Considerado o conjunto de ecossistemas mais rico do mundo, os remanescentes da Mata Atlântica servem de lar para animais como o mico-leão-dourado, a onça-pintada e o bicho-preguiça. Contam, ainda, com a beleza das orquídeas, dos ipês e dos jacarandás. Difícil é imaginar que, incluída em sua biodiversidade, estão os micro-organismos que passam longe dos olhos. É o caso das bactérias presentes no solo. Esse componente microscópico que sustenta toda a exuberância da floresta é alvo de um estudo pioneiro do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e inicialmente financiado pela FINEP e FAPERJ, que deu origem a uma coleção científica inusitada: a Coleção de Bactérias da Mata Atlântica. Atualmente, as centenas de amostras que integram o acervo passam por uma fase de classificação e identificação por meio da taxonomia genômica, que se baseia na investigação da informação genética dos isolados – novidade nas pesquisas brasileiras na área.
As amostras de solo foram coletadas em 2005, durante um projeto que realizou o levantamento da biodiversidade do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, com a participação de instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jardim Botânico e Museu Nacional. “Além da investigação da biodiversidade da área, o projeto também incluiu o estudo de geólogos da Universidade de Brasília, que já haviam caracterizado, naquele ecossistema, cinco diferentes tipos de solo em uma trilha com extensão de 40 quilômetros. Participamos de uma das coletas que eles realizaram e, enquanto coletavam amostras para análise geofísica, nós fizemos a coleta para a análise bacteriana”, conta a pesquisadora Ana Carolina Paulo Vicente, chefe do Laboratório de Genética Molecular de Micro-organismos do IOC e coordenadora do estudo.
Acervo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Bactérias que formam o acervo da coleção do IOC foram coletadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Renata Fontoura
30/07/2010
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Considerado o conjunto de ecossistemas mais rico do mundo, os remanescentes da Mata Atlântica servem de lar para animais como o mico-leão-dourado, a onça-pintada e o bicho-preguiça. Contam, ainda, com a beleza das orquídeas, dos ipês e dos jacarandás. Difícil é imaginar que, incluída em sua biodiversidade, estão os micro-organismos que passam longe dos olhos. É o caso das bactérias presentes no solo. Esse componente microscópico que sustenta toda a exuberância da floresta é alvo de um estudo pioneiro do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e inicialmente financiado pela FINEP e FAPERJ, que deu origem a uma coleção científica inusitada: a Coleção de Bactérias da Mata Atlântica. Atualmente, as centenas de amostras que integram o acervo passam por uma fase de classificação e identificação por meio da taxonomia genômica, que se baseia na investigação da informação genética dos isolados – novidade nas pesquisas brasileiras na área.
As amostras de solo foram coletadas em 2005, durante um projeto que realizou o levantamento da biodiversidade do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, com a participação de instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jardim Botânico e Museu Nacional. “Além da investigação da biodiversidade da área, o projeto também incluiu o estudo de geólogos da Universidade de Brasília, que já haviam caracterizado, naquele ecossistema, cinco diferentes tipos de solo em uma trilha com extensão de 40 quilômetros. Participamos de uma das coletas que eles realizaram e, enquanto coletavam amostras para análise geofísica, nós fizemos a coleta para a análise bacteriana”, conta a pesquisadora Ana Carolina Paulo Vicente, chefe do Laboratório de Genética Molecular de Micro-organismos do IOC e coordenadora do estudo.
Acervo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Bactérias que formam o acervo da coleção do IOC foram coletadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Segundo a especialista, o desafio surgiu logo no início do trabalho. “Quando investigamos a biodiversidade de um determinado ecossistema, não podemos delimitar alvos específicos. O objetivo era descobrir o que estava presente naquela área, naquele momento, em relação às bactérias. Tínhamos que fazer um isolamento não seletivo e trabalhar com bactérias cultiváveis”, esclarece.
Cerca de 800 morfotipos foram isolados inicialmente. Eles formam o acervo da coleção, que está em fase de classificação e identificação. Para isso, são utilizados métodos de análise ainda raramente empregados no Brasil em casos como este. “A maior parte dos trabalhos realizados em relação às bactérias no mundo tem foco nas bactérias de importância clínica. Dessas, são conhecidas as condições de cultivo e manutenção, já que algumas são estudadas há mais de cem anos. Já das bactérias que estão no ambiente, geralmente se conhece muito pouco. Por isso, estamos investigando a informação genética desses micro-organismos”, explica a pesquisadora.
“A abordagem é a da taxonomia genômica. Existem alguns alvos que são universais para bactérias. Recuperamos o DNA desses alvos a partir das amostras do ambiente para definir o gênero e a espécies isoladas na amostra do solo Parque Nacional da Serra dos Órgãos”, detalha.
Para a pesquisadora, o levantamento da biodiversidade bacteriana é um dos indicadores fundamentais para avaliar as mudanças no meio ambiente e eventualmente identificar “potenciais patógenos no ambiente”. “A importância do estudo da biodiversidade de um modo geral também se aplica para as bactérias. O status do meio ambiente é medido por diferentes indicadores. O ambiente é caracterizado, naquele momento, por determinado cenário, que inclui plantas, animais e também micro-organismos. Se houver uma mudança, que pode ser física ou química, todos estes indicadores podem contribuir para entender seus impactos”, finaliza.
Renata Fontoura
30/07/2010
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