A tese da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi demonstrou o papel das moscas na disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. Selecionada para o Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto pela pós-graduação em Biodiversidade e Saúde, a pesquisa encontrou, nos insetos, bactérias causadoras de doenças, multirresistentes e portadoras de genes de resistência a antimicrobianos importantes no tratamento de infecções. A tese foi orientada pela pesquisadora Viviane Zahner, do Laboratório de Entomologia Médica e Forense do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Karyne Rangel, pós-doutoranda do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).
“As moscas sinantrópicas frequentam ambientes ocupados pelo homem, com presença de matéria orgânica em decomposição, como lixões, feiras, restaurantes, hospitais e residências. Especialmente nos hospitais, onde há intenso uso de antimicrobianos e seleção de bactérias resistentes, elas adquirem grande diversidade de patógenos, que podem ser veiculados aderidos externamente ao seu corpo ou através de seus hábitos de alimentação, regurgitação e defecação. Os resultados da pesquisa corroboram o papel dos dípteros muscóides como importantes veiculadores de bactérias resistentes em ambientes extra-hospitalares”, esclareceu a autora.
Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Foto: AcervoAo longo de quatro anos, o estudo coletou 117 moscas em cinco pontos relativamente próximos na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas com diferentes características, incluindo áreas internas, próximas e distantes de hospitais. Ao todo, 197 colônias de bactérias foram isoladas a partir das moscas. Os testes revelaram que 42 isolados bacterianos apresentavam perfil resistente ou intermediário para um ou dois antibióticos, o que significa que os microrganismos não seriam eliminados por esses fármacos ou haveria necessidade de doses mais altas para sua ação. Além disso, dez cepas apresentaram resistência a antimicrobianos de três classes diferentes, sendo classificadas como multirresistentes.
Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Entre estas, três pertenciam a espécies causadoras de doenças em seres humanos. “Essas bactérias apresentam potencial de causar infecções relacionadas a assistência à saúde. Além disso, devemos ressaltar que os genes de resistência podem estar presentes em elementos móveis do genoma bacteriano, o que aumenta o risco de sua disseminação para outros microrganismos”, alertou a bióloga.
A maior quantidade de bactérias resistentes foi detectada em um depósito de lixo a céu aberto, a cerca de cem metros de um hospital. De acordo com Isabel, este dado sugere que caçambas de resíduos domésticos próximas a unidades hospitalares podem facilitar a disseminação de bactérias resistentes. “Neste ponto, observamos quesitos importantes como grande quantidade de lixo, altas temperaturas e proximidade com o hospital”, pontuou a bióloga, enfatizando o alinhamento da tese ao conceito de Saúde Única, que integra os estudos de saúde humana, animal e ambiental. A pesquisa foi realizada com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A tese da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi demonstrou o papel das moscas na disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. Selecionada para o Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto pela pós-graduação em Biodiversidade e Saúde, a pesquisa encontrou, nos insetos, bactérias causadoras de doenças, multirresistentes e portadoras de genes de resistência a antimicrobianos importantes no tratamento de infecções. A tese foi orientada pela pesquisadora Viviane Zahner, do Laboratório de Entomologia Médica e Forense do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Karyne Rangel, pós-doutoranda do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).
“As moscas sinantrópicas frequentam ambientes ocupados pelo homem, com presença de matéria orgânica em decomposição, como lixões, feiras, restaurantes, hospitais e residências. Especialmente nos hospitais, onde há intenso uso de antimicrobianos e seleção de bactérias resistentes, elas adquirem grande diversidade de patógenos, que podem ser veiculados aderidos externamente ao seu corpo ou através de seus hábitos de alimentação, regurgitação e defecação. Os resultados da pesquisa corroboram o papel dos dípteros muscóides como importantes veiculadores de bactérias resistentes em ambientes extra-hospitalares”, esclareceu a autora.
Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Foto: AcervoAo longo de quatro anos, o estudo coletou 117 moscas em cinco pontos relativamente próximos na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas com diferentes características, incluindo áreas internas, próximas e distantes de hospitais. Ao todo, 197 colônias de bactérias foram isoladas a partir das moscas. Os testes revelaram que 42 isolados bacterianos apresentavam perfil resistente ou intermediário para um ou dois antibióticos, o que significa que os microrganismos não seriam eliminados por esses fármacos ou haveria necessidade de doses mais altas para sua ação. Além disso, dez cepas apresentaram resistência a antimicrobianos de três classes diferentes, sendo classificadas como multirresistentes.
Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Entre estas, três pertenciam a espécies causadoras de doenças em seres humanos. “Essas bactérias apresentam potencial de causar infecções relacionadas a assistência à saúde. Além disso, devemos ressaltar que os genes de resistência podem estar presentes em elementos móveis do genoma bacteriano, o que aumenta o risco de sua disseminação para outros microrganismos”, alertou a bióloga.
A maior quantidade de bactérias resistentes foi detectada em um depósito de lixo a céu aberto, a cerca de cem metros de um hospital. De acordo com Isabel, este dado sugere que caçambas de resíduos domésticos próximas a unidades hospitalares podem facilitar a disseminação de bactérias resistentes. “Neste ponto, observamos quesitos importantes como grande quantidade de lixo, altas temperaturas e proximidade com o hospital”, pontuou a bióloga, enfatizando o alinhamento da tese ao conceito de Saúde Única, que integra os estudos de saúde humana, animal e ambiental. A pesquisa foi realizada com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)