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A educação e o nosso futuro

Ciência, educação e sistemas de aprendizagem são discutidos em artigo de Eloi Garcia, pesquisador do IOC e ex-presidente da Fiocruz
Por Jornalismo IOC26/04/2010 - Atualizado em 10/12/2019

Algumas semanas atrás a Academia Brasileira de Ciências debateu temas importantes a serem discutido na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, de 26 a 28 de maio, em Brasília. Um dos pontos mais sensíveis debatidos foi o sistema educacional brasileiro. Ficou nítido que devem ocorrer profundas e inovadoras transformações nos modelos de aprendizagem e criatividade e que estes devem ser revisados constantemente para abarcar e tentar resolver as perguntas que nos cercam em nosso dia a dia.

É tempo de utopia da educação e esta utopia deve se revestir e se recobrir de ciência. Ciência e educação são duas faces da mesma moeda, uma complementando e reforçando o papel da outra no desenvolvimento do país. A ciência e educação devem entender problemas passados para pensar o presente e formar recursos humanos qualificados para o nosso futuro. O investimento nas duas é uma chance promissora para o país, porém, os resultados não são de curto prazo. São os investimentos nas crianças que nos trarão um futuro melhor.

Investimento em educação não significa apenas dinheiro, mas a adoção de novos modelos de aprendizagem que levem em conta as motivações, experiências e singularidades dos alunos. Os estudantes estão interessados em aprender o que está à sua volta e não somente o que alguns professores infelizmente repetem, anualmente, em sala de aula. Eles são motivados a aprender algo útil e conectado às suas vidas e à sociedade, que tão aceleradamente tem se reinventado nos últimos anos. Quando encarar esta realidade?

Confúcio, em uma sentença, diz: "Quando me contaram, esqueci; quando vi, entendi; quando fiz, aprendi". Estudos mostram que os estudantes retêm somente 10% do que lêem, cerca de 20% do que ouvem e 30% do que vêem. Quando fazem, a capacidade de aprendizagem dos alunos sobe para um patamar de 90%. Precisamos urgentemente incrementar no ensino e na educação em ciência a vertente experimental.

No Brasil, há um enorme déficit de uma educação de ciência de bancada, com os alunos utilizando a experimentação para dirimir suas questões e ajudá-los a se perguntarem por outras dúvidas. No modelo atual, há muita teoria e pouca prática no ensino.

A educação é um paciente; se o médico não atende a tempo ele piora, o tratamento fica mais dispendioso e, o pior, a doença pode virar crônica. Não "tratar" das dificuldades de um aluno do nível fundamental relacionadas a português, ciência, história, geografia e matemática pode resultar no mal crônico de sua aprendizagem.

Nosso novo sistema educacional deve estimular a criatividade e desenvolver a inteligência dos estudantes, com metodologias de aprendizagem que expandam nos jovens o horizonte do conhecimento e os tornem mais criativos e inovadores para enfrentar os desafios que os confrontarão na sociedade contemporânea.

Dizia Albert Einstein sobre aprendizagem: "A educação é o que sobra depois que esqueci o que aprendi na escola". Ou como frisava Winston Churchill: "Sempre gostei de aprender, o que não gosto é o que me ensinam na escola".

Se nos próximos 20 anos formos capazes de prover uma aprendizagem de qualidade para nossos jovens, em todos os níveis, transformaremos o país. Temos que formar recursos humanos de alto padrão no campo da biologia, medicina, engenharias, física, matemática e aumentar o percentual de crianças indo para o ensino fundamental, do fundamental para o ensino médio e técnico de qualidade e destes para uma universidade de excelência.

Artigo publicado originalmente no Jornal da Ciência, em 20 de abril de 2010.

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26/04/2010

Ciência, educação e sistemas de aprendizagem são discutidos em artigo de Eloi Garcia, pesquisador do IOC e ex-presidente da Fiocruz
Por: 
jornalismo

Algumas semanas atrás a Academia Brasileira de Ciências debateu temas importantes a serem discutido na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, de 26 a 28 de maio, em Brasília. Um dos pontos mais sensíveis debatidos foi o sistema educacional brasileiro. Ficou nítido que devem ocorrer profundas e inovadoras transformações nos modelos de aprendizagem e criatividade e que estes devem ser revisados constantemente para abarcar e tentar resolver as perguntas que nos cercam em nosso dia a dia.



É tempo de utopia da educação e esta utopia deve se revestir e se recobrir de ciência. Ciência e educação são duas faces da mesma moeda, uma complementando e reforçando o papel da outra no desenvolvimento do país. A ciência e educação devem entender problemas passados para pensar o presente e formar recursos humanos qualificados para o nosso futuro. O investimento nas duas é uma chance promissora para o país, porém, os resultados não são de curto prazo. São os investimentos nas crianças que nos trarão um futuro melhor.



Investimento em educação não significa apenas dinheiro, mas a adoção de novos modelos de aprendizagem que levem em conta as motivações, experiências e singularidades dos alunos. Os estudantes estão interessados em aprender o que está à sua volta e não somente o que alguns professores infelizmente repetem, anualmente, em sala de aula. Eles são motivados a aprender algo útil e conectado às suas vidas e à sociedade, que tão aceleradamente tem se reinventado nos últimos anos. Quando encarar esta realidade?



Confúcio, em uma sentença, diz: "Quando me contaram, esqueci; quando vi, entendi; quando fiz, aprendi". Estudos mostram que os estudantes retêm somente 10% do que lêem, cerca de 20% do que ouvem e 30% do que vêem. Quando fazem, a capacidade de aprendizagem dos alunos sobe para um patamar de 90%. Precisamos urgentemente incrementar no ensino e na educação em ciência a vertente experimental.



No Brasil, há um enorme déficit de uma educação de ciência de bancada, com os alunos utilizando a experimentação para dirimir suas questões e ajudá-los a se perguntarem por outras dúvidas. No modelo atual, há muita teoria e pouca prática no ensino.



A educação é um paciente; se o médico não atende a tempo ele piora, o tratamento fica mais dispendioso e, o pior, a doença pode virar crônica. Não "tratar" das dificuldades de um aluno do nível fundamental relacionadas a português, ciência, história, geografia e matemática pode resultar no mal crônico de sua aprendizagem.



Nosso novo sistema educacional deve estimular a criatividade e desenvolver a inteligência dos estudantes, com metodologias de aprendizagem que expandam nos jovens o horizonte do conhecimento e os tornem mais criativos e inovadores para enfrentar os desafios que os confrontarão na sociedade contemporânea.

Dizia Albert Einstein sobre aprendizagem: "A educação é o que sobra depois que esqueci o que aprendi na escola". Ou como frisava Winston Churchill: "Sempre gostei de aprender, o que não gosto é o que me ensinam na escola".

Se nos próximos 20 anos formos capazes de prover uma aprendizagem de qualidade para nossos jovens, em todos os níveis, transformaremos o país. Temos que formar recursos humanos de alto padrão no campo da biologia, medicina, engenharias, física, matemática e aumentar o percentual de crianças indo para o ensino fundamental, do fundamental para o ensino médio e técnico de qualidade e destes para uma universidade de excelência.

Artigo publicado originalmente no Jornal da Ciência, em 20 de abril de 2010.

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26/04/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)