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Especialistas defendem aprimoramento na vigilância genômica de arbovírus 

Em carta na “The Lancet”, pesquisadores de 54 países pedem amplo monitoramento para os vírus causadores da dengue, Zika e chikungunya a exemplo da Covid-19 
Por Max Gomes10/08/2023 - Atualizado em 16/08/2023

A propagação dos vírus da dengue, Zika e chikungunya segue como grande desafio de saúde pública para diferentes nações. Em recente carta publicada na “The Lancet Global Health”, revista científica de maior prestígio da área biomédica, pesquisadores de 54 países defendem a implantação de uma vigilância genômica robusta e global para a rápida detecção e compreensão de arbovírus endêmicos e de alto impacto. 

A proposta é apresentada no contexto do aumento substancial de casos das doenças provocadas por esses vírus em países endêmicos, somado a novos surtos em localidades onde ainda não haviam sido registrados. Entre os 74 cientistas que assinam a publicação, estão dois pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz): Rafael Maciel de Freitas, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, e Felipe Naveca, do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, mas que também atua no Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz-Manaus). 

Para os autores, a vigilância molecular é um modelo valioso para alertar precocemente surtos desses arbovírus. A partir de dados genômicos e metadados epidemiológicos significativos, os especialistas podem avaliar prevalência de linhagens e detectar agentes infecciosos mais virulentos e resistentes a medicamentos, antivirais e vacinas. 

"Após a implementação da vigilância genômica na maioria dos países ao redor do mundo para o monitoramento de linhagens do SARS-CoV-2, agora há a oportunidade de implementar a vigilância genômica rotineira e sustentável em grande escala para arbovírus", afirmam os cientistas na carta, em tradução livre para o português. 

A falta de agilidade na disseminação de dados genômicos de arbovírus é um dos principais assuntos abordados no documento. Atualmente, a maior parte das informações é compartilhada após artigos serem revisados por pares, e de forma não padronizada mundialmente, o que atrasa intervenções e respostas quando há aumento de casos das doenças. 

Neste cenário, o grupo defende a adoção de um banco de dados com curadoria de alta qualidade, mencionando a EpiArbo, baseada na EpiCov — plataforma bem-sucedida da Global Data Science Initiative (Gisaid) empregada para a melhor compreensão do SARS-CoV-2, responsável pela pandemia da Covid-19. 

Com uma base de registros homogênea que preconiza a agilidade no depósito e compartilhamento de genomas, bem como a proteção de direitos autorais, os especialistas esperam realizar análises epidemiológicas e avaliação de risco abrangentes na contenção de surtos de arbovírus em todo o mundo, a começar pelos vírus da dengue, Zika e chikungunya, devido ao impacto global. 

Da Fiocruz, também assinam a carta Constancia Ayres e Gabriel Luz Wallau (autor principal), ambos do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE). O documento pode ser lido na íntegra, em inglês, no site da The Lancet Global Health

Uma preocupação crescente 

Os arbovírus são transmitidos para os seres humanos por meio de vetores artrópodes, causando surtos de doenças, principalmente nas regiões tropicais. Dengue, Zika e chikungunya são alguns exemplos de arbovírus transmitidos por mosquitos do gênero Aedes. No Brasil, o principal vetor desses vírus é o mosquito Aedes aegypti

Estimativas epidemiológicas levantadas no documento revelam que metade da população mundial está em risco de infecção pelo vírus da dengue, com aproximadamente 100 a 400 milhões de casos e 20 mil mortes relatados a cada ano. 

Os autores também expressam preocupação pela constante expansão do Aedes aegypti e Aedes albopictus para novas regiões do mundo associada à urbanização, globalização, mobilidade humana e mudanças climáticas. Este cenário tende a agravar os surtos nas áreas tropicais, como também reflete o aumento dessas doenças em regiões subtropicais e temperadas. 

Os cientistas acreditam que nos próximos 50 anos, mais 100 milhões de pessoas ao redor do mundo estarão em risco de infecção devido a estações de transmissão mais amplas nessas novas áreas. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em março de 2022, a Iniciativa Global de Arbovírus. A ação tem em vista o fortalecimento da mitigação de epidemias desses vírus e busca construir uma coalizão de partes interessadas em melhorar a vigilância e prevenção das doenças por arbovírus. 

Em carta na “The Lancet”, pesquisadores de 54 países pedem amplo monitoramento para os vírus causadores da dengue, Zika e chikungunya a exemplo da Covid-19 
Por: 
max.gomes

A propagação dos vírus da dengue, Zika e chikungunya segue como grande desafio de saúde pública para diferentes nações. Em recente carta publicada na “The Lancet Global Health”, revista científica de maior prestígio da área biomédica, pesquisadores de 54 países defendem a implantação de uma vigilância genômica robusta e global para a rápida detecção e compreensão de arbovírus endêmicos e de alto impacto. 

A proposta é apresentada no contexto do aumento substancial de casos das doenças provocadas por esses vírus em países endêmicos, somado a novos surtos em localidades onde ainda não haviam sido registrados. Entre os 74 cientistas que assinam a publicação, estão dois pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz): Rafael Maciel de Freitas, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, e Felipe Naveca, do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, mas que também atua no Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz-Manaus). 

Para os autores, a vigilância molecular é um modelo valioso para alertar precocemente surtos desses arbovírus. A partir de dados genômicos e metadados epidemiológicos significativos, os especialistas podem avaliar prevalência de linhagens e detectar agentes infecciosos mais virulentos e resistentes a medicamentos, antivirais e vacinas. 

"Após a implementação da vigilância genômica na maioria dos países ao redor do mundo para o monitoramento de linhagens do SARS-CoV-2, agora há a oportunidade de implementar a vigilância genômica rotineira e sustentável em grande escala para arbovírus", afirmam os cientistas na carta, em tradução livre para o português. 

A falta de agilidade na disseminação de dados genômicos de arbovírus é um dos principais assuntos abordados no documento. Atualmente, a maior parte das informações é compartilhada após artigos serem revisados por pares, e de forma não padronizada mundialmente, o que atrasa intervenções e respostas quando há aumento de casos das doenças. 

Neste cenário, o grupo defende a adoção de um banco de dados com curadoria de alta qualidade, mencionando a EpiArbo, baseada na EpiCov — plataforma bem-sucedida da Global Data Science Initiative (Gisaid) empregada para a melhor compreensão do SARS-CoV-2, responsável pela pandemia da Covid-19. 

Com uma base de registros homogênea que preconiza a agilidade no depósito e compartilhamento de genomas, bem como a proteção de direitos autorais, os especialistas esperam realizar análises epidemiológicas e avaliação de risco abrangentes na contenção de surtos de arbovírus em todo o mundo, a começar pelos vírus da dengue, Zika e chikungunya, devido ao impacto global. 

Da Fiocruz, também assinam a carta Constancia Ayres e Gabriel Luz Wallau (autor principal), ambos do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE). O documento pode ser lido na íntegra, em inglês, no site da The Lancet Global Health

Uma preocupação crescente 

Os arbovírus são transmitidos para os seres humanos por meio de vetores artrópodes, causando surtos de doenças, principalmente nas regiões tropicais. Dengue, Zika e chikungunya são alguns exemplos de arbovírus transmitidos por mosquitos do gênero Aedes. No Brasil, o principal vetor desses vírus é o mosquito Aedes aegypti

Estimativas epidemiológicas levantadas no documento revelam que metade da população mundial está em risco de infecção pelo vírus da dengue, com aproximadamente 100 a 400 milhões de casos e 20 mil mortes relatados a cada ano. 

Os autores também expressam preocupação pela constante expansão do Aedes aegypti e Aedes albopictus para novas regiões do mundo associada à urbanização, globalização, mobilidade humana e mudanças climáticas. Este cenário tende a agravar os surtos nas áreas tropicais, como também reflete o aumento dessas doenças em regiões subtropicais e temperadas. 

Os cientistas acreditam que nos próximos 50 anos, mais 100 milhões de pessoas ao redor do mundo estarão em risco de infecção devido a estações de transmissão mais amplas nessas novas áreas. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em março de 2022, a Iniciativa Global de Arbovírus. A ação tem em vista o fortalecimento da mitigação de epidemias desses vírus e busca construir uma coalizão de partes interessadas em melhorar a vigilância e prevenção das doenças por arbovírus. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)