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Homenagem ao mestre ausente

Hermann Schatzmayr, virologista do IOC morto em junho deste ano, foi lembrado no encerramento da disciplina de Virologia, na Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto. O curso havia sido planejado pelo pesquisador
Por Jornalismo IOC05/10/2010 - Atualizado em 10/12/2019

O encastelamento é o caminho adotado por muitos pesquisadores que alçam o posto de expoentes científicos em suas áreas. O virologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Hermann Schatzmayr, morto em junho deste ano, não fazia esse tipo: um dos mais conceituados especialistas da área no país, ele não abria mão de compartilhar seu conhecimento com jovens pesquisadores, ainda em formação.

 Peter Illicciev

 

 Alunos de Medicina Tropical do IOC assistem palestra sobre poxvírus, tema estudado por Hermann Schatzmayr


Exemplo desse compromisso é que Hermann preparou toda a disciplina de Virologia oferecida no programa de pós-graduação em Medicina Tropical do IOC. Morreu antes das aulas serem iniciadas – os estudantes ganharam um curso todo planejado por ele, mas perderam a oportunidade de ficar frente a frente com o professor famoso. Na última sexta-feira, 01/10, durante o encerramento da disciplina, o mestre ausente recebeu uma homenagem.

A pesquisadora Elba Lemos, coorganizadora da disciplina com Hermann, destacou que o especialista desenvolveu trabalhos relevantes em diversas temáticas da Virologia. A trajetória científica de Hermann acompanhou a própria trajetória das doenças virais no país: dedicou-se ao estudo da varíola, poliomielite, dengue e, mais recentemente, investigava a ocorrência de casos de poxvírus.

 Peter Ilicciev

 

 Luis Fernando Ferreira: "A minha função era não atrapalhar: deixar o Hermann fazer aquilo que ele sabia fazer"


A pesquisadora do IOC Monika Barth, viúva de Hermann e sua parceira em estudos científicos, apresentou resultados justamente neste tema. Os poxvírus identificados até o momento no Brasil são linhagens de vírus semelhantes ao vírus vaccínia, com ocorrência comprovada em 12 Estados brasileiros. “Em seus trabalhos, Hermann demonstrou que se trata de uma zoonose em franca expansão, cujo ciclo de transmissão ainda não é bem estabelecido. Ele indicou uma série de caminhos de investigação a serem seguidos, que estamos trilhando”, pontuou.

Também esteve presente na homenagem o professor Luis Fernando Ferreira, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Ele falou sobre o período em que trabalhou com Hermann, nos anos 70. O virologista havia retornado da Alemanha, onde concluíra o doutoramento. “Combinamos, eu e Hermann, que montaríamos o setor de Virologia na Ensp. A minha função era não atrapalhar: deixar o Hermann fazer aquilo que ele sabia fazer”, disse. “Ficou uma saudade enorme, mas ficou também a escola de Hermann Schatzmayr”, concluiu, fazendo menção às gerações de cientistas formadas pelo virologista.
 
O pesquisador do IOC José Rodrigues Coura descreveu o episódio em que, a partir de um breve relato de uma situação-problema, Hermann levantou a suspeita de um caso de contaminação da imunoglobulina usada para prevenção de hepatite B. Mais tarde a hipótese seria comprovada, inclusive acarretando a retirada do produto de comercialização.
 
Genilton Vieira, do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC, apresentou uma filmagem em que Hermann relata sua trajetória, sobretudo o início dos trabalhos em dengue. A homenagem foi encerrada com uma performance de voz e violino dos Irmãos Lucena.

Leia depoimento do pesquisador, concedido em maio de 2010, nas comemorações dos 110 anos do IOC.

05/10/2010


Hermann Schatzmayr, virologista do IOC morto em junho deste ano, foi lembrado no encerramento da disciplina de Virologia, na Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto. O curso havia sido planejado pelo pesquisador
Por: 
jornalismo

O encastelamento é o caminho adotado por muitos pesquisadores que alçam o posto de expoentes científicos em suas áreas. O virologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Hermann Schatzmayr, morto em junho deste ano, não fazia esse tipo: um dos mais conceituados especialistas da área no país, ele não abria mão de compartilhar seu conhecimento com jovens pesquisadores, ainda em formação.

 Peter Illicciev

 

 Alunos de Medicina Tropical do IOC assistem palestra sobre poxvírus, tema estudado por Hermann Schatzmayr



Exemplo desse compromisso é que Hermann preparou toda a disciplina de Virologia oferecida no programa de pós-graduação em Medicina Tropical do IOC. Morreu antes das aulas serem iniciadas – os estudantes ganharam um curso todo planejado por ele, mas perderam a oportunidade de ficar frente a frente com o professor famoso. Na última sexta-feira, 01/10, durante o encerramento da disciplina, o mestre ausente recebeu uma homenagem.



A pesquisadora Elba Lemos, coorganizadora da disciplina com Hermann, destacou que o especialista desenvolveu trabalhos relevantes em diversas temáticas da Virologia. A trajetória científica de Hermann acompanhou a própria trajetória das doenças virais no país: dedicou-se ao estudo da varíola, poliomielite, dengue e, mais recentemente, investigava a ocorrência de casos de poxvírus.


 Peter Ilicciev

 

 Luis Fernando Ferreira: "A minha função era não atrapalhar: deixar o Hermann fazer aquilo que ele sabia fazer"



A pesquisadora do IOC Monika Barth, viúva de Hermann e sua parceira em estudos científicos, apresentou resultados justamente neste tema. Os poxvírus identificados até o momento no Brasil são linhagens de vírus semelhantes ao vírus vaccínia, com ocorrência comprovada em 12 Estados brasileiros. “Em seus trabalhos, Hermann demonstrou que se trata de uma zoonose em franca expansão, cujo ciclo de transmissão ainda não é bem estabelecido. Ele indicou uma série de caminhos de investigação a serem seguidos, que estamos trilhando”, pontuou.



Também esteve presente na homenagem o professor Luis Fernando Ferreira, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Ele falou sobre o período em que trabalhou com Hermann, nos anos 70. O virologista havia retornado da Alemanha, onde concluíra o doutoramento. “Combinamos, eu e Hermann, que montaríamos o setor de Virologia na Ensp. A minha função era não atrapalhar: deixar o Hermann fazer aquilo que ele sabia fazer”, disse. “Ficou uma saudade enorme, mas ficou também a escola de Hermann Schatzmayr”, concluiu, fazendo menção às gerações de cientistas formadas pelo virologista.

 

O pesquisador do IOC José Rodrigues Coura descreveu o episódio em que, a partir de um breve relato de uma situação-problema, Hermann levantou a suspeita de um caso de contaminação da imunoglobulina usada para prevenção de hepatite B. Mais tarde a hipótese seria comprovada, inclusive acarretando a retirada do produto de comercialização.

 

Genilton Vieira, do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC, apresentou uma filmagem em que Hermann relata sua trajetória, sobretudo o início dos trabalhos em dengue. A homenagem foi encerrada com uma performance de voz e violino dos Irmãos Lucena.

Leia depoimento do pesquisador, concedido em maio de 2010, nas comemorações dos 110 anos do IOC.



05/10/2010



Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)