Parte do programa global para erradicação da poliomielite, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acionou laboratórios de diversas instituições em todo o mundo para mapear as instituições que armazenam o poliovírus ou amostras clínicas coletadas em momentos de circulação da doença e que potencialmente podem conter o agente. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), referência nacional no tema para o Ministério da Saúde e em âmbito internacional para a OMS, é uma das unidades brasileiras incluídas na iniciativa.
O Laboratório de Enterovírus do IOC teve participação decisiva no processo de erradicação da doença: detectou, em 1986, que um surto de pólio no Nordeste era causado pelo subtipo III do vírus, auxiliando no desenvolvimento de uma nova formulação para a vacina, que foi adotada pela OMS.
Foto: Gutemberg Brito
O Laboratório de Enterovírus do IOC é responsável pela coordenação de uma rede de laboratórios que atua no diagnóstico da doença
No processo de erradicação da poliomielite, o mapeamento que está sendo realizado globalmente é fundamental para implantar ações de contenção para que não haja risco de que o agente saia dos laboratórios onde está armazenado e volte a circular no ambiente. Em 2004, o Laboratório do IOC já havia participado de uma iniciativa similar.
A partir do momento em que a maioria dos países recebe a certificação de erradicação da poliomielite, o poliovírus passa a existir somente em laboratórios que desenvolvem pesquisas ou que armazenam amostras clínicas que possam conter o vírus”, explica Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC, ressaltando que o laboratório possui todas as condições de biossegurança necessárias para armazenamento do vírus.
O programa segue o modelo utilizado na década de 1970 no esforço de erradicação da varíola. Única doença considerada erradicada no mundo, a varíola teve o último caso registrado em 1975. Uma importante diferença, Edson ressalta, é que, naquele momento, o número de instituições de pesquisa e de laboratórios que abrigavam amostras do vírus ou amostras clínicas onde o vírus pudesse estar presente era significativamente menor.
Para o pesquisador, a iniciativa é fundamental para a contenção do poliovírus em países onde a doença já foi erradicada. “Se mantidos em ambientes refrigerados, estes vírus resistem por um longo período de tempo ainda com potencial de contaminação”, o especialista ressalta. Como o vírus não circula mais no país, o Laboratório de Enterovírus do IOC realiza estudos moleculares para que, no caso de ressurgimento, seja possível identificar se trata-se de uma cepa que já circulou no país ou vinda de fora.
Foto: Gutemberg Brito
Estudos moleculares são realizados para que, no caso de ressurgimento do vírus, seja possível identificar se trata-se de uma cepa que já circulou no país ou vinda de fora
Renata Fontoura
20/06/08
.
Parte do programa global para erradicação da poliomielite, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acionou laboratórios de diversas instituições em todo o mundo para mapear as instituições que armazenam o poliovírus ou amostras clínicas coletadas em momentos de circulação da doença e que potencialmente podem conter o agente. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), referência nacional no tema para o Ministério da Saúde e em âmbito internacional para a OMS, é uma das unidades brasileiras incluídas na iniciativa.
O Laboratório de Enterovírus do IOC teve participação decisiva no processo de erradicação da doença: detectou, em 1986, que um surto de pólio no Nordeste era causado pelo subtipo III do vírus, auxiliando no desenvolvimento de uma nova formulação para a vacina, que foi adotada pela OMS.
Foto: Gutemberg Brito
O Laboratório de Enterovírus do IOC é responsável pela coordenação de uma rede de laboratórios que atua no diagnóstico da doença
No processo de erradicação da poliomielite, o mapeamento que está sendo realizado globalmente é fundamental para implantar ações de contenção para que não haja risco de que o agente saia dos laboratórios onde está armazenado e volte a circular no ambiente. Em 2004, o Laboratório do IOC já havia participado de uma iniciativa similar.
A partir do momento em que a maioria dos países recebe a certificação de erradicação da poliomielite, o poliovírus passa a existir somente em laboratórios que desenvolvem pesquisas ou que armazenam amostras clínicas que possam conter o vírus”, explica Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC, ressaltando que o laboratório possui todas as condições de biossegurança necessárias para armazenamento do vírus.
O programa segue o modelo utilizado na década de 1970 no esforço de erradicação da varíola. Única doença considerada erradicada no mundo, a varíola teve o último caso registrado em 1975. Uma importante diferença, Edson ressalta, é que, naquele momento, o número de instituições de pesquisa e de laboratórios que abrigavam amostras do vírus ou amostras clínicas onde o vírus pudesse estar presente era significativamente menor.
Para o pesquisador, a iniciativa é fundamental para a contenção do poliovírus em países onde a doença já foi erradicada. “Se mantidos em ambientes refrigerados, estes vírus resistem por um longo período de tempo ainda com potencial de contaminação”, o especialista ressalta. Como o vírus não circula mais no país, o Laboratório de Enterovírus do IOC realiza estudos moleculares para que, no caso de ressurgimento, seja possível identificar se trata-se de uma cepa que já circulou no país ou vinda de fora.
Foto: Gutemberg Brito
Estudos moleculares são realizados para que, no caso de ressurgimento do vírus, seja possível identificar se trata-se de uma cepa que já circulou no país ou vinda de fora
No Brasil, o último caso de poliomielite causado por vírus selvagem ocorreu em 1989. O país recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite em dezembro de 1994. O último caso de poliomielite no continente americano foi registrado no Peru, em 1991. O caso foi diagnosticado pelo Laboratório de Enterovírus do IOC, onde a amostra está armazenada. Três anos depois, o continente foi o primeiro a receber a certificação que atestou a erradicação da doença.
Campanhas nacionais de imunização são realizadas anualmente no país. Em 2008, a mobilização aconteceu no último dia 14 de junho e, de acordo com o balanço parcial do Ministério da Saúde, 69% das crianças brasileiras menores de cinco anos foram vacinadas contra a doença, conhecida como paralisia infantil.
O processo de erradicação global da doença está adiantado, porém, a doença ainda ocorre na Índia, Nigéria, Afeganistão e Paquistão, países que submetidos a situações de conflito ou que apresentam condições precárias de saneamento, Edson Elias finaliza. Por isso, é preciso que os pais não deixem de levar seus filhos aos postos de saúde para receber a vacina. Quem perdeu a data da campanha nacional de vacinação contra a pólio pode solicitar a dose em postos de saúde. Todas as crianças até 5 anos devem tomar a gotinha, que não tem efeitos colaterais.
Renata Fontoura
20/06/08
.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)