulo, esta foi uma oportunidade para conhecer a Fiocruz", disse o estudante.
Também interessada em prosseguir com os estudos após a graduação, a aluna do 7º perÃodo de farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiza Souto Mayor destacou a qualidade do curso.
"A integração entre a parte teórica e a prática foi muito importante para aprofundar o conhecimento, e os mestrandos e doutorandos que deram as aulas foram muito didáticos. Acredito que o curso vai me dar maior autonomia para utilizar a citometria de fluxo, ampliando as minhas possibilidades no mestrado ou na residência", acrescentou.
Curso sobre biologia celular e tráfego de vesÃculas foi um dos oferecidos na primeira edição de verão, em janeiro de 2008. Ao centro, de preto, Rubem Menna Barreto, que atuou como professor da disciplina. Foto: Arquivo
Nas dez disciplinas oferecidas na edição de verão de 2017, 60 pós-graduandos atuaram como professores, supervisionados por 17 pesquisadores. Prestes a concluir o mestrado em Biologia Parasitária, com defesa da dissertação prevista para março, Jéssica Lima teve oportunidade de vivenciar sua primeira experiência como docente.
"Realizamos a preparação da apostila e das aulas teóricas e práticas, discutindo com o coordenador da disciplina. Também passamos por palestras sobre formas de ensino e dinâmica em sala de aula. Tudo isso nos ajuda no momento em que estamos diante dos alunos", avaliou a biomédica.
No segundo ano do doutorado em Biologia Celular e Molecular, Alessandro Marins considera que, além de contribuir para aprimorar as técnicas de docência, a atividade permite aprofundar conhecimentos.
"Ao preparar as aulas, precisamos considerar as referências teóricas dos alunos de graduação, que são diferentes das utilizadas na pós-graduação. Isso nos obriga a revisitar livros e repensar conceitos para tentar transmitir as informações de forma didática", comentou o biólogo.
Ao completar dez anos, os Cursos de Férias têm sua importância destacada por estudantes que participaram das primeiras turmas e que, atualmente, concluem a pós-graduação. Aluno da primeira edição de verão, Bruno Jorge de Andrade Silva defendeu sua tese de doutorado no último dia 7 de fevereiro. Segundo ele, a disciplina cursada em janeiro de 2008 abriu caminho para a iniciação cientÃfica no Laboratório de HansenÃase, em seguida para o mestrado na Pós-graduação em Medicina Tropical e, por fim, o doutorado na Pós-graduação em Biologia Parasitária.
"Os Cursos de Férias têm a grande vantagem de permitir que os estudantes pratiquem técnicas que muitas vezes não estão disponÃveis nas faculdades", ressaltou o veterinário.
Aluno do curso de verão em 2008, Bruno Andrade também atuou como professor no projeto quando se tornou aluno de doutorado. Foto: Gutemberg Brito
Já André Luiz Quintanilha Torres, doutorando em Biologia Computacional e Sistemas com defesa prevista para novembro deste ano, conta que descobriu sua vocação para a bioinformática na primeira edição do curso de inverno, em julho de 2007.
"Encontrei uma área que unia dois interesses meus: a biologia e a informática. Na época, eu estagiava em um projeto relacionado à pesquisa sobre fungos, e o curso, que abordava questões ligadas à genética e à proteômica, me fez mudar de rumo", afirmou o estudante, que participou da edição de verão de 2017 como professor e deu seu depoimento na recepção aos novos alunos.
"Essa é uma oportunidade de entrar em contato com temais atuais de pesquisa e, talvez, descobrir aquilo que vocês querem fazer pelo resto da vida. Aproveitem", aconselhou ele.
A edição de verão de 2017, encerrada no dia 10 de fevereiro, marcou os dez anos dos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Em uma década, 1.726 alunos de graduação passaram pelas salas de aula e laboratórios do IOC, enquanto a iniciativa alcançou as cinco regiões do Brasil, atraindo jovens de 25 estados e do Distrito Federal. Ao todo, foram oferecidas 72 disciplinas, que contaram com a participação de 526 pós-graduandos como professores e de 109 pesquisadores como supervisores. Oferecidos pelos seis Programas de Pós-graduação do IOC, em edições de verão e inverno, os Cursos de Férias têm duração de uma a duas semanas, com aulas teóricas e práticas preparadas e ministradas por estudantes de mestrado e doutorado, supervisionados por pesquisadores, que coordenam as disciplinas.
"A cada edição, recebemos um número maior de inscrições. Neste ano, foram 1.143 candidatos para 152 vagas distribuÃdas em dez disciplinas. Buscamos oferecer um cardápio variado de cursos e nos preocupamos com a avaliação feita pelos alunos ao final da atividade para aprimorar as aulas. O objetivo é atrair os jovens, para que eles conheçam as linhas de pesquisa e os programas de pós-graduação do Instituto. Ao mesmo tempo, oferecemos uma oportunidade de prática de ensino para os mestrandos e doutorandos que são nossos alunos nos programas de pós-graduação", afirma Rubem Menna Barreto, pesquisador do Laboratório de Biologia Celular e coordenador dos cursos de férias desde 2010. Quando ainda era estudante de doutorado, Rubem integrou a iniciativa desde sua primeira edição, como professor.
Estudantes de cinco estados participaram do curso sobre fundamentos e aplicações da técnica de citometria de fluxo na pesquisa cientÃfica. Foto: Gutemberg Brito
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Seguir a carreira cientÃfica é o objetivo de muitos graduandos que veem nos Cursos de Férias uma oportunidade de qualificação diferenciada. Na edição de verão 2017, o curso dedicado à citometria de fluxo — metodologia de alta tecnologia que permite diferenciar linhagens celulares e é muito utilizada em estudos de imunologia, parasitologia e pesquisas sobre câncer — reuniu 20 alunos, que foram selecionados a partir de 90 inscritos. Além de frequentarem cursos de graduação variados, como biomedicina, biologia, farmácia e veterinária, os estudantes vieram de diversos estados do Brasil, incluindo Pará, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Cursando o 6º perÃodo de biomedicina na Universidade Federal do Pará (UFPA), Rodrigo Arcoverde procurou a disciplina com um objetivo duplo: aprender sobre a técnica e conhecer a sede da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro.
"Faço estágio em virologia e sempre ouço falar sobre a importância da citometria de fluxo, mas nunca tinha tido contato direto com a metodologia. Além disso, como quero fazer pós-graduação no Rio de Janeiro ou em São Paulo, esta foi uma oportunidade para conhecer a Fiocruz", disse o estudante.
Também interessada em prosseguir com os estudos após a graduação, a aluna do 7º perÃodo de farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiza Souto Mayor destacou a qualidade do curso.
"A integração entre a parte teórica e a prática foi muito importante para aprofundar o conhecimento, e os mestrandos e doutorandos que deram as aulas foram muito didáticos. Acredito que o curso vai me dar maior autonomia para utilizar a citometria de fluxo, ampliando as minhas possibilidades no mestrado ou na residência", acrescentou.
Curso sobre biologia celular e tráfego de vesÃculas foi um dos oferecidos na primeira edição de verão, em janeiro de 2008. Ao centro, de preto, Rubem Menna Barreto, que atuou como professor da disciplina. Foto: Arquivo
Nas dez disciplinas oferecidas na edição de verão de 2017, 60 pós-graduandos atuaram como professores, supervisionados por 17 pesquisadores. Prestes a concluir o mestrado em Biologia Parasitária, com defesa da dissertação prevista para março, Jéssica Lima teve oportunidade de vivenciar sua primeira experiência como docente.
"Realizamos a preparação da apostila e das aulas teóricas e práticas, discutindo com o coordenador da disciplina. Também passamos por palestras sobre formas de ensino e dinâmica em sala de aula. Tudo isso nos ajuda no momento em que estamos diante dos alunos", avaliou a biomédica.
No segundo ano do doutorado em Biologia Celular e Molecular, Alessandro Marins considera que, além de contribuir para aprimorar as técnicas de docência, a atividade permite aprofundar conhecimentos.
"Ao preparar as aulas, precisamos considerar as referências teóricas dos alunos de graduação, que são diferentes das utilizadas na pós-graduação. Isso nos obriga a revisitar livros e repensar conceitos para tentar transmitir as informações de forma didática", comentou o biólogo.
Ao completar dez anos, os Cursos de Férias têm sua importância destacada por estudantes que participaram das primeiras turmas e que, atualmente, concluem a pós-graduação. Aluno da primeira edição de verão, Bruno Jorge de Andrade Silva defendeu sua tese de doutorado no último dia 7 de fevereiro. Segundo ele, a disciplina cursada em janeiro de 2008 abriu caminho para a iniciação cientÃfica no Laboratório de HansenÃase, em seguida para o mestrado na Pós-graduação em Medicina Tropical e, por fim, o doutorado na Pós-graduação em Biologia Parasitária.
"Os Cursos de Férias têm a grande vantagem de permitir que os estudantes pratiquem técnicas que muitas vezes não estão disponÃveis nas faculdades", ressaltou o veterinário.
Aluno do curso de verão em 2008, Bruno Andrade também atuou como professor no projeto quando se tornou aluno de doutorado. Foto: Gutemberg Brito
Já André Luiz Quintanilha Torres, doutorando em Biologia Computacional e Sistemas com defesa prevista para novembro deste ano, conta que descobriu sua vocação para a bioinformática na primeira edição do curso de inverno, em julho de 2007.
"Encontrei uma área que unia dois interesses meus: a biologia e a informática. Na época, eu estagiava em um projeto relacionado à pesquisa sobre fungos, e o curso, que abordava questões ligadas à genética e à proteômica, me fez mudar de rumo", afirmou o estudante, que participou da edição de verão de 2017 como professor e deu seu depoimento na recepção aos novos alunos.
"Essa é uma oportunidade de entrar em contato com temais atuais de pesquisa e, talvez, descobrir aquilo que vocês querem fazer pelo resto da vida. Aproveitem", aconselhou ele.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)