A partir da coleta e exame de amostras de 146 macacos e quase 18 mil mosquitos em 44 municípios de cinco estados, a pesquisa do biólogo Filipe Vieira dos Santos Abreu conseguiu identificar as principais espécies de primatas e vetores envolvidas nos surtos de febre amarela e malária registrados no Sudeste entre 2015 e 2017.
O trabalho expandiu o conhecimento sobre a dinâmica das infecções na Mata Atlântica e contribuiu para o seu enfrentamento. A tese foi orientada pelo pesquisador Ricardo Lourenço de Oliveira, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, e selecionada para premiação pela Pós-graduação em Biologia Parasitária.
A pesquisa começou em 2015, dois anos antes do início do surto de febre amarela no Sudeste. A investigação apontou que o Rio de Janeiro, onde não havia registros da doença há quase 80 anos, era receptivo para o agravo, com a presença de potenciais vetores e macacos suscetíveis.
Com a emergência da epidemia, o estudo foi expandido para Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. O vírus da febre amarela foi identificado em bugios e saguis, e os mosquitos silvestres Haemagogus leucocelaenus e Haemagogus janthinomys foram caracterizados como os principais transmissores do agravo.
“A pesquisa foi importante para afastar a hipótese de febre amarela urbana, indicando que o surto foi inteiramente silvestre, o que é relevante para as estratégias de controle”, afirmou Filipe, acrescentando que a infecção não foi detectada em mosquitos urbanos e periurbanos, como Aedes aegypti e Aedes albopictus.
“Também demonstramos, pela primeira vez, que o vírus pode permanecer na Mata Atlântica por três estações de transmissão consecutivas, reforçando a necessidade de altas taxas de vacinação”, salientou o biólogo.
A análise genética de microrganismos encontrados em mosquitos, macacos e pacientes permitiu ainda traçar rotas de dispersão e calcular a velocidade de disseminação da doença.
"Conhecer as espécies de hospedeiros e vetores que participam da transmissão da febre amarela e da malária na Mata Atlântica é importante para direcionar as ações de vigilância", ressaltou Filipe. Foto: Acervo PessoalEm relação à malária, a tese esclareceu casos de origem desconhecida que vinham sendo registrados no Rio de Janeiro, apontando a infecção humana por parasitos causadores da doença em macacos. Entre seis espécies de primatas, o estudo identificou os bugios como único reservatório de plasmódios.
Características genéticas dos parasitos encontrados nos macacos e nos pacientes confirmaram a infecção pelo Plasmodium simium. O achado de macacos infectados nas mesmas localidades onde ocorreram os casos humanos reforçou a hipótese de transmissão zoonótica.
“Conhecer as espécies de hospedeiros e vetores que participam da transmissão da febre amarela e da malária na Mata Atlântica é importante para direcionar as ações de vigilância e os modelos de predição de risco. A colaboração de uma grande equipe, incluindo pesquisadores de dez laboratórios da Fiocruz e de dois laboratórios estrangeiros, foi fundamental para os resultados”, destacou Filipe.
Professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), o autor recebeu licença para o desenvolvimento da tese ‘Febre Amarela e Malária: Investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro’. A pesquisa contou ainda com apoio de bolsa do Programa Capes/Cofecub, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub), para realização de período sanduíche no Instituto Pasteur de Paris, na França.
A partir da coleta e exame de amostras de 146 macacos e quase 18 mil mosquitos em 44 municípios de cinco estados, a pesquisa do biólogo Filipe Vieira dos Santos Abreu conseguiu identificar as principais espécies de primatas e vetores envolvidas nos surtos de febre amarela e malária registrados no Sudeste entre 2015 e 2017.
O trabalho expandiu o conhecimento sobre a dinâmica das infecções na Mata Atlântica e contribuiu para o seu enfrentamento. A tese foi orientada pelo pesquisador Ricardo Lourenço de Oliveira, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, e selecionada para premiação pela Pós-graduação em Biologia Parasitária.
A pesquisa começou em 2015, dois anos antes do início do surto de febre amarela no Sudeste. A investigação apontou que o Rio de Janeiro, onde não havia registros da doença há quase 80 anos, era receptivo para o agravo, com a presença de potenciais vetores e macacos suscetíveis.
Com a emergência da epidemia, o estudo foi expandido para Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. O vírus da febre amarela foi identificado em bugios e saguis, e os mosquitos silvestres Haemagogus leucocelaenus e Haemagogus janthinomys foram caracterizados como os principais transmissores do agravo.
“A pesquisa foi importante para afastar a hipótese de febre amarela urbana, indicando que o surto foi inteiramente silvestre, o que é relevante para as estratégias de controle”, afirmou Filipe, acrescentando que a infecção não foi detectada em mosquitos urbanos e periurbanos, como Aedes aegypti e Aedes albopictus.
“Também demonstramos, pela primeira vez, que o vírus pode permanecer na Mata Atlântica por três estações de transmissão consecutivas, reforçando a necessidade de altas taxas de vacinação”, salientou o biólogo.
A análise genética de microrganismos encontrados em mosquitos, macacos e pacientes permitiu ainda traçar rotas de dispersão e calcular a velocidade de disseminação da doença.
"Conhecer as espécies de hospedeiros e vetores que participam da transmissão da febre amarela e da malária na Mata Atlântica é importante para direcionar as ações de vigilância", ressaltou Filipe. Foto: Acervo PessoalEm relação à malária, a tese esclareceu casos de origem desconhecida que vinham sendo registrados no Rio de Janeiro, apontando a infecção humana por parasitos causadores da doença em macacos. Entre seis espécies de primatas, o estudo identificou os bugios como único reservatório de plasmódios.
Características genéticas dos parasitos encontrados nos macacos e nos pacientes confirmaram a infecção pelo Plasmodium simium. O achado de macacos infectados nas mesmas localidades onde ocorreram os casos humanos reforçou a hipótese de transmissão zoonótica.
“Conhecer as espécies de hospedeiros e vetores que participam da transmissão da febre amarela e da malária na Mata Atlântica é importante para direcionar as ações de vigilância e os modelos de predição de risco. A colaboração de uma grande equipe, incluindo pesquisadores de dez laboratórios da Fiocruz e de dois laboratórios estrangeiros, foi fundamental para os resultados”, destacou Filipe.
Professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), o autor recebeu licença para o desenvolvimento da tese ‘Febre Amarela e Malária: Investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro’. A pesquisa contou ainda com apoio de bolsa do Programa Capes/Cofecub, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub), para realização de período sanduíche no Instituto Pasteur de Paris, na França.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)