Foram iniciadas ontem, dia 19, as atividades do VI Encontro Brasileiro sobre Taxonomia e Ecologia de Chironomidae e o III Simpósio Latino Americano sobre Simuliidae. O evento, que acontece até o dia 21, é organizado pelo Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e reúne cerca de cem participantes entre pesquisadores e estudantes que se dedicam ao estudo da famÃlia Simuliidae, cujos representantes são conhecidos popularmente no Brasil como borrachudos ou piuns, e da famÃlia Chironomidae, que inclui insetos de importância ecológica por sua utilização como bioindicadores. A homenagem ao pesquisador do IOC Sebastião Oliveira, um dos pioneiros no estudo de Chironomidae no Brasil, e discussões sobre as perspectivas futuras para área marcaram o primeiro dia de programação.
Em sua fala de abertura, a diretora do IOC Tania Araújo-Jorge afirmou ser um orgulho para o Instituto sediar o evento. Num momento em que vivemos os desafios das mudanças no meio ambiente, é importante direcionar a inteligência de uma comunidade como esta para discussões relacionadas ao tema. Tenho certeza que daqui sairão recomendações importantes no campo da pesquisa e vigilância, sintetizou.
Cerca de 100 participantes acompanham as apresentações e mesas redondas do evento, que acontece até o dia 21 no campus da Fiocruz. Foto: Gutemberg BritoLogo em seguida, foi realizada uma homenagem ao pesquisador do IOC Sebastião Oliveira, morto em abril de 2005. Um dos pioneiros no estudo de Chironomidae no Brasil, o médico veterinário iniciou suas atividades na década de 1940 e foi um dos dez pesquisadores cassados no episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, em 1970. Autor de mais de 95 trabalhos cientÃficos e de divulgação, defendeu sua tese de doutorado em 1998, aos 80 anos, no Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC.
"Fui convidada a organizar uma exposição de fotos para ilustrar a trajetória de meu pai. Pensei que seria fácil, mas me enganei. Por isso, resolvi fazer algo mais detalhado que acabou virando um projeto com lançamento previsto para o ano que vem, explicou Leila Oliveira, filha do pesquisador, anunciando o lançamento do projeto "Sebastião Oliveira: Uma trajetória de amor à ciência Vida e obra", que será realizado em 2008.
O projeto Sebastião Oliveira: Uma trajetória de amor à ciência Vida e obra, que realizará em 2008 uma exposição fotográfica para contar a trajetória do pesquisador, foi anunciada por sua filha Leila Oliveira. Foto: Gutemberg BritoA Conferência sobre Taxonomia, com a participação dos pesquisadores Susana Trivinho-Strixino, da Universidade Federal de São Carlos, e Anthony Shelley, do British Museum, no Reino Unido, que já atuou com pesquisador adjunto no IOC, abriu o ciclo de palestras do evento
Em sua exposição Suzana fez um balanço dos 13 anos de encontros sobre a famÃlia Chironomidae, mostrando os avanços no conhecimento taxonômico da área e apontando os desafios a serem superados.
"De 1996 a 2007 houve um aumento significativo no número de espécies descritas no Brasil. Porém, só conhecemos a forma larvar de apenas 24% dessas espécies", ponderou.
Anthony Shelley iniciou sua palestra sobre a famÃlia Simuliidae relembrando pioneiros da área, como o pesquisador do IOC Adolpho Lutz, que reuniu 1.400 exemplares dos insetos em sua coleção.
"Além da taxonomia, o estudo da famÃlia é importante porque estes insetos são vetores de filárias, como as causadoras da oncocercose e mansonelose", avaliou.
Shelley expôs os avanços nas técnicas para padronizar os estudos sobre simulÃdeos, desenvolvidas pelo British Museum em parceria com o Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do IOC, e apontou as perspectivas para o futuro.
"O DNA e a citologia devem ser utilizados nos estudos dos complexos de espécies e uma revisão da filogenia baseada em métodos taxômicos deve ser feita", provocou.
À tarde, os participantes dividiram-se em dois grupos para debater as famÃlias Chironomidae e Simuliidae. Em atividades simultâneas, apresentações orais e mesas redondas abordaram aspectos da taxonomia de Chironomidae e Simuliidae neotropicais.
No grupo da famÃlia Chironomidae, os pesquisadores Anália Paggi, do Museu de La Plata na Argentina, Ângela Sanseverino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Maria da Conceição Messias, do Museu Nacional da UFRJ, foram as palestrantes convidadas.
No grupo da famÃlia Simuliidae palestraram Sixto-Coscarón, também do Museu de La Plata na Argentina, Anthony Shelley, do British Museum, e Victor Py Daniel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
"No segundo dia, estamos dando continuidade aos ciclos de palestras e mesas redondas. Na sexta-feira, último dia de evento, além da definição de itens relativos à próxima edição, os dois grupos apresentarão em uma conferência geral os resultados dos debates e trarão propostas para que possamos contribuir com questões relacionadas ao meio ambiente, taxonomia e epidemiologia, com base no que foi discutido durante os três dias de encontro", resume Marilza Herzog, uma das coordenadoras do evento e chefe do Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do IOC, que atua como centro de referência nacional no tema para o Ministério da Saúde.
Reportagem: Renata Fontoura
Foram iniciadas ontem, dia 19, as atividades do VI Encontro Brasileiro sobre Taxonomia e Ecologia de Chironomidae e o III Simpósio Latino Americano sobre Simuliidae. O evento, que acontece até o dia 21, é organizado pelo Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e reúne cerca de cem participantes entre pesquisadores e estudantes que se dedicam ao estudo da famÃlia Simuliidae, cujos representantes são conhecidos popularmente no Brasil como borrachudos ou piuns, e da famÃlia Chironomidae, que inclui insetos de importância ecológica por sua utilização como bioindicadores. A homenagem ao pesquisador do IOC Sebastião Oliveira, um dos pioneiros no estudo de Chironomidae no Brasil, e discussões sobre as perspectivas futuras para área marcaram o primeiro dia de programação.
Em sua fala de abertura, a diretora do IOC Tania Araújo-Jorge afirmou ser um orgulho para o Instituto sediar o evento. Num momento em que vivemos os desafios das mudanças no meio ambiente, é importante direcionar a inteligência de uma comunidade como esta para discussões relacionadas ao tema. Tenho certeza que daqui sairão recomendações importantes no campo da pesquisa e vigilância, sintetizou.
Cerca de 100 participantes acompanham as apresentações e mesas redondas do evento, que acontece até o dia 21 no campus da Fiocruz. Foto: Gutemberg BritoLogo em seguida, foi realizada uma homenagem ao pesquisador do IOC Sebastião Oliveira, morto em abril de 2005. Um dos pioneiros no estudo de Chironomidae no Brasil, o médico veterinário iniciou suas atividades na década de 1940 e foi um dos dez pesquisadores cassados no episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, em 1970. Autor de mais de 95 trabalhos cientÃficos e de divulgação, defendeu sua tese de doutorado em 1998, aos 80 anos, no Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC.
"Fui convidada a organizar uma exposição de fotos para ilustrar a trajetória de meu pai. Pensei que seria fácil, mas me enganei. Por isso, resolvi fazer algo mais detalhado que acabou virando um projeto com lançamento previsto para o ano que vem, explicou Leila Oliveira, filha do pesquisador, anunciando o lançamento do projeto "Sebastião Oliveira: Uma trajetória de amor à ciência Vida e obra", que será realizado em 2008.
O projeto Sebastião Oliveira: Uma trajetória de amor à ciência Vida e obra, que realizará em 2008 uma exposição fotográfica para contar a trajetória do pesquisador, foi anunciada por sua filha Leila Oliveira. Foto: Gutemberg BritoA Conferência sobre Taxonomia, com a participação dos pesquisadores Susana Trivinho-Strixino, da Universidade Federal de São Carlos, e Anthony Shelley, do British Museum, no Reino Unido, que já atuou com pesquisador adjunto no IOC, abriu o ciclo de palestras do evento
Em sua exposição Suzana fez um balanço dos 13 anos de encontros sobre a famÃlia Chironomidae, mostrando os avanços no conhecimento taxonômico da área e apontando os desafios a serem superados.
"De 1996 a 2007 houve um aumento significativo no número de espécies descritas no Brasil. Porém, só conhecemos a forma larvar de apenas 24% dessas espécies", ponderou.
Anthony Shelley iniciou sua palestra sobre a famÃlia Simuliidae relembrando pioneiros da área, como o pesquisador do IOC Adolpho Lutz, que reuniu 1.400 exemplares dos insetos em sua coleção.
"Além da taxonomia, o estudo da famÃlia é importante porque estes insetos são vetores de filárias, como as causadoras da oncocercose e mansonelose", avaliou.
Shelley expôs os avanços nas técnicas para padronizar os estudos sobre simulÃdeos, desenvolvidas pelo British Museum em parceria com o Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do IOC, e apontou as perspectivas para o futuro.
"O DNA e a citologia devem ser utilizados nos estudos dos complexos de espécies e uma revisão da filogenia baseada em métodos taxômicos deve ser feita", provocou.
À tarde, os participantes dividiram-se em dois grupos para debater as famÃlias Chironomidae e Simuliidae. Em atividades simultâneas, apresentações orais e mesas redondas abordaram aspectos da taxonomia de Chironomidae e Simuliidae neotropicais.
No grupo da famÃlia Chironomidae, os pesquisadores Anália Paggi, do Museu de La Plata na Argentina, Ângela Sanseverino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Maria da Conceição Messias, do Museu Nacional da UFRJ, foram as palestrantes convidadas.
No grupo da famÃlia Simuliidae palestraram Sixto-Coscarón, também do Museu de La Plata na Argentina, Anthony Shelley, do British Museum, e Victor Py Daniel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
"No segundo dia, estamos dando continuidade aos ciclos de palestras e mesas redondas. Na sexta-feira, último dia de evento, além da definição de itens relativos à próxima edição, os dois grupos apresentarão em uma conferência geral os resultados dos debates e trarão propostas para que possamos contribuir com questões relacionadas ao meio ambiente, taxonomia e epidemiologia, com base no que foi discutido durante os três dias de encontro", resume Marilza Herzog, uma das coordenadoras do evento e chefe do Laboratório de SimulÃdeos e Oncocercose do IOC, que atua como centro de referência nacional no tema para o Ministério da Saúde.
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Reportagem: Renata Fontoura
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)