O Ambulatório Souza Araújo, Unidade Assistencial que presta atendimento a pacientes de Hanseníase do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), acaba de receber o Certificado de Acreditação Internacional pela Joint Commission International (JCI), maior e mais antiga comissão acreditadora dos Estados Unidos, por meio do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA).
Com o título, o Ambulatório, que atua junto ao Ministério da Saúde (MS), passa a ser reconhecido como o primeiro centro brasileiro especializado em hanseníase a atuar alinhado aos padrões de excelência internacional.
Para marcar o evento, a chefe do Laboratório, Euzenir Sarno, ministrou uma conferência na edição do Centro de Estudos desta sexta-feira (30/05), com a presença do diretor do IOC, Wilson Savino.
No encontro, a pesquisadora traçou um histórico da Hanseníase no Brasil, contextualizando a formação do Laboratório e do Ambulatório Souza Araújo. O momento marcou o descerramento da placa que marca a concretização do processo de acreditação.
“O Ambulatório atua cada vez mais voltado para atendimentos de casos complexos, prestamos auxílio a unidades de saúde de diferentes estados do país. Hoje, temos o reconhecimento da posição de referência do Ambulatório, o que mostra que estamos no caminho certo”, destacou.
Acreditação é um reconhecimento formal de que uma unidade de saúde apresenta um padrão de excelência internacional em qualidade e serviço
Para as instituições de saúde, a acreditação é um mecanismo de avaliação da qualidade e da segurança do atendimento ao paciente. Dessa forma, são utilizados padrões rigorosos que seguem normas internacionais.
Os ambulatórios, por sua vez, são avaliados em todas as suas especificidades: gestão, ensino e assistência. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia, que tem uma população consideravelmente superior.
O processo foi coordenado pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel. Para o vice-presidente, no âmbito da Fiocruz, o Souza Araújo pode inspirar outras unidades na busca pelo certificado.
“A acreditação contribui para um processo contínuo de melhoria dos espaços da Fiocruz. O Ambulatório passa a fazer parte de um conjunto de unidades que já são reconhecidas por sua qualidade por meio de acreditações, como o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) e o Serviço de Referência Nacional em Filariose do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco)”, afirma.
“A acreditação não é vitalícia, é um certificado que passa a ser reavaliado periodicamente. Para mantê-lo é preciso que a unidade conserve seus padrões de atendimento, gerando uma busca permanente pela qualificação da atenção à saúde no ambulatório”, ressalta.
De acordo com a vice-diretora de Serviços de Referência e Coleções Biológicas do IOC, Eliane Veiga, a acreditação reforça e garante a qualidade do serviço.
“Esta conquista revigora o esforço de garantir a assistência aos pacientes de forma ímpar, e proporcionar a atualização constante para as equipes”, ressalta. Já Euzenir Sarno, destaca que a certificação ratifica o cumprimento da missão do Ambulatório na assistência aos pacientes, alinhado às normas de qualidade e de bem-estar. “Este reconhecimento reflete o empenho da equipe em realizar suas atividades direcionadas à segurança, à qualidade e ao aperfeiçoamento contínuo dos processos de cuidado ao paciente”, comemora.
Múltiplas vocações
O Ambulatório Souza Araújo agrega atividades de Assistência, Referência, Pesquisa e Ensino em um só lugar. Vinculado ao Ministério da Saúde, é integrado ao Laboratório de Hanseníase do IOC.
Desde 1976, são oferecidos para a população importantes serviços de educação em saúde, diagnóstico, tratamento e prevenção do agravo. Segundo Euzenir, a integração é um dos principais fatores para o sucesso do tratamento.
“Nós desenvolvemos atividades de pesquisa clínica e epidemiológica com o objetivo de investigar o comportamento da doença, bem como as melhores formas de assistência. Por outro lado, o diferencial é o trabalho intensivo de educação em saúde com pacientes e familiares, o que tende a aumentar o controle da doença”, afirma.
Uma das características da hanseníase é o contágio a partir do contato contínuo com pessoas mais próximas, nesse sentido, este trabalho visa reduzir as chances de transmissão da doença.
Passo a passo
O caminho para a acreditação do Souza Araújo teve início em 2008, a partir da aprovação do Ministério da Saúde, e contou com o apoio do Hospital Samaritano de São Paulo.
O objetivo foi implantar modelos de gestão assistencial, com base nos padrões do manual de Acreditação Internacional da JCI.
A obtenção do certificado foi resultado de um longo trabalho em equipe: conduzido por Euzenir Sarno e acompanhado pela enfermeira do Ambulatório, Nádia Duppre.
O processo avaliativo contou com um conjunto de padrões de acreditação internacional para cuidados ambulatoriais que envolveram desde o cumprimento das metas internacionais de segurança, passando pelo cuidado ao paciente até o gerenciamento de recursos humanos.
“O Souza Araújo recebeu seis visitas de membros da comissão acreditadora e todas essas fases foram importantes para a construção de uma assistência segura e de qualidade. As etapas sistêmicas e de gestão demandaram mais esforços e adequação por parte da equipe”, afirma Nádia.
No processo de acreditação, uma equipe externa composta por médicos, enfermeiros e administradores avalia a instituição in loco, periodicamente, com base em padrões aplicáveis, predeterminados e publicados.
Após se candidatar, a unidade de saúde recebe uma vistoria do CBA, chamada Visita de Educação Diagnóstica, na qual os pontos de avaliação são classificados em três níveis segundo o grau de adequação encontrado.
A partir desse resultado, a unidade traça planos de trabalho em busca de correções e ajustes para alcançar o máximo possível de conformidades.
O próximo passo é a visita final de avaliadores internacionais que verificam a segurança do paciente e dos profissionais com relação à assistência e a qualidade do espaço físico.
A divulgação do resultado depende do relatório encaminhado por essa equipe para a JCI e o título é entregue de acordo com o cumprimento das metas.
A hanseníase
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele.
A transmissão acontece a partir do contato direto com a pessoa doente que ainda não deu início ao tratamento.
A evolução do agravo depende de características particulares do sistema imunológico da pessoa infectada.
Os principais sintomas são dormências; dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; lesões na pele (caroços e placas pelo corpo) com alteração da sensibilidade e áreas da pele com alteração da sensibilidade mesmo sem lesão aparente; e diminuição da força muscular.
A hanseníase tem cura: o tratamento, denominado poliquimioterapia, é constituído pela associação de antibióticos e dura de seis a doze meses. A partir do momento de início do tratamento, a transmissão é interrompida.
O Ambulatório Souza Araújo, Unidade Assistencial que presta atendimento a pacientes de Hanseníase do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), acaba de receber o Certificado de Acreditação Internacional pela Joint Commission International (JCI), maior e mais antiga comissão acreditadora dos Estados Unidos, por meio do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA).
Com o título, o Ambulatório, que atua junto ao Ministério da Saúde (MS), passa a ser reconhecido como o primeiro centro brasileiro especializado em hanseníase a atuar alinhado aos padrões de excelência internacional.
Para marcar o evento, a chefe do Laboratório, Euzenir Sarno, ministrou uma conferência na edição do Centro de Estudos desta sexta-feira (30/05), com a presença do diretor do IOC, Wilson Savino.
No encontro, a pesquisadora traçou um histórico da Hanseníase no Brasil, contextualizando a formação do Laboratório e do Ambulatório Souza Araújo. O momento marcou o descerramento da placa que marca a concretização do processo de acreditação.
“O Ambulatório atua cada vez mais voltado para atendimentos de casos complexos, prestamos auxílio a unidades de saúde de diferentes estados do país. Hoje, temos o reconhecimento da posição de referência do Ambulatório, o que mostra que estamos no caminho certo”, destacou.
Acreditação é um reconhecimento formal de que uma unidade de saúde apresenta um padrão de excelência internacional em qualidade e serviçoPara as instituições de saúde, a acreditação é um mecanismo de avaliação da qualidade e da segurança do atendimento ao paciente. Dessa forma, são utilizados padrões rigorosos que seguem normas internacionais.
Os ambulatórios, por sua vez, são avaliados em todas as suas especificidades: gestão, ensino e assistência. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia, que tem uma população consideravelmente superior.
O processo foi coordenado pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel. Para o vice-presidente, no âmbito da Fiocruz, o Souza Araújo pode inspirar outras unidades na busca pelo certificado.
“A acreditação contribui para um processo contínuo de melhoria dos espaços da Fiocruz. O Ambulatório passa a fazer parte de um conjunto de unidades que já são reconhecidas por sua qualidade por meio de acreditações, como o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) e o Serviço de Referência Nacional em Filariose do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco)”, afirma.
“A acreditação não é vitalícia, é um certificado que passa a ser reavaliado periodicamente. Para mantê-lo é preciso que a unidade conserve seus padrões de atendimento, gerando uma busca permanente pela qualificação da atenção à saúde no ambulatório”, ressalta.
De acordo com a vice-diretora de Serviços de Referência e Coleções Biológicas do IOC, Eliane Veiga, a acreditação reforça e garante a qualidade do serviço.
“Esta conquista revigora o esforço de garantir a assistência aos pacientes de forma ímpar, e proporcionar a atualização constante para as equipes”, ressalta. Já Euzenir Sarno, destaca que a certificação ratifica o cumprimento da missão do Ambulatório na assistência aos pacientes, alinhado às normas de qualidade e de bem-estar. “Este reconhecimento reflete o empenho da equipe em realizar suas atividades direcionadas à segurança, à qualidade e ao aperfeiçoamento contínuo dos processos de cuidado ao paciente”, comemora.
Múltiplas vocações
O Ambulatório Souza Araújo agrega atividades de Assistência, Referência, Pesquisa e Ensino em um só lugar. Vinculado ao Ministério da Saúde, é integrado ao Laboratório de Hanseníase do IOC.
Desde 1976, são oferecidos para a população importantes serviços de educação em saúde, diagnóstico, tratamento e prevenção do agravo. Segundo Euzenir, a integração é um dos principais fatores para o sucesso do tratamento.
“Nós desenvolvemos atividades de pesquisa clínica e epidemiológica com o objetivo de investigar o comportamento da doença, bem como as melhores formas de assistência. Por outro lado, o diferencial é o trabalho intensivo de educação em saúde com pacientes e familiares, o que tende a aumentar o controle da doença”, afirma.
Uma das características da hanseníase é o contágio a partir do contato contínuo com pessoas mais próximas, nesse sentido, este trabalho visa reduzir as chances de transmissão da doença.
Passo a passo
O caminho para a acreditação do Souza Araújo teve início em 2008, a partir da aprovação do Ministério da Saúde, e contou com o apoio do Hospital Samaritano de São Paulo.
O objetivo foi implantar modelos de gestão assistencial, com base nos padrões do manual de Acreditação Internacional da JCI.
A obtenção do certificado foi resultado de um longo trabalho em equipe: conduzido por Euzenir Sarno e acompanhado pela enfermeira do Ambulatório, Nádia Duppre.
O processo avaliativo contou com um conjunto de padrões de acreditação internacional para cuidados ambulatoriais que envolveram desde o cumprimento das metas internacionais de segurança, passando pelo cuidado ao paciente até o gerenciamento de recursos humanos.
“O Souza Araújo recebeu seis visitas de membros da comissão acreditadora e todas essas fases foram importantes para a construção de uma assistência segura e de qualidade. As etapas sistêmicas e de gestão demandaram mais esforços e adequação por parte da equipe”, afirma Nádia.
No processo de acreditação, uma equipe externa composta por médicos, enfermeiros e administradores avalia a instituição in loco, periodicamente, com base em padrões aplicáveis, predeterminados e publicados.
Após se candidatar, a unidade de saúde recebe uma vistoria do CBA, chamada Visita de Educação Diagnóstica, na qual os pontos de avaliação são classificados em três níveis segundo o grau de adequação encontrado.
A partir desse resultado, a unidade traça planos de trabalho em busca de correções e ajustes para alcançar o máximo possível de conformidades.
O próximo passo é a visita final de avaliadores internacionais que verificam a segurança do paciente e dos profissionais com relação à assistência e a qualidade do espaço físico.
A divulgação do resultado depende do relatório encaminhado por essa equipe para a JCI e o título é entregue de acordo com o cumprimento das metas.
A hanseníase
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele.
A transmissão acontece a partir do contato direto com a pessoa doente que ainda não deu início ao tratamento.
A evolução do agravo depende de características particulares do sistema imunológico da pessoa infectada.
Os principais sintomas são dormências; dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; lesões na pele (caroços e placas pelo corpo) com alteração da sensibilidade e áreas da pele com alteração da sensibilidade mesmo sem lesão aparente; e diminuição da força muscular.
A hanseníase tem cura: o tratamento, denominado poliquimioterapia, é constituído pela associação de antibióticos e dura de seis a doze meses. A partir do momento de início do tratamento, a transmissão é interrompida.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)