Estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) analisou os conteúdos sobre parasitoses presentes em livros didáticos de biologia e encontrou problemas nos dados utilizados na educação. O trabalho também investigou o conhecimento popular sobre estas doenças e as opiniões sobre materiais informativos. A pesquisadora Valéria Trajano, do Laboratório de Biologia Celular do Instituto, desenvolveu o estudo em sua tese de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, comenta o tema nesta entrevista.
A pesquisa teve várias etapas. Uma das mais importantes foi a avaliação de livros didáticos. Quais os principais resultados encontrados nesta fase?
Avaliamos os capÃtulos referentes à s doenças parasitárias em 9 livros didáticos de biologia aprovados pelo Programa Nacional de Livros Didáticos do Ensino Médio para 2007 do Ministério da Educação. A análise foi realizada com foco na discussão atual da área de saúde em torno dos determinantes sociais no processo saúde e doença, que coloca a saúde como um produto cultural, resultado da relação do indivÃduo como o meio onde vive. Além de alguns erros em relação à qualidade da informação, verificamos que os autores mantêm um discurso sanitarista, unidirecional e determinista da saúde, que pouco contribui para a formação de um indivÃduo capaz de opinar nas questões relacionadas à saúde, como almeja o ensino de ciências atual.
Então a proposta seria uma reformulação nos capÃtulos que abordam o tema?
Com base no estudo e para que haja adequação desses livros aos Parâmetros Curriculares Nacionais, propomos uma reformulação visando a correção do conteúdo sobre parasitoses em relação à s informações cientÃficas, a ampliação do conceito de saúde e a introdução do discurso atual da área.
Gutemberg Brito
A chefe do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, Helene Barbosa, foi a orientadora do trabalho da pesquisadora Valéria Trajano
Como foi realizada a avaliação do conteúdo sobre parasitoses nos informativos produzidos na Fiocruz?
A análise dos informativos contou com a participação de um grupo de 135 estudantes dos nÃveis fundamental, médio e superior, que avaliaram as publicações e apontaram falhas e dificuldades em conteúdos que abordavam parasitoses como tema central. Todos os estudantes, inclusive os de ensino superior, que são alunos de cursos ligados à área de saúde, encontraram dificuldades em relação aos impressos. Reclamaram da grande quantidade de termos cientÃficos que dificultam a compreensão de seu conteúdo e da baixa inserção de imagens, que poderiam facilitar o entendimento.
A mudança na forma de produzir as publicações seria uma solução?
A mudança de metodologia na produção das publicações significaria um ganho. O ideal seria produzir estes informativos com a participação do público, utilizando a metodologia da produção compartilhada, sistematizada por um grupo de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Em uma outra abordagem, o estudo também avaliou o nÃvel de conhecimento da população sobre o tema. Como isso foi feito?
O objetivo foi identificar os saberes da população que habita as comunidades do entorno da Fiocruz, na periferia do Rio de Janeiro, sobre doenças parasitárias. Realizamos uma pesquisa durante a edição do Fiocruz para Você em 2005, evento anual que integra a Campanha Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde e recebe milhares de visitantes no campus de Manguinhos.
Quais foram os resultados desta etapa da pesquisa?
A maior contribuição desse trabalho foi a análise crÃtica da produção de material educativo e informativo nas perspectivas de concepções ampliadas do processo saúde-doença. A pesquisa mostrou que 72% do grupo que participou possuÃam parasitoses intestinais. Percebemos que, apesar de possuÃrem o conhecimento sobre o tema, os entrevistados não demonstravam uma mudança de atitude. A maior parte da população do entorno já não freqüenta mais a escola e por isso é necessário alternativas como a criação de oficinas de educação em saúde. A pesquisa mostrou que há interesse por parte dessa população em iniciativas deste tipo
Renata Fontoura
13/08/08
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Estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) analisou os conteúdos sobre parasitoses presentes em livros didáticos de biologia e encontrou problemas nos dados utilizados na educação. O trabalho também investigou o conhecimento popular sobre estas doenças e as opiniões sobre materiais informativos. A pesquisadora Valéria Trajano, do Laboratório de Biologia Celular do Instituto, desenvolveu o estudo em sua tese de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, comenta o tema nesta entrevista.
A pesquisa teve várias etapas. Uma das mais importantes foi a avaliação de livros didáticos. Quais os principais resultados encontrados nesta fase?
Avaliamos os capÃtulos referentes à s doenças parasitárias em 9 livros didáticos de biologia aprovados pelo Programa Nacional de Livros Didáticos do Ensino Médio para 2007 do Ministério da Educação. A análise foi realizada com foco na discussão atual da área de saúde em torno dos determinantes sociais no processo saúde e doença, que coloca a saúde como um produto cultural, resultado da relação do indivÃduo como o meio onde vive. Além de alguns erros em relação à qualidade da informação, verificamos que os autores mantêm um discurso sanitarista, unidirecional e determinista da saúde, que pouco contribui para a formação de um indivÃduo capaz de opinar nas questões relacionadas à saúde, como almeja o ensino de ciências atual.
Então a proposta seria uma reformulação nos capÃtulos que abordam o tema?
Com base no estudo e para que haja adequação desses livros aos Parâmetros Curriculares Nacionais, propomos uma reformulação visando a correção do conteúdo sobre parasitoses em relação à s informações cientÃficas, a ampliação do conceito de saúde e a introdução do discurso atual da área.
 Gutemberg Brito
A chefe do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, Helene Barbosa, foi a orientadora do trabalho da pesquisadora Valéria Trajano
Como foi realizada a avaliação do conteúdo sobre parasitoses nos informativos produzidos na Fiocruz?
A análise dos informativos contou com a participação de um grupo de 135 estudantes dos nÃveis fundamental, médio e superior, que avaliaram as publicações e apontaram falhas e dificuldades em conteúdos que abordavam parasitoses como tema central. Todos os estudantes, inclusive os de ensino superior, que são alunos de cursos ligados à área de saúde, encontraram dificuldades em relação aos impressos. Reclamaram da grande quantidade de termos cientÃficos que dificultam a compreensão de seu conteúdo e da baixa inserção de imagens, que poderiam facilitar o entendimento.
Na sua opinião, quais fatores contribuem para o surgimento dos problemas apontados pelos estudantes?
A falta de direcionamento dos informativos para um público especÃfico é um ponto negativo, pois na comunicação em saúde, a segmentação da audiência é fundamental. Mas, a meu ver, o fator principal é a produção desvinculada do leitor. Vários trabalhos na área de saúde têm demonstrado a importância da produção compartilhada.
A mudança na forma de produzir as publicações seria uma solução?
A mudança de metodologia na produção das publicações significaria um ganho. O ideal seria produzir estes informativos com a participação do público, utilizando a metodologia da produção compartilhada, sistematizada por um grupo de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Em uma outra abordagem, o estudo também avaliou o nÃvel de conhecimento da população sobre o tema. Como isso foi feito?
O objetivo foi identificar os saberes da população que habita as comunidades do entorno da Fiocruz, na periferia do Rio de Janeiro, sobre doenças parasitárias. Realizamos uma pesquisa durante a edição do Fiocruz para Você em 2005, evento anual que integra a Campanha Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde e recebe milhares de visitantes no campus de Manguinhos.
Quais foram os resultados desta etapa da pesquisa?
A maior contribuição desse trabalho foi a análise crÃtica da produção de material educativo e informativo nas perspectivas de concepções ampliadas do processo saúde-doença. A pesquisa mostrou que 72% do grupo que participou possuÃam parasitoses intestinais. Percebemos que, apesar de possuÃrem o conhecimento sobre o tema, os entrevistados não demonstravam uma mudança de atitude. A maior parte da população do entorno já não freqüenta mais a escola e por isso é necessário alternativas como a criação de oficinas de educação em saúde. A pesquisa mostrou que há interesse por parte dessa população em iniciativas deste tipo
Renata Fontoura
13/08/08
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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)