O estudo que analisou mecanismos envolvidos em quadros graves de dengue, desenvolvido durante o doutorado pelo biólogo Eugenio Damaceno Hottz, foi anunciado como um dos vencedores do Prêmio Capes de Teses 2015. Desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisa ‘Mecanismos de Ativação Plaquetária na Dengue: Contribuições para a Patogênese’ foi considerada a melhor tese do ano na categoria Ciências Biológicas II. Também aluno do IOC, o médico Dayvison Francis Saraiva Freitas recebeu uma menção honrosa na categoria Medicina II por seu estudo dedicado à esporotricose, defendido no Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical. O resultado da premiação foi divulgado no dia 31/08.
Eugenio Hottz e Patrícia Bozza, ao lado da coordenadora da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular, Leila de Mendonça Lima, receberam o certificado do Prêmio Capes de Teses. Foto: Haydée Vieira – CCS/Capes
Os dois trabalhos destacados no Prêmio Capes estão entre os sete vencedores do Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto 2015, que foi entregue nesta sexta-feira, 04/09, em cerimônia integrada às ações de greve da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em sua terceira edição, o Prêmio Alexandre Peixoto foi concedido a quatro pesquisas indicadas para o Prêmio Capes de Teses e a três estudos selecionados para disputar o Prêmio Capes-Interfarma de Inovação e Pesquisa. A premiação faz parte das atividades da Semana de Pós-graduação Stricto sensu do IOC.
Vencedora dos Prêmios Capes e Alexandre Peixoto, a tese de Eugenio Hottz traz importantes descobertas sobre o papel das plaquetas durante a infecção por dengue. Componentes do sangue conhecidos pela sua atuação na coagulação, as plaquetas são constantemente monitoradas em pacientes com a doença: uma contagem baixa indica o agravamento da infecção, evoluindo, por exemplo, para um quadro de dengue grave, com sangramentos, aumento da permeabilidade vascular e diminuição da pressão arterial, o que pode levar à morte. Para descobrir exatamente de que forma o vírus da dengue afeta estes componentes do sangue, o biólogo realizou tanto experimentos com plaquetas infectadas in vitro quanto análises de amostras de pacientes. A investigação revelou que as plaquetas liberam substâncias que ativam a resposta inflamatória do organismo contra o patógeno e contribuem para aumentar a permeabilidade dos vasos sanguíneos. Além de apontar para mecanismos moleculares que podem estar por trás dos casos graves da infecção, a pesquisa identificou um processo inédito nas plaquetas: a formação de inflamassoma, uma estrutura importante para a defesa do organismo descrita em leucócitos.
O caráter inovador do trabalho foi ressaltado pela pesquisadora Patrícia Torres Bozza, chefe do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC e orientadora da tese. Ela explica que a redução no número de plaquetas é um dos processos associados à gravidade da dengue. No entanto, a forma como esses componentes do sangue participam da resposta à infecção ainda não tinha sido descrita. “Eugenio sempre foi um aluno diferenciado, com grande capacidade de trabalho e de fazer contribuições originais, que enriqueceram o projeto”, afirma. O estudo contou ainda com a co-orientação do pesquisador Fernando Augusto Bozza, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), e foi desenvolvido parcialmente na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, durante período de doutorado sanduíche.
Antes das premiações, a pesquisa já havia conquistado repercussão no meio acadêmico, com artigos destacados pelas revistas científicas internacionais ‘Blood’ e ‘The journal of Immunology’. Para Eugênio, os resultados do trabalho podem ajudar na busca de novas formas para enfrentar a dengue. “Compreender como uma mesma infecção pode gerar tanto uma forma febril branda quanto formas graves e quais são os eventos moleculares envolvidos nessas diferentes apresentações clínicas pode contribuir para identificar novos alvos terapêuticos e biomarcadores de gravidade, melhorando o manejo clínico da doença”, avalia o autor.
O aumento do número de casos de esporotricose no Rio de Janeiro foi um dos fatores que motivaram Dayvison Freitas, ganhador de menção honrosa no Prêmio Capes de Teses e do Prêmio Alexandre Peixoto, a desenvolver o estudo ‘Avaliação de fatores epidemiológicos, micológicos, clínicos e terapêuticos associados à esporotricose’. Causada por fungos do complexo Sporothrix schenckii, a infecção afeta principalmente gatos, que podem transmitir a doença para pessoas por meio de arranhões e mordidas, além do contato direto com machucados do animal. Nos pacientes, o primeiro sintoma costuma ser o surgimento de lesões na pele, com caroços avermelhados e feridas. Em sua tese de doutorado, Dayvison analisou mais de 3.500 casos de esporotricose registrados nos arquivos do INI/Fiocruz. O levantamento revelou a ocorrência de quadros raros e inéditos e mostrou o impacto da doença em pacientes vulneráveis, especialmente portadores de HIV, que podem desenvolver formas fatais da infecção. “O maior conhecimento sobre as peculiaridades da esporotricose, doença que vem assolando a região metropolitana do Rio de Janeiro, deve ajudar os profissionais de saúde na abordagem diagnóstica. Além disso, com maior conscientização das autoridades responsáveis, acreditamos que a população será mais bem assistida e informada sobre medidas de prevenção e controle do agravo”, avalia o autor.
A investigação contou também com experimentos em laboratório, que apontaram para um possível aumento na virulência dos fungos causadores da esporotricose no Rio de Janeiro e para a capacidade destes patógenos se adaptarem ao organismo dos pacientes, dificultando o tratamento da infecção. A tese foi orientada pela médica Maria Clara Gutierrez Galhardo e co-orientada pela bióloga Rosely Maria Zancopé Oliveira, pesquisadoras do INI/Fiocruz. Maria Clara ressaltou a extensão do estudo realizado. “Foi um trabalho árduo, que chegou a vários resultados importantes. Dayvison demonstrou ter espírito de pesquisador, com a seriedade e a responsabilidade necessárias para a ciência”, disse a orientadora.
A entrega do Prêmio Capes de Teses 2015 ocorreu no dia 10 de dezembro, em Brasília. Os autores das melhores teses em cada uma das 48 áreas de pós-graduação reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) receberam certificado e medalha, além de uma bolsa de estudos para realização de pós-doutorado.
O Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto destaca os melhores trabalhos defendidos nos Programas de Pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A premiação foi criada em 2013 após uma consulta pública à comunidade do Instituto, que escolheu a melhor forma de homenagear o pesquisador Alexandre Peixoto, morto prematuramente, aos 50 anos, em fevereiro daquele ano. Especialista em genética de insetos, o pesquisador era chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos e coordenador do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC. Reconhecido em programas nacionais e internacionais de fomento à pesquisa pela sua produtividade, Alexandre também se destacava pela dedicação à formação de pós-graduandos, que se refletiu no número de orientações realizadas por ele. Durante os cerca de 15 anos em que atuou como pesquisador titular da Fiocruz, o geneticista orientou 18 dissertações de mestrado e o mesmo número de teses de doutorado, sendo que quatro destas estavam em andamento quando ele faleceu.
Os vencedores do Prêmio Alexandre Peixoto são escolhidos pelos Programas de Pós-graduação do IOC. Entre os critérios para seleção são considerados a originalidade do trabalho e sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação do país, entre outros fatores. Na primeira edição do evento, realizada em outubro de 2013, quatro teses foram premiadas. Já no ano passado, três trabalhos receberam a premiação. Em 2015, a seleção contemplou pesquisas indicadas parar disputar o Prêmio Capes-Interfarma de Inovação e Pesquisa, além daquelas escolhidas para recomendação ao Prêmio Capes de Teses.
O estudo que analisou mecanismos envolvidos em quadros graves de dengue, desenvolvido durante o doutorado pelo biólogo Eugenio Damaceno Hottz, foi anunciado como um dos vencedores do Prêmio Capes de Teses 2015. Desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisa ‘Mecanismos de Ativação Plaquetária na Dengue: Contribuições para a Patogênese’ foi considerada a melhor tese do ano na categoria Ciências Biológicas II. Também aluno do IOC, o médico Dayvison Francis Saraiva Freitas recebeu uma menção honrosa na categoria Medicina II por seu estudo dedicado à esporotricose, defendido no Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical. O resultado da premiação foi divulgado no dia 31/08.
Eugenio Hottz e Patrícia Bozza, ao lado da coordenadora da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular, Leila de Mendonça Lima, receberam o certificado do Prêmio Capes de Teses. Foto: Haydée Vieira – CCS/Capes
Os dois trabalhos destacados no Prêmio Capes estão entre os sete vencedores do Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto 2015, que foi entregue nesta sexta-feira, 04/09, em cerimônia integrada às ações de greve da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em sua terceira edição, o Prêmio Alexandre Peixoto foi concedido a quatro pesquisas indicadas para o Prêmio Capes de Teses e a três estudos selecionados para disputar o Prêmio Capes-Interfarma de Inovação e Pesquisa. A premiação faz parte das atividades da Semana de Pós-graduação Stricto sensu do IOC.
Vencedora dos Prêmios Capes e Alexandre Peixoto, a tese de Eugenio Hottz traz importantes descobertas sobre o papel das plaquetas durante a infecção por dengue. Componentes do sangue conhecidos pela sua atuação na coagulação, as plaquetas são constantemente monitoradas em pacientes com a doença: uma contagem baixa indica o agravamento da infecção, evoluindo, por exemplo, para um quadro de dengue grave, com sangramentos, aumento da permeabilidade vascular e diminuição da pressão arterial, o que pode levar à morte. Para descobrir exatamente de que forma o vírus da dengue afeta estes componentes do sangue, o biólogo realizou tanto experimentos com plaquetas infectadas in vitro quanto análises de amostras de pacientes. A investigação revelou que as plaquetas liberam substâncias que ativam a resposta inflamatória do organismo contra o patógeno e contribuem para aumentar a permeabilidade dos vasos sanguíneos. Além de apontar para mecanismos moleculares que podem estar por trás dos casos graves da infecção, a pesquisa identificou um processo inédito nas plaquetas: a formação de inflamassoma, uma estrutura importante para a defesa do organismo descrita em leucócitos.
O caráter inovador do trabalho foi ressaltado pela pesquisadora Patrícia Torres Bozza, chefe do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC e orientadora da tese. Ela explica que a redução no número de plaquetas é um dos processos associados à gravidade da dengue. No entanto, a forma como esses componentes do sangue participam da resposta à infecção ainda não tinha sido descrita. “Eugenio sempre foi um aluno diferenciado, com grande capacidade de trabalho e de fazer contribuições originais, que enriqueceram o projeto”, afirma. O estudo contou ainda com a co-orientação do pesquisador Fernando Augusto Bozza, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), e foi desenvolvido parcialmente na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, durante período de doutorado sanduíche.
Antes das premiações, a pesquisa já havia conquistado repercussão no meio acadêmico, com artigos destacados pelas revistas científicas internacionais ‘Blood’ e ‘The journal of Immunology’. Para Eugênio, os resultados do trabalho podem ajudar na busca de novas formas para enfrentar a dengue. “Compreender como uma mesma infecção pode gerar tanto uma forma febril branda quanto formas graves e quais são os eventos moleculares envolvidos nessas diferentes apresentações clínicas pode contribuir para identificar novos alvos terapêuticos e biomarcadores de gravidade, melhorando o manejo clínico da doença”, avalia o autor.
O aumento do número de casos de esporotricose no Rio de Janeiro foi um dos fatores que motivaram Dayvison Freitas, ganhador de menção honrosa no Prêmio Capes de Teses e do Prêmio Alexandre Peixoto, a desenvolver o estudo ‘Avaliação de fatores epidemiológicos, micológicos, clínicos e terapêuticos associados à esporotricose’. Causada por fungos do complexo Sporothrix schenckii, a infecção afeta principalmente gatos, que podem transmitir a doença para pessoas por meio de arranhões e mordidas, além do contato direto com machucados do animal. Nos pacientes, o primeiro sintoma costuma ser o surgimento de lesões na pele, com caroços avermelhados e feridas. Em sua tese de doutorado, Dayvison analisou mais de 3.500 casos de esporotricose registrados nos arquivos do INI/Fiocruz. O levantamento revelou a ocorrência de quadros raros e inéditos e mostrou o impacto da doença em pacientes vulneráveis, especialmente portadores de HIV, que podem desenvolver formas fatais da infecção. “O maior conhecimento sobre as peculiaridades da esporotricose, doença que vem assolando a região metropolitana do Rio de Janeiro, deve ajudar os profissionais de saúde na abordagem diagnóstica. Além disso, com maior conscientização das autoridades responsáveis, acreditamos que a população será mais bem assistida e informada sobre medidas de prevenção e controle do agravo”, avalia o autor.
A investigação contou também com experimentos em laboratório, que apontaram para um possível aumento na virulência dos fungos causadores da esporotricose no Rio de Janeiro e para a capacidade destes patógenos se adaptarem ao organismo dos pacientes, dificultando o tratamento da infecção. A tese foi orientada pela médica Maria Clara Gutierrez Galhardo e co-orientada pela bióloga Rosely Maria Zancopé Oliveira, pesquisadoras do INI/Fiocruz. Maria Clara ressaltou a extensão do estudo realizado. “Foi um trabalho árduo, que chegou a vários resultados importantes. Dayvison demonstrou ter espírito de pesquisador, com a seriedade e a responsabilidade necessárias para a ciência”, disse a orientadora.
A entrega do Prêmio Capes de Teses 2015 ocorreu no dia 10 de dezembro, em Brasília. Os autores das melhores teses em cada uma das 48 áreas de pós-graduação reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) receberam certificado e medalha, além de uma bolsa de estudos para realização de pós-doutorado.
O Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto destaca os melhores trabalhos defendidos nos Programas de Pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A premiação foi criada em 2013 após uma consulta pública à comunidade do Instituto, que escolheu a melhor forma de homenagear o pesquisador Alexandre Peixoto, morto prematuramente, aos 50 anos, em fevereiro daquele ano. Especialista em genética de insetos, o pesquisador era chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos e coordenador do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC. Reconhecido em programas nacionais e internacionais de fomento à pesquisa pela sua produtividade, Alexandre também se destacava pela dedicação à formação de pós-graduandos, que se refletiu no número de orientações realizadas por ele. Durante os cerca de 15 anos em que atuou como pesquisador titular da Fiocruz, o geneticista orientou 18 dissertações de mestrado e o mesmo número de teses de doutorado, sendo que quatro destas estavam em andamento quando ele faleceu.
Os vencedores do Prêmio Alexandre Peixoto são escolhidos pelos Programas de Pós-graduação do IOC. Entre os critérios para seleção são considerados a originalidade do trabalho e sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação do país, entre outros fatores. Na primeira edição do evento, realizada em outubro de 2013, quatro teses foram premiadas. Já no ano passado, três trabalhos receberam a premiação. Em 2015, a seleção contemplou pesquisas indicadas parar disputar o Prêmio Capes-Interfarma de Inovação e Pesquisa, além daquelas escolhidas para recomendação ao Prêmio Capes de Teses.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)