Entre os dias 24 e 26 de agosto, Manaus será palco de uma reunião para discutir, avaliar e planejar o Programa Nacional de Eliminação da Oncocercose. A doença parasitária atinge a população indígena Yanomami, na região do Amazonas, especialmente em Roraima. O encontro tem como objetivo estabelecer metas para erradicar a doença do país. Por meio de acordo definido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México e Venezuela, países que integram a OEPA, assumiram o compromisso de eliminar a doença nas Américas até 2012.
Edvaldo Yanomami
Pesquisadores do IOC deslocam-se para a Terra Indígena Yanomami para conduzir os esforços de eliminação da doença no âmbito do programa do Ministério da Saúde
Participam representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), da Secretaria Especial para a Saúde Indígena (SESAI), do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (DESAI/FUNASA), do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do Instituto Oswaldo Cruz (LSO/IOC/Fiocruz), da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC), da Organização não governamental Missão Evangélica Caiuã e do Programa de Eliminação da Oncocercose para as Américas (Oepa). O evento é coordenado pela SVS/MS, que neste ano contou com a organização da Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose.
O foco da doença em território brasileiro é considerado o mais isolado do continente americano. Situado na Região Amazônica, na fronteira com a Venezuela, o local forma um foco binacional com área contínua de aproximadamente 192 mil km². Os indígenas estão distribuídos em aproximadamente 200 comunidades, divididas em 28 pólos-base que compunham originalmente o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Pelo menos duas vezes ao ano, a população recebe a ivermectina (medicação indicada para tratamento da doença) e acompanhamento médico. Nestes períodos, os pesquisadores do IOC deslocam-se para a Terra Indígena Yanomami para conduzir os esforços de eliminação da doença no âmbito do programa do Ministério da Saúde, participando dos trabalhos voltados para vigilância da infecção pelo Onchocerca volvulus, agente causador da oncocercose. Segundo a chefe do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC e coordenadora do serviço de referência nacional sobre o tema, Marilza Herzog, a difícil localização da área representa um importante obstáculo para o programa nacional de eliminação da doença.
“A área dos Yanomami fica em um lugar muito isolado, o que dificulta a realização do trabalho de vigilância ambiental e de saúde. Em alguns locais, só é possível chegar de barco ou avião para atingir a população que está estimada em 17 mil índios, dos quais cerca de 10 mil vivem sob risco de infecção”, esclarece a pesquisadora. O desempenho do Programa, seu contexto, as dificuldades e soluções obtidas no período 2009-2010 serão avaliados durante o evento.
Marilza Herzog destaca que o encontro busca unir esforços com todas as instituições do Ministério da Saúde para que a meta seja atingida dentro do prazo estabelecido. “Esta reunião visa aproximar todos os representantes do Ministério da Saúde que trabalham no Programa Nacional de Eliminação da Oncocercose, a fim de estabelecer estratégias de atuação futuras, no que se refere às atividades de intensificação dos tratamentos coletivos. Outro objetivo é fortalecer a integração interinstitucional e a sustentabilidade para que possamos melhorar o empenho do programa e atingir o objetivo de erradicar a oncocercose do Brasil até 2012”, afirma.
Dentre os principais temas a serem debatidos estão “A política atual de atenção à saúde indígena”, “Análise da situação epidemiológica no Foco de Oncocercose do Brasil”, “Educação em Saúde e o projeto de Eliminação da Oncocercose”, “Analisar as alternativas para acelerar a interrupção da transmissão”, “Avaliações entomológicas”, “Plano de Avaliações Epidemiológicas a serem realizadas em comunidades sentinelas e extra-sentinelas”.
Sobre a Oncocercose
Descoberta primeiramente na África, em 1875, aonde tomou uma proporção de doença endêmica, a oncocercose teve sua transmissão desvendada apenas em 1926, e seu primeiro caso no Novo Mundo se deu no ano de 1915 na Guatemala. Foram detectados casos no México, Colômbia e Venezuela antes de chegar ao Brasil, em 1967. Atualmente, dos 18 milhões de infectados no mundo, 99% localizam-se na África, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.
A oncocercose é uma doença parasitária causada pela filária Onchocerca volvulus que se desenvolve por até 15 anos e gera adultos de até 80 cm, quando fêmeas, no corpo do hospedeiro humano. Transmitida por meio da picada de mosquitos do gênero Simulium, popularmente conhecidos como borrachudos, essa parasitose é raramente letal, porém segue como a segunda causadora de cegueira infecciosa na África, já que esse sintoma ainda não atingiu outras regiões. Essa cegueira é causada por uma reação inflamatória contra o parasita e, a partir desse fato, a oncocercose passou a ser conhecida como “cegueira dos rios”.
23/08/2010
Cristiane Albuquerque
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Entre os dias 24 e 26 de agosto, Manaus será palco de uma reunião para discutir, avaliar e planejar o Programa Nacional de Eliminação da Oncocercose. A doença parasitária atinge a população indígena Yanomami, na região do Amazonas, especialmente em Roraima. O encontro tem como objetivo estabelecer metas para erradicar a doença do país. Por meio de acordo definido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México e Venezuela, países que integram a OEPA, assumiram o compromisso de eliminar a doença nas Américas até 2012.
Edvaldo Yanomami
Pesquisadores do IOC deslocam-se para a Terra Indígena Yanomami para conduzir os esforços de eliminação da doença no âmbito do programa do Ministério da Saúde
Participam representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), da Secretaria Especial para a Saúde Indígena (SESAI), do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (DESAI/FUNASA), do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do Instituto Oswaldo Cruz (LSO/IOC/Fiocruz), da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC), da Organização não governamental Missão Evangélica Caiuã e do Programa de Eliminação da Oncocercose para as Américas (Oepa). O evento é coordenado pela SVS/MS, que neste ano contou com a organização da Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose.
O foco da doença em território brasileiro é considerado o mais isolado do continente americano. Situado na Região Amazônica, na fronteira com a Venezuela, o local forma um foco binacional com área contínua de aproximadamente 192 mil km². Os indígenas estão distribuídos em aproximadamente 200 comunidades, divididas em 28 pólos-base que compunham originalmente o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Pelo menos duas vezes ao ano, a população recebe a ivermectina (medicação indicada para tratamento da doença) e acompanhamento médico. Nestes períodos, os pesquisadores do IOC deslocam-se para a Terra Indígena Yanomami para conduzir os esforços de eliminação da doença no âmbito do programa do Ministério da Saúde, participando dos trabalhos voltados para vigilância da infecção pelo Onchocerca volvulus, agente causador da oncocercose. Segundo a chefe do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC e coordenadora do serviço de referência nacional sobre o tema, Marilza Herzog, a difícil localização da área representa um importante obstáculo para o programa nacional de eliminação da doença.
“A área dos Yanomami fica em um lugar muito isolado, o que dificulta a realização do trabalho de vigilância ambiental e de saúde. Em alguns locais, só é possível chegar de barco ou avião para atingir a população que está estimada em 17 mil índios, dos quais cerca de 10 mil vivem sob risco de infecção”, esclarece a pesquisadora. O desempenho do Programa, seu contexto, as dificuldades e soluções obtidas no período 2009-2010 serão avaliados durante o evento.
Marilza Herzog destaca que o encontro busca unir esforços com todas as instituições do Ministério da Saúde para que a meta seja atingida dentro do prazo estabelecido. “Esta reunião visa aproximar todos os representantes do Ministério da Saúde que trabalham no Programa Nacional de Eliminação da Oncocercose, a fim de estabelecer estratégias de atuação futuras, no que se refere às atividades de intensificação dos tratamentos coletivos. Outro objetivo é fortalecer a integração interinstitucional e a sustentabilidade para que possamos melhorar o empenho do programa e atingir o objetivo de erradicar a oncocercose do Brasil até 2012”, afirma.
Dentre os principais temas a serem debatidos estão “A política atual de atenção à saúde indígena”, “Análise da situação epidemiológica no Foco de Oncocercose do Brasil”, “Educação em Saúde e o projeto de Eliminação da Oncocercose”, “Analisar as alternativas para acelerar a interrupção da transmissão”, “Avaliações entomológicas”, “Plano de Avaliações Epidemiológicas a serem realizadas em comunidades sentinelas e extra-sentinelas”.
Sobre a Oncocercose
Descoberta primeiramente na África, em 1875, aonde tomou uma proporção de doença endêmica, a oncocercose teve sua transmissão desvendada apenas em 1926, e seu primeiro caso no Novo Mundo se deu no ano de 1915 na Guatemala. Foram detectados casos no México, Colômbia e Venezuela antes de chegar ao Brasil, em 1967. Atualmente, dos 18 milhões de infectados no mundo, 99% localizam-se na África, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.
A oncocercose é uma doença parasitária causada pela filária Onchocerca volvulus que se desenvolve por até 15 anos e gera adultos de até 80 cm, quando fêmeas, no corpo do hospedeiro humano. Transmitida por meio da picada de mosquitos do gênero Simulium, popularmente conhecidos como borrachudos, essa parasitose é raramente letal, porém segue como a segunda causadora de cegueira infecciosa na África, já que esse sintoma ainda não atingiu outras regiões. Essa cegueira é causada por uma reação inflamatória contra o parasita e, a partir desse fato, a oncocercose passou a ser conhecida como “cegueira dos rios”.
23/08/2010
Cristiane Albuquerque
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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)